Maria José Caldeiras, assim como o marido, que é doente oncológico, e uma filha, viram-se obrigados a mudar de médico de família, depois de o que até então os acompanhava, no Centro de Saúde de Macedo de Cavaleiros, se ter reformado.
A visada conta que a mudança para outro médico aconteceu a 2 de julho, altura em que o novo clínico os aceitou e chegou mesmo a passar-lhes requisições para análises e exames.
Tudo parecia decorrer normalmente, até chegar o dia da primeira consulta, a 20 de setembro:
“A minha consulta era às 15h e a do meu marido às 18h. Estivemos à espera e ninguém nos chamava. A senhora do atendimento perguntou-me se já tinha ido à enfermeira e eu respondi que não, e que até estava a achar estranha a demora. Foi quando a funcionária foi tentar saber o que se passava, e quando regressou disse-me que o médico não queria ser nosso médico de família e que não nos atendia. Eu perguntei porquê, referiu que já tinha sido nosso médico de família e nós é que nos tínhamos mudado. E foi verdade, porque íamos às consultas e estava sempre de mau humor.
Até que um a vez eu fui a uma consulta, e quando entrei no consultório perguntou-me, em tom irónico, o que me doía naquele dia. Saí e mudei de médico, não estava para me pôr mais doente do que aquilo que estava. Isto foi há mais de 20 anos.”
Na altura, saíram desse médico o casal e duas filhas.
Agora, Maria José Caldeiras diz que não lhe foi dada escolha, e foi obrigada a aceitar o clínico em questão, que era o único com vagas disponíveis:
“Não teve escolha, foi a única opção. Eu se tivesse outra hipótese não o tinha escolhido a ele. Eu nunca pensei que ele se lembrasse do que se tinha passado há mais de 20 anos. Não houve discussões nem nada parecido.
Um médico quando tem vaga tem de aceitar os doentes.
Mesmo que por lei ele seja obrigado a ser nosso médico, agora quem não o quer sou eu.”
A atitude do médico levou a utente a apresentar, de seguida, mais do que uma reclamação:
“Nesse dia fiz uma queixa no livro de reclamações, e no dia a seguir fiz uma queixa à Ordem dos Médicos. Até agora, ainda não recebi resposta de nenhum dos lados.”
Contactada pela Rádio Onda Livre, a Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSN) respondeu que tem conhecimento da situação e da intenção de mudar de médico por parte destes utentes, que o fizeram chegar por escrito. Referem ainda, na mesma nota enviada à redação, que a “mudança de médico é um direito que assiste a todo e qualquer doente” , o que neste caso já se encontra em curso e será concretizada, “de acordo com a disponibilidade de vagas legalmente atribuídas a cada clínico em funções”, esclarecem.
Entretanto, a ULSN assegura que “ambos os utentes têm acesso aos cuidados de saúde necessários, tendo-lhes sempre sido prestada a assistência adequada”, acrescentando que a “ULS do Nordeste disponibiliza a todos os utentes a resposta necessária no âmbito da prestação de cuidados de saúde”.
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