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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 23 de janeiro de 2021

ONGA defendem o que é preciso para a caça ser uma ferramenta de conservação

 Seis organizações conservacionistas aproveitam uma reunião hoje do ministro do Ambiente com o Conselho Nacional da Caça para propor seis alterações para a tornar uma ferramenta de preservação e não de exploração da Natureza.

Veado. Foto: Pixabay

“A Lei da Caça precisa de alterações de fundo”, escrevem, num comunicado enviado hoje à Wilder, seis organizações: Liga para a Protecção da Natureza (LPN), Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, ANP-WWF e GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente) e FAPAS (Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens).

“O perturbador episódio da Quinta da Torre Bela, na Azambuja, desencadeou uma onda de reações de repúdio, transversal a toda a sociedade, que pode hoje começar a ganhar forma e substância na reunião entre o Senhor Ministro do Ambiente e da Ação Climática e o Conselho Nacional da Caça e da Conservação da Fauna.”

A Coligação C6, “antecipando a mais que provável revisão da Lei da Caça”, propõe seis alterações-chave para que a caça “contribua ativamente para a proteção da Natureza”.

Uma das medidas é a obrigação dos planos de gestão cinegética incluírem medidas para manter e melhorar o estado de conservação dos ecossistemas e sua biodiversidade.

“É verdade que já existem bons exemplos disso em Portugal, como as zonas de caça que colaboram em projetos de conservação do lince-ibérico e de aves de rapina no Sudeste Alentejano”, salientam as organizações.

“Mas, infelizmente, estes bons exemplos são exceções, e a única forma de se generalizarem no território é colocar a conservação dos ecossistemas explorados como obrigação na Lei.”

Outra medida importante é definir, nos planos de gestão cinegética, limites máximos diários ao número de animais que cada caçador pode abater. “Para além de evitar espetáculos tristes como o da Quinta da Torre Bela, esta alteração contribuiria para uma gestão focada nos ecossistemas e combateria a intensificação excessiva da produção de certas espécies cinegéticas.”

Rever regularmente a lista de espécies cuja caça é permitida é outra proposta desta Coligação. “Devem, por exemplo, ser excluídas espécies com populações reduzidas ou em declínio. Um caso paradigmático desta situação é a rola brava, cujas populações estão em queda vertiginosa em toda a Europa, ao ponto de ser hoje considerada uma espécie ameaçada. Não faz qualquer sentido caçar espécies nesta situação.”

As organizações de conservação pedem ainda a proibição da caça com chumbo em todo o território nacional. Isto para travar a poluição dos terrenos e zonas húmidas por munições de chumbo. “A toxicidade deste metal é tão elevada que, para evitar a sua acumulação no organismo, a União Europeia (UE) recomenda que ninguém faça mais de três refeições de animais caçados com chumbo por ano.”

Apesar destas munições serem já proibidas em vários países, e de existirem alternativas, continuam a ser lançadas no território europeu 19 mil toneladas de chumbo por ano. A UE proibiu recentemente a utilização das munições de chumbo nas zonas húmidas, mas a nossa legislação deve desde já alinhar com a dos países que já a proibiram em todo o território, como a Dinamarca e a Holanda.

Não menos importante é a necessidade de agravar o quadro penal. “Uma legislação é tremendamente ineficaz se não possuir os meios e mecanismos necessários à sua implementação.”

A ideia seria dissuadir os crimes e contraordenações na caça, “tendo penas administrativas pesadas, como o cancelamento de licenças de zonas de caça, acompanhada da interdição de as restabelecer durante um período prolongado”.

As ONGA denunciam situações onde “a empresa ou a associação que cometeu o crime muda de nome e de NIF e se volta a reestabelecer”.

Mas, para isso, “é também fundamental reforçar muito a capacidade de fiscalização do cumprimento da legislação. O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) atribui licenças de exploração de zonas de caça, mas não tem capacidade para fiscalizar o cumprimento dos seus planos de gestão e exploração. Igualmente grave é a baixíssima capacidade do ICNF e do SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente – GNR) para zelarem, no terreno, pelo respeito da legislação.”

Por último, as organizações pedem a melhoria na formação dos caçadores. “Ao longo das últimas décadas, foi alcançado algum progresso a este nível mas é ainda claramente insuficiente. Deve ser incutido um respeito mais alargado pela Lei e pela Natureza, aliado a campanhas de informação, que permitam que a caça se mova em direção a um cenário de sustentabilidade e conservação dos ecossistemas, e não de ameaça.”

Com estas propostas, as ONGA esperam que a caça, actividade “com grande importância para o dinamismo económico das zonas rurais”, possa “continuar a ser praticada, respeitando os limites da natureza, e que possa contribuir para travar a perda de biodiversidade”.

Helena Geraldes

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