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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Igreja Românica de Santa Maria do Azinhoso (Mogadouro) - Joia medieval no Distrito de Bragança

 A igreja de Santa Maria de Azinhoso é um dos mais importantes templos românicos transmontanos a par das igrejas românicas da Adeganha (Torre de Moncorvo), de Algosinho (Mogadouro) já aqui descritas ou ainda da magnífica igreja de São Salvador no castelo de Ansiães. Nas quatro igrejas subsiste a dúvida em relação à cronologia da edificação. O nosso Guia de Portugal (3ªed., 1995, p.1026), companheiro inseparável das nossas viagens, viu no campanário a inscrição de 1196, sendo assim poderia ter sido construída por cavaleiros templários porque a Ordem mantinha os territórios de Mogadouro e de Penas Róias. O Abade de Baçal considerou a inscrição duvidosa e que agora não existe.


“Aquando do restauro a cargo da DGEMN, apareceu uma série de sepulturas escavadas na rocha, junto ao ângulo noroeste do templo, que apontam para uma relativa antiguidade de ocupação religiosa deste local, provavelmente a rondar os séculos X-XI. A atribuição cronológica mais rigorosa da igreja tem sido fundamentada em duas outras inscrições. Na esquina sudoeste da capela-mor exibe-se um letreiro datado criticamente do século XIII e que ostenta a legenda “ALFONS”. Este mesmo autor equacionou uma relação com possíveis senhores da Terra de Bragança, nomeadamente D. Afonso Rodrigues, procurador e pobrador da Terra de Bragança e Miranda, referido em 1285 e responsável por um diploma de regalias passado à localidade. Na fachada principal, do lado sul do portal, existe uma terceira inscrição. Nela se lê apenas a palavra “ERA”, não se vislumbrando os restantes caracteres, mas Mário Barroca datou-a do século XIV. Esta poderia corresponder à legenda comemorativa da conclusão das obras do templo de Azinhoso e a inscrição anterior poderia referir-se ao arranque dos trabalhos, o que resultaria numa datação aproximada para a igreja entre os finais do século XIII e a primeira metade do século XIV”. (1)

Estilisticamente, o templo devido aos seus arcos ogivais, mas ainda decorados com motivos românicos, terá sido construído entre os séculos XIII e/ou XIV. A Monumental igreja de Azinhoso  A sua fachada, apesar de arcaica, é de dimensão assinalável, alta e rematada por campanário de dupla sineira e o amplo interior, embora de nave única. A igreja contém 3 portais com arcos góticos. A porta sul, por exemplo, é elegante, composta por um conjunto de três arquivoltas ornadas por uma plástica marcadamente românica. Interessante é a abertura cruciforme, no lugar da usual abertura ocular ou rosácea.

Em finais do século XIV, D. João I passou pela povoação e terá visitado e concedido vários privilégios. Aqui orou, pela mesma altura, D. Nuno Álvares Pereira. No século XV, a igreja de Azinhoso teve grande importância regional, instituindo-se como verdadeiro centro de romaria. Datará dessa altura o alpendre existente do lado Norte e que, de acordo com os vestígios nas restantes fachadas, rodearia toda a frontaria do templo, ligando os três portais, restam ainda algumas colunas, mísulas e depressões para suporte da estrutura. Na igreja, no século XV, fez-se sepultar um vigário-geral arcebispo de Braga, conforme consta de inscrição numa rocha exterior. A Igreja românica de Azinhoso sofreu, como quase sempre as inevitáveis alterações, quando se realizaram os retábulos laterais e o retábulo-mor, este ainda do século XVII, e a edificação da Casa da Misericórdia (1647), anexa ao lado Norte da capela-mor que atualmente contem um museu de arte sacra. Em meados do século XX, perante evidente estado de ruína, a igreja sofreu obras de restauro como refere a epígrafe gravada num dos blocos de cantaria no exterior do monumento.


A espectacular cachorrada da Igreja de Azinhoso

Ao longo das cornijas laterais, a semelhança do que sucede com próxima igreja de Algosinho prende a atenção uma fiada de modilhões esculpidos, contam-se 120 (tal contagem não fizemos), alguns deles muito corroídos com múltiplos e crípticos sentidos, como era próprio da hermética românica. De um lado e outro se sucedem as mais variadas representações: cabeças de bichos e homens em atitudes disformes, máscaras, órgãos sexuais,  a par de motivos certamente apenas lúdicos ou decorativos. Como é habitual em edifícios medievais possui pedras sigladas pelos canteiros quando se efectuou a construção.

Outro mistério é a pedra em mármore gravada com misteriosos desenhos, mármore este vindo da região de Estremoz.

Próximo da igreja também pode observar o monumental pelourinho seiscentista de Azinhoso. Continuamos a insistir que percorrer a rota do românico do Nordeste Transmontano é uma magnífica forma de conhecer o belíssimo e ainda arcaico distrito de Bragança. Agradecimentos: O Portugal Notável esteve alojado no Solar dos Marcos (Bemposta-Mogadouro) e visitou a igreja românica de Azinhoso a convite deste ótimo Hotel Rural que apoia o turismo cultural.

Original AQUI.

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