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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 24 de janeiro de 2021

HOJE

Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")


 Debaixo das mãos doridas,
Não tenho pressa de viver.
Tenho a alma destroçada,
O desejo de não dizer nada
A vontade de nada fazer!
Perco-me nas horas e dias
Nas noites ventosas e frias,
Não me apetece viver.
Hoje, sinto-me mero farrapo,
Bicho, rastejante, lagarto,
Hoje não me apetece viver!
Deixai-me ficar no chão,
Chorar e perder a razão.
Sentir, a pele rasgar
Esfarrapar o coração!
Hoje, estou frágil e chorosa 
Débil e preguiçosa
Sem coragem de viver.
Hoje, só queria ficar no chão.
Que se abrisse e me engolisse 
me sugasse e me levasse ,
sem pudor e sem perdão.
Hoje, por favor…
Que ninguém me dê a mão,
Estou perdida e cansada
Sem ânimo e desorientada
Sem caminho, nem direcção!
Hoje, calem-se, não digam nada
Quero ficar estendida,
No pó enegrecido da vida.
Nas memórias, soterrada,
Deitada na terra, no chão.
Hoje, quero ser fraca e ser débil
Tragada e engolida
Pela terra em rotação.
Hoje, sou apenas lembranças,
Desmaiadas e débeis esperanças
no chão quero ficar.
Só hoje, apenas hoje
Amanhã, serei Fénix renascida
Do chão e das cinzas saída
E voltarei a viver. 
Voltarei a voar

Maria da Conceição Marques
, natural e residente em Bragança.
Desde cedo comecei a escrever, mas o lugar de esposa e mãe ocupou a minha vida.
Os meus manuscritos ao longo de muitos anos, foram-se perdendo no tempo, entre várias circunstâncias da vida e algumas mudanças de habitação.

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