"Nun me Lhembra de Squecer" é o título do novo álbum de Isabel Ventura, que será editado antes do final do ano.
Isabel Ventura conta que nasceu em Bragança e passou a infância numa aldeia chamada Campo de Víboras, onde se fala mirandês. "O mirandês para mim é muito familiar e como todos os verões vou à aldeia, há cerca de dois anos lembrei-me: porque não juntar o mirandês ao jazz. O difícil foi encontrar poesia profunda, eu só conheço os dois grandes embaixadores do mirandês: os Galandum Galundaina, que fazem um trabalho mais tradicional. Mas este tipo de trabalho merecia uma poesia diferente e encontrei o poeta e defensor da língua e da cultura mirandesa Amadeu Ferreira. Entrei em contacto com os filhos e com a família para adquirir os livros que ele escreveu."
A cantora conta que o maior desafio foi "inserir o mirandês no jazz. Eu retenho o vocabulário, fiz um curso de mirandês na Associação de Língua e Cultura Mirandesa, para aprender a gramática e a língua de forma estruturada. É muito complicado, não imaginei que fosse tão difícil".
Este último trabalho conta com Marco Figueiredo, no piano, composição e arranjos, João Paulo Rosado no contrabaixo e Filipe Monteiro, na bateria.
"A primeira pessoa a quem disse foi ao Marco Figueiredo, com quem trabalho há 15 anos e que está a musicar os poemas. Ele não conhecia a língua, mas apoiou-me e o disco está prestas a sair", conta Isabel Ventura.
"Nun me Lhembra de Squecer", é um álbum que "representa as minhas raízes, vai buscar as minhas memorias de criança, da infância, da adolescência e é uma junção única... existe o mirandês na musica tradicional, mas no jazz não e está a dar-me muito gozo fazer. Também tenho a responsabilidade de preservar esta língua, que e não for falada ou cantada vai perde-se".
No sábado, Isabel Ventura tem concerto marcado no Festival Auditório em Casa. "Vou levar os temas dos meus discos anteriores e três temas cantados em mirandês. Vou explicar a quem nos vai ouvir o que é o mirandês, é incrível como muitos em Portugal não sabem que esta é a segunda língua oficial portuguesa. Quero dar a conhecer e passar a palavra."
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