Um dos flagelos da vida agrícola são as trovoadas de Maio e Junho, que podem destruir parcial ou totalmente os centeios, prejudicar os fenos e danificar os batatais. Nas horas de perigo de uma trovoada, recorre-se a Deus, a Santa Bárbara ou a São Jerónimo.
São variáveis as preces rimadas:
Oração da trovoada
Santa Bárbara donzilha,
Livrai-nos duma cintilha,
Jesus Cristo será cravado
No madeiro de uma cruz,
Glória ao Padre, amén, Jesus!
Cristo viva, Cristo reine,
Cristo nos salve:
Uma voz ouvi do Céu,
De sua real majestade.
Chagas abertas, corações feridos,
Deus Nosso Senhor se meta,
Entre nós e os perigos.
Livrai-nos duma cintilha,
Jesus Cristo será cravado
No madeiro de uma cruz,
Glória ao Padre, amén, Jesus!
Cristo viva, Cristo reine,
Cristo nos salve:
Uma voz ouvi do Céu,
De sua real majestade.
Chagas abertas, corações feridos,
Deus Nosso Senhor se meta,
Entre nós e os perigos.
(Tourém)
Para livrar do raio
Santa Bárbara bendita
Que no Céu está escrita
Com cruzes e água benta,
P’ra apagar esta tormenta.
Que no Céu está escrita
Com cruzes e água benta,
P’ra apagar esta tormenta.
Outras variantes
Santa Bárbara,
São Jerónimo,
Verbo divino,
Cordeiro na Cruz,
Santo Custódio,
Salvai-nos, Jesus.
São Jerónimo,
Verbo divino,
Cordeiro na Cruz,
Santo Custódio,
Salvai-nos, Jesus.
Fonte: João Gonçalves da Costa – Montalegre e Terras de Barroso (Braga, 1968)
*****
Orações nas Trovoadas
Nalgumas terras, quando toava, o chefe da casa punha a mesa a Nosso Senhor: estendia a toalha, colocava sobre ela pão, um copo com água, uma faca e um garfo, em cruz.
Noutras terras, punha-se um prato sobre a mesa e queimavam-se nele os ramos de oliveira e alecrim benzidos no Domingo de Ramos.
Noutras, ainda, espetavam-se os ramos bentos nas ombreiras das portas e janelas. Depois dizia-se:
Santa Bárbara donzilha,
Livrai-nos desta cintilha,
Jesus Cristo está cravado
No madeiro duma cruz.
Glória ao Padre. Amém, Jesus.
Cristo vive, Cristo vem,
Cristo nos salve. Amém.
Livrai-nos desta cintilha,
Jesus Cristo está cravado
No madeiro duma cruz.
Glória ao Padre. Amém, Jesus.
Cristo vive, Cristo vem,
Cristo nos salve. Amém.
***
Nosso Senhor é nosso Pai,
Nossa Senhora é nossa Mãe,
O Anjo S. Gabriel
E nosso amigo fiel,
O Padre Eterno nos conduz.
De raios e trovoadas
Salvai-nos, Senhor Jesus.
Chaga aberta, coração ferido,
Livrai-nos de todo o perigo.
Nossa Senhora é nossa Mãe,
O Anjo S. Gabriel
E nosso amigo fiel,
O Padre Eterno nos conduz.
De raios e trovoadas
Salvai-nos, Senhor Jesus.
Chaga aberta, coração ferido,
Livrai-nos de todo o perigo.
***
Santa Bárbara bendita,
Que tens a palma na mão,
Pede a Nosso Senhor
Que não mande mais trovão.
Que tens a palma na mão,
Pede a Nosso Senhor
Que não mande mais trovão.
***
Ouvi uma voz do céu
Da Divina Majestade.
Chaga aberta, coração ferido,
Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo
Se metam entre nós e o perigo.
Da Divina Majestade.
Chaga aberta, coração ferido,
Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo
Se metam entre nós e o perigo.
***
Santa Bárbara, S. Jerónimo,
Verbo Divino pregado na cruz,
Santo Anjo Custódio,
Salvai-nos, em nome de Jesus.
Verbo Divino pregado na cruz,
Santo Anjo Custódio,
Salvai-nos, em nome de Jesus.
***
Ouvi um grito no céu
E outro na claridade.
Valha-me a Virgem Maria
E a Santíssima Trindade.
E outro na claridade.
Valha-me a Virgem Maria
E a Santíssima Trindade.
***
Santa Bárbara e S. Jerónimo
No cajadinho pegaram,
Jesus Cristo encontraram
Ele lhes disse:
– Ide espalhar a trovoada,
Lá pròs lados do Marão,
Onde não há palha nem grão,
Nem meninos a chorar,
Nem galinhas a cantar,
Nem sinos a tocar,
Nem homens a trabalhar.
No cajadinho pegaram,
Jesus Cristo encontraram
Ele lhes disse:
– Ide espalhar a trovoada,
Lá pròs lados do Marão,
Onde não há palha nem grão,
Nem meninos a chorar,
Nem galinhas a cantar,
Nem sinos a tocar,
Nem homens a trabalhar.
***
Santa Bárbara bendita,
Que nos céus estais escrita,
Com papel e água benta,
Livrai-nos desta tormenta.
Que nos céus estais escrita,
Com papel e água benta,
Livrai-nos desta tormenta.
***
Abraão, Abraão,
Vai ao céu abrandar este trovão.
Com papel e água benta
Livra-nos desta tormenta.
Vai ao céu abrandar este trovão.
Com papel e água benta
Livra-nos desta tormenta.
***
Altas vozes vão no céu.
Valha-nos a Divindade,
A sagrada cruz de Cristo,
E a Santíssima Trindade.
Chaga aberta, coração ferido!
O sangue derramado
De Nosso Senhor Jesus Cristo
Se meta entre nós e o perigo.
Valha-nos a Divindade,
A sagrada cruz de Cristo,
E a Santíssima Trindade.
Chaga aberta, coração ferido!
O sangue derramado
De Nosso Senhor Jesus Cristo
Se meta entre nós e o perigo.
***
Ó meu Senhor Jesus Cristo,
Deus de infinito poder,
Só as vossas cinco chagas
É que nos podem valer.
Valei-nos, Deus humanado,
Pelas vossas cinco chagas:
Das mãos, dos pés e do lado.
Deus de infinito poder,
Só as vossas cinco chagas
É que nos podem valer.
Valei-nos, Deus humanado,
Pelas vossas cinco chagas:
Das mãos, dos pés e do lado.
***
Ouvi uma voz no céu!
Valha-nos a Divindade,
Valha-nos a cruz de Cristo
E a Santíssima Trindade.
Valha-nos a Divindade,
Valha-nos a cruz de Cristo
E a Santíssima Trindade.
***
Magnificat! A minha alma
Engrandece ao Senhor!
Meu espírito se alegra
No Divino Salvador,
Que nos livre do trovão
Que anda tão ameaçador.
Engrandece ao Senhor!
Meu espírito se alegra
No Divino Salvador,
Que nos livre do trovão
Que anda tão ameaçador.
Fonte: “Literatura Popular de Trás-os-Montes e Alto Douro” (III vol. – Devocionário), Joaquim Alves Ferreira |
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