A barragem de Foz Tua começou a ser construída em 2011 e prevê-se que esteja concluída em Setembro de 2016. Decidimos, pois, fazer a caminhada que há tanto tempo planeáramos, nomeadamente o troço da desativada Linha do Tua entre o quilómetro três e a estação de São Lourenço (quilómetro dezasseis), precisamente aquele que será submerso pela barragem.
Uma vez que os primeiros três quilómetros da linha foram cortados pelas obras da EDP e a passagem é proibida, partimos da aldeia do Fiolhal, da qual se desce por um caminho de terra batida em direção à centenária linha do comboio.
Uma vez que os primeiros três quilómetros da linha foram cortados pelas obras da EDP e a passagem é proibida, partimos da aldeia do Fiolhal, da qual se desce por um caminho de terra batida em direção à centenária linha do comboio.
Chegados ao quilómetro três, o percurso acompanha sempre o Tua, perfeitamente encaixado num vale longo e estreito, que não nos cansámos de contemplar. De travessa em travessa de madeira, avançámos lentamente, ouvindo o ruído do rio a correr: umas vezes mais agitado contra as rochas graníticas, outras mais sereno, quase parado.
De uma maneira geral, a linha ferroviária está bem mantida, não havendo silvas nem vegetação a tapá-la, apenas flores e giestas que lhe dão colorido e a tornam mais bonita nesta altura do ano.
Passámos por túneis, pontes metálicas, apeadeiros e estações abandonadas, e, no quilómetro treze, pelo que resta do teleférico artesanal sobre o rio que fazia a ligação entre a localidade de Amieiro e a estação de Santa Luzia.
Nessa altura, já íamos bastante cansados, debaixo de um sol inclemente. Ganhei, porém, novo fôlego ao pensar nos homens que, no final do séc. XIX, começaram a abrir aquela passagem nas rochas escarpadas para o comboio poder circular entre Foz-Tua e Bragança.
Além disso, não havia volta a dar: tínhamos de seguir em frente, como em tudo na vida.
Guia prático para percorrer a Linha do Tua
Caraterização do percurso
Forma: linear
Partida: Povoação de Fiolhal
Chegada: Povoação de S. Lourenço
Dificuldade: baixa (o percurso é quase todo plano; a maior dificuldade é mesmo a sua grande extensão e a quantidade interminável de travessas)
Extensão: 15 km
Tempo médio: 6 horas
Recomendações
- Nos dias de sol, o vale do Tua é muito quente e praticamente não há sombras ao longo da linha. É, pois, aconselhável começar a caminhada de manhã cedo e usar quer chapéu quer protetor solar;
- Ao longo do trajeto, não há cafés nem qualquer local de abastecimento. Por esse motivo, é essencial levar água e mantimentos;
- Convém não ir demasiado carregado e levar apenas o estritamente necessário;
- Apesar de termos feito o trajeto desde o Fiolhal até S. Lourenço, este pode ser feito no sentido contrário. Há, no entanto, que estar preparado para uma subida bastante acentuada no final do percurso;
Onde dormimos
- Hotel Casa do Tua, mesmo em frente da estação de Foz-Tua.
Onde comemos
- Restaurante Calça Curta (mesmo ao lado do hotel): as doses são grandes, assim como os preços, mas nem sempre a qualidade lhes corresponde. Destaca-se o polvo, como petisco, que é delicioso, não ficando nada atrás do galego;
- Restaurante Beira Rio: continua a ser o nosso preferido em Foz-Tua.
Fizemos esta caminhada no dia 2 de Maio de 2015, mas já tínhamos estado no Tua. Lembram-se? Eis os nossos locais preferidos para comer e dormir, além de outras sugestões nas proximidades.
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