O nome reporta-se a uma época, lugar ou estado imaginário de opressão, de tristeza ou até mesmo de privação. É este passado, despovoado e carregado de memórias e de gente que já não está, que Xosé Luís Otero, o autor, artista galego, nos convida a percorrer.
“Trata-se de uma viagem à minha infância. O que aqui se passa é que, quando se viaja ao passado, as histórias e os sentimentos cruzam- -se. Misturam-se imagens, recordações e memórias da minha aldeia, de um menino que ia com as vacas, que ia lavrar, que pintava paisagens, com nove ou dez anos, que tirava fotografias, fazia vídeos”, contou o artista.
A exposição foi inaugurada no sábado e é composta por 14 instalações inéditas, sendo que, se falarmos em peças, o número é superior.
“O tempo não é linear. Vejo ciclos, a Primavera, o Verão, o Outono e o Inverno. Para mim não há presente. O presente vamos a ver e já passou. E o futuro não existe. O que há é o passado, um sítio abandonado, que acaba por ser a premonição do futuro e a imagem de que o homem vai acabar com tudo”, acrescentou.
Xosé Luís Otero chegou ao centro de arte pela vontade de figurar na lista de nomes de artistas que já aqui apresentou trabalhos.
“Uma artista que aqui expôs falou-me do espaço e pesquisei sobre ele. A programação é brutal, fiquei surpreendido e queria aqui também trazer o meu trabalho”, afirmou o artista.
Esta é também uma possibilidade de perceber como se conjuga a visão do mundo através de materiais que são de extrema importância para quem os transformou em arte. Uma obra muito matérica, diz Jorge da Costa, director do espaço e curador da exposição.
“A escala monumental das obras é também o reflexo do envolvimento do artista na própria obra. Percebe-se que tem que estar numa relação muito directa com a materialidade”, sublinhou.
A exposição pode ser visitada até ao dia 27 de Fevereiro, no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais.
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