Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")
Debaixo das mãos doridas,
Não tenho pressa de viver.
Tenho a alma destroçada,
O desejo de não dizer nada
A vontade de nada fazer!
Perco-me nas horas e dias
Nas noites ventosas e frias,
Não me apetece viver.
Hoje, sinto-me mero farrapo,
Bicho, rastejante, lagarto,
Hoje não me apetece viver!
Deixai-me ficar no chão,
Chorar e perder a razão.
Sentir, a pele rasgar
Esfarrapar o coração!
Hoje, estou frágil e chorosa
Débil e preguiçosa
Sem coragem de viver.
Hoje, só queria ficar no chão.
Que se abrisse e me engolisse
me sugasse e me levasse ,
sem pudor e sem perdão.
Hoje, por favor…
Que ninguém me dê a mão,
Estou perdida e cansada
Sem ânimo e desorientada
Sem caminho, nem direcção!
Hoje, calem-se, não digam nada
Quero ficar estendida,
No pó enegrecido da vida.
Nas memórias, soterrada,
Deitada na terra, no chão.
Hoje, quero ser fraca e ser débil
Tragada e engolida
Pela terra em rotação.
Hoje, sou apenas lembranças,
Desmaiadas e débeis esperanças
no chão quero ficar.
Só hoje, apenas hoje
Amanhã, serei Fénix renascida
Do chão e das cinzas saída
E voltarei a viver.
Voltarei a voar
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