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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 21 de novembro de 2021

Meia torrada e meia de leite

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Eu já venho à cidade, já não sou da cidade... e a cidade já me pesa.
Hoje vim à cidade pagar a décima, comprar flores para a varanda e umas miudezas para a casa que um homem também precisa de comer. ..pantominas dos Sotos de Bragança!
Despachei-me cedo. Fui até ao Flórida. O tio Manuel perguntou logo: - Então que anda a armar?!
Antes que eu respondesse acrescentou logo: - Está novo... não passa um dia por si!...
Mas já há mais de quarenta anos que estou novo para o tio Manuel... meu amigo e dono do porto de abrigo que se chama Flórida...quase paredes meias com o velho Colégio dos Jesuítas.
Para celebrar o perene milagre de estar novo, pedi meia torrada e meia de leite... pão caseiro...o regresso a casa....o lume de novo se acendeu na pressa da torrada... e ouve-se a cabra leiteira balir nos lameiros frescos.
As luzes acendem-se na exuberância da cidade... vou-me até casa. A Estrelinha lá estará para montar a guarda da estrada até à garagem cumprindo todos os dias o seu rigoroso mister de guardadora..
- Então a torrada estava boa?!
Regresso a casa e a torrada estava boa... e o Café Florida lá está sempre.... último reduto duma cidade que morre paulatinamente.
... ficam as memórias!


Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

3 comentários:

  1. Não sabe a miríade de sensações que este pequeno texto me causou... Foi para mim uma delícia lê-lo...
    Mais uma vez Parabéns, muitos mesmo, pelo incrível trabalho diário que tem com este cantinho que é sem dúvida local de passagem de muitos de nós. Obrigada por isso!

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  2. Agradeço as suas gentis palavras.
    Este "projeto" só faz sentido porque tenho o privilégio de ter visitas como as suas.

    Grato

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  3. Uma crônica, muitas imagens, profunda reflexão.
    Pena que o grande escritor estivesse melancólico quando fez a lavra......
    Peço que imagine um sol dourado,um manto azul de mar e céu , com crepúsculo de néon! Esse é o espectrus brasilis! Entre, e sirva-se! Aqui, o equivalente à meia torrada e meia de leite, é o "pão na chapa e o pingado"; que, aliás está caríssimo por esses tempos de terceira fase de pandemia: custa o eqivalente a três Euros.
    Caro escritor, eu também estou chocado, agora mais que estaria habitualmente.

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