“Aquando do restauro a cargo da DGEMN, apareceu uma série de sepulturas escavadas na rocha, junto ao ângulo noroeste do templo, que apontam para uma relativa antiguidade de ocupação religiosa deste local, provavelmente a rondar os séculos X-XI. A atribuição cronológica mais rigorosa da igreja tem sido fundamentada em duas outras inscrições. Na esquina sudoeste da capela-mor exibe-se um letreiro datado criticamente do século XIII e que ostenta a legenda “ALFONS”. Este mesmo autor equacionou uma relação com possíveis senhores da Terra de Bragança, nomeadamente D. Afonso Rodrigues, procurador e pobrador da Terra de Bragança e Miranda, referido em 1285 e responsável por um diploma de regalias passado à localidade. Na fachada principal, do lado sul do portal, existe uma terceira inscrição. Nela se lê apenas a palavra “ERA”, não se vislumbrando os restantes caracteres, mas Mário Barroca datou-a do século XIV. Esta poderia corresponder à legenda comemorativa da conclusão das obras do templo de Azinhoso e a inscrição anterior poderia referir-se ao arranque dos trabalhos, o que resultaria numa datação aproximada para a igreja entre os finais do século XIII e a primeira metade do século XIV”. (1)
Estilisticamente, o templo devido aos seus arcos ogivais, mas ainda decorados com motivos românicos, terá sido construído entre os séculos XIII e/ou XIV. A Monumental igreja de Azinhoso A sua fachada, apesar de arcaica, é de dimensão assinalável, alta e rematada por campanário de dupla sineira e o amplo interior, embora de nave única. A igreja contém 3 portais com arcos góticos. A porta sul, por exemplo, é elegante, composta por um conjunto de três arquivoltas ornadas por uma plástica marcadamente românica. Interessante é a abertura cruciforme, no lugar da usual abertura ocular ou rosácea.
Em finais do século XIV, D. João I passou pela povoação e terá visitado e concedido vários privilégios. Aqui orou, pela mesma altura, D. Nuno Álvares Pereira. No século XV, a igreja de Azinhoso teve grande importância regional, instituindo-se como verdadeiro centro de romaria. Datará dessa altura o alpendre existente do lado Norte e que, de acordo com os vestígios nas restantes fachadas, rodearia toda a frontaria do templo, ligando os três portais, restam ainda algumas colunas, mísulas e depressões para suporte da estrutura. Na igreja, no século XV, fez-se sepultar um vigário-geral arcebispo de Braga, conforme consta de inscrição numa rocha exterior. A Igreja românica de Azinhoso sofreu, como quase sempre as inevitáveis alterações, quando se realizaram os retábulos laterais e o retábulo-mor, este ainda do século XVII, e a edificação da Casa da Misericórdia (1647), anexa ao lado Norte da capela-mor que atualmente contem um museu de arte sacra. Em meados do século XX, perante evidente estado de ruína, a igreja sofreu obras de restauro como refere a epígrafe gravada num dos blocos de cantaria no exterior do monumento.
A espectacular cachorrada da Igreja de Azinhoso
Ao longo das cornijas laterais, a semelhança do que sucede com próxima igreja de Algosinho prende a atenção uma fiada de modilhões esculpidos, contam-se 120 (tal contagem não fizemos), alguns deles muito corroídos com múltiplos e crípticos sentidos, como era próprio da hermética românica. De um lado e outro se sucedem as mais variadas representações: cabeças de bichos e homens em atitudes disformes, máscaras, órgãos sexuais, a par de motivos certamente apenas lúdicos ou decorativos. Como é habitual em edifícios medievais possui pedras sigladas pelos canteiros quando se efectuou a construção.
Outro mistério é a pedra em mármore gravada com misteriosos desenhos, mármore este vindo da região de Estremoz.
Próximo da igreja também pode observar o monumental pelourinho seiscentista de Azinhoso. Continuamos a insistir que percorrer a rota do românico do Nordeste Transmontano é uma magnífica forma de conhecer o belíssimo e ainda arcaico distrito de Bragança. Agradecimentos: O Portugal Notável esteve alojado no Solar dos Marcos (Bemposta-Mogadouro) e visitou a igreja românica de Azinhoso a convite deste ótimo Hotel Rural que apoia o turismo cultural.
Original AQUI.
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