O “Mil Diabos à Solta” é uma recriação inspirada no que acontecia, noutros tempos, na quarta-feira de cinzas e, apesar do nome, foram bem mais de mil os que quiseram vestir a pele ao diabo e desfilar, pela vila, em procissão, para no fim ver arder a morte. Os jovens vinhaenses asseguram que fazem questão de participar para garantir que a tradição não se perde. “Se não forem os mais jovens a pegar nas tradições dos mais idosos, faz com as tradições desta vila, que é pequenina e do interior, desapareçam”, disse Diogo Rodrigues, a participar pela terceira vez. “Mostra a qualidade daquilo que somos capazes de fazer, as pessoas que somos capazes de juntar e mostra-se, realmente, que são vilas que não estão perdidas nem abandonadas e que há muita tradição por de trás disto”, explicou Xavier Pires. “É uma tradição que traz muita gente a Vinhais, o que é bom porque há muitas pessoas que não conhecem esta vila que é fantástica. É uma festa muito bonita a vir e a participar”, sublinhou Leonardo Queijo.
O ritual tem por base uma procissão, em que se acompanha a morte até à Pedra, local onde as raparigas, que são capturadas ao longo do percursos, são julgadas e purificadas. A procissão foi, este ano, ainda mais cheia de várias recriações teatrais, de forma a explicar o significado dos Diabos e da Morte de Vinhais. Luís Fernandes, presidente da câmara, afirma que os mil diabos têm atraído cada vez mais curiosos e por isso se tem apostado mais na recriação. “Cada vez, ano após ano, há mais gente, pessoas que vêm de vários pontos do país e até de Espanha. Pretendemos a cada ano melhorar e inovar para atrair cada vez mais gente. Pensamos que é importante para o concelho porque as pessoas até já vêm no dia anterior e ficam durante o fim-de-semana. É uma mais valia para atrair turistas para o nosso concelho”.
O cerimonial terminou com a queima da morte. A tradição é cumprida com o adágio popular que dita que quem para a morte olhar, por mais um ano a irá afastar.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves
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