Daí e até à criação do Cine Clube Infantil de Bragança, foi uma longa caminhada mas, abraçada com dedicação e convicção.
Com poucos, ou nenhuns apoios, o Cine Clube começou a dar os primeiros passos.
Os filmes, alugados basicamente aos estúdios Disney, eram projectados no salão do Paço Episcopal (gratuitamente), ou então na Torralta (a pagar). Quando tínhamos possibilidades de "aguentar" os filmes mais uns diazitos, faziamos projecções nas escolas primárias da cidade.
As bobines com os filmes chegavam, invariavelmente, no comboio da uma hora da manhã de Sábado. Uma da manhã era o horário mas, raramente era cumprido pela CP o que implicou algumas "directas" que nos levavam da estação dos comboios até à sala de projecção.
Os associados do Cine Clube, pagavam uma quota de 2$50 por mês tendo direito a assistir a duas sessões por mês gratuitamente.
O Cine Clube chegou a ter à volta de 750 associados, coisa rara mesmo nos tempos que correm em qualquer colectividade de Bragança.
Muitas vezes conseguimos encher por completo o, então, salão da torralta.
Da Direcção do Cine Clube Infantil faziam parte, entre outros dos quais não me lembro o nome: Eu, O Jaime, O Marcelino, O Leonel e o Higino.
Só uma história para entenderem todos como os tempos eram diferentes e a noção de associativismo completamente antagónica aos tempos actuais.
Uma sexta-feira qualquer à noite, o comboio atrasou-se demasiado... chegou a Bragança madrugada adentro de Sábado e não tivemos possibilidades de dormir um bocadinho que fosse.
Fomos, Eu, O Jaime e o Marcelino, directamente com as bobines para a Torralta.
O dinheiro escasseava nos nossos bolsos, como nos bolsos de quase todos.
Quando acabámos de fazer a bilheteira, por nós controlada como seria óbvio..., pensámos em ir tomar um café. O filme estava a rolar e lá fomos ao Príncipe Negro. Connosco ia uma caixa de papelão com o dinheiro da bilheteira. Tomámos 3 cafés. Como chegámos à conclusão que nenhum de nós tinha dinheiro suficiente para pagar os cafés... envergonhados, pagámos com o dinheiro da caixa. à tarde, o dinheiro estava novamente na caixa de papelão quando fomos fazer as contas do dia. Só nós sabíamos qual era a receita e mais ninguém. Mas eram outros tempos, o dinheiro era do Cine Clube e não nosso.
A receita de bilheteira era pouca já que a maioria dos frequentadores eram nossos associados e, consequentemente, a maioria das vezes não pagavam entrada.
Só um pormenor interessante: Para dentro das salas de projecção, só entravam mesmo as crianças...os Papás ficavam lá fora. Se o Papá queria entrar com o "menino", o menino não assistia ao filme. Éramos radicais nessa atitude.
Nunca tivemos o mais pequeno problema. A confiança em nós era absoluta...
Muita pena de que estas acções não tenham continuação.
ResponderEliminarÉ preciso criar alternativas ao que hoje é oferecido aos nossos jovens.
Cafés e bares, play stations e outras modernices que não serão a melhor forma de os encaminhar para uma vida de plena cidadania.
AMIGO HENRIQUE MARTINS:
ResponderEliminarIsto não é um comentário sobre este post mas sim um pedido de que me contacte pelo mail fozcoa.friends.lb@gmail.com pois tenho material que acho que será do seu interesse.
Trata-se de um documento sobre as minas de estanho de Ervedosa em Vinhas e duas ou três imagens.
Peço desculpa de estar a usar esta forma de contacto mas foi a única que encontrei para o contactar em privado.
Abraço e até já.