O novo confinamento e o não cumprimento das normas obrigaram as forças de segurança a tomar medidas. A Polícia de Segurança Pública reforçou a fiscalização da circulação de pessoas na via pública. Com os números de infectados a crescer, ainda há pessoas que não têm qualquer justificação válida para andarem na rua. Aconteceu ontem de manhã, conta o comissário da PSP, Bruno Machado.
“Foi uma pessoa que não teve uma justificação aceitável para a sua circulação na via pública e, nesse sentido, foi informada de que deveria recolher ao domicílio, foi identificada e será, posteriormente, autuada”, disse o comissário da PSP. Desde esta sexta-feira há uma coima associada ao incumprimento do recolher domiciliário no valor de 200 euros.
Há também proprietários de estabelecimentos que não estão a cumprir os horários de encerramento ou até mantêm as portas abertas quando deviam estar fechadas. Por isso, a PSP está a visitar os espaços para averiguar se estão a ser cumpridas as normas. Os empresários concordam com o aumento de controlo e admitem que há ainda muita gente que não entende as regras:
“As pessoas acham que somos arrogantes e mal-educadas por pedirmos para se chegarem atrás. Já aconteceu, várias vezes, eu dizer que têm que aguardar lá fora, porque está muita gente e as pessoas reagem como se eu estivesse a dizer uma coisa muito má”, disse Andreia Rodrigues, funcionária de uma loja de informática, salientando que muitas “já perderam o medo”.
Nos últimos dias a PSP já realizou “mais de 65 autos de contra-ordenação”, relacionados com o não uso de máscara, mas também com pessoas que deveriam estar em casa em isolamento profiláctico e andavam na rua. Segundo o comandante da PSP, José Neto, em Mirandela um individuo violou a lei e foi elaborado um auto de notícia e o Ministério Público ficará responsável por aplicar uma sanção.
“Interpretava a lei de uma forma muito especial e não percebia que tinha que estar na sua residência”. Segundo a lei, um indivíduo que não cumpra o isolamento profiláctico e não fique em casa, não pode ser “detido em flagrante”, visto que é necessário ser avisado, quer por um médico, quer pelas autoridades, de que a “sua conduta é crime”.
A GNR também reforçou a fiscalização, nomeadamente a circulação entre concelhos ao fim-de-semana, uma vez que é proibido. Este sábado, a maior afluência de pessoas a sair de Bragança era estudantes.
“Não me deixam ir para casa para Arcos de Valdevez, por causa da circulação entre concelhos. Tendo residência lá, pensava que podia ir”, contou a estudante Iris Amorim.
Ainda assim houve quem “aproveitasse a lei ao limite” ou até quem tivesse pisado o risco e fosse obrigado a voltar para trás:
“Eu só aos fins-de-semana é que posso ir à aldeia buscar alguma coisa que precise. As cartas vão para lá e eu até desconfio que está lá uma carta de uma multa”, disse um condutor. Mas o militar da GNR não facilitou e referiu que “não era justificação válida para regressar à aldeia” e, por isso, teria “que regressar à residência”. As acções de fiscalização da GNR não só estão a ser feitas ao trânsito, mas também aos estabelecimentos comerciais e às pessoas que estão em quarentena. Segundo Tiago Sousa, Adjunto do Comandante do Destacamento de Bragança, desta vez, a GNR está a ser menos benevolente.
“As pessoas não se devem focar nas excepções, mas sim ficar em casa. Em outras intervenções daria lugar ao bom senso e interpretação”, mas agora, tendo em conta a evolução da pandemia, “o bom senso vai ser muito mais limitado e qualquer situação contrária à lei será devidamente sancionada”, sublinhou.
Ainda na quinta-feira, a GNR deteve um casal, de 59 e 60 anos, ambos infectados com Covid-19, porque não estava no domicílio e andava a passear pela via pública, em Via Flor.
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