A Filandorra inicia Residência Artística no Concelho de Vila Flor para preparar aquela que é a 79ª Produção, O Velho da Horta de Gil Vicente, uma farsa para rir a partir dos jogos de linguagem e metáforas líricas utilizadas que provocam invariavelmente o riso. E foi na horta da Dona Constança, mesmo às portas da vila, que o elenco da Filandorra na companhia do atual Presidente da Câmara, Pedro Lima, para memória futura, assinalou o início da Residência Artística à volta da Grande Couve.
Com encenação de David Carvalho, a farsa vicentina é atualizada no tempo e no espaço, “transportando” as personagens para uma qualquer quinta do Vale da Vilariça, no Concelho de Vila Flor, reforçando a comédia e a intemporalidade de Gil Vicente, a partir da história de um Velho honrado e muito rico, que se enamora por uma moça, e a engano de uma alcoviteira, perde a sua fortuna. Nesta versão, Fenandeanes, de alcunha O da Bota porque tinha a mania de calçar botas diferentes, é um homem excêntrico no seu dia-a-dia, que apesar de usar bengala, desloca-se de Hoberboard para todo o lado: nos terrenos planos da quinta, nas idas à Vila…e mais se verá!
A nova produção da Filandorra, cuja estreia estava inicialmente prevista para este mês mas que dada a evolução pandémica no país foi reagendada para 22 de janeiro de 2022, conta com o apoio da DGartes/Ministério da Cultura no âmbito do projeto “Reportórios, Territórios e Identidades” (Biénio 2021-2022) do Programa de Apoio Sustentado – Teatro, e tem como parceiro principal o Município de Vila Flor, que tem em implementação uma nova política cultural que visa reaproximar as populações com a arte do teatro.
Neste contexto, o Município reforçou a parceria com a Filandorra que vai permitir a criação de uma Escola Municipal de Teatro para crianças e jovens, a dinamização de um Grupo de Teatro Amador, a realização da iniciativa Teatro no Mundo Rural com espectáculos para todas as freguesias como forma a combater o isolamento das populações rurais, a revitalização a partir de um grande evento lúdico e cénico com tradição e memória da feira anual Terra Flor, e a Estreia Nacional de Dinis e Isabel no âmbito da candidatura ao Programa de Apoio Sustentado (Quadriénio 2023-2026) da DGartes/Ministério da Cultura, que permitirá a criação um rota cultural nacional pelos lugares e municípios que têm em comum o laço histórico do Milagre das Rosas.
Depois da estreia de Diabos e Diabritos num saco de mafarricos de Alexandre Parafita no passado mês de maio em Vinhais, e O Barrete de Guizos de Luigi Pirandello em Lamego, esta nova produção em Vila Flor vem uma vez mais reafirmar a aposta da Filandorra na descentralização e diversificação do trabalho artístico privilegiando a ligação entre o locus territorial e autores das obras/temáticas para a distribuição das estreias por diferentes “pólos” da região.
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