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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 25 de março de 2022

INSTRUIR É O MESMO QUE EDUCAR?

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

No meu tempo de menino e moço, asseverava-se: a maioria dos problemas que afligem as nações, eram causados pela falta de cultura dos povos.
Os políticos, em geral, afirmavam: quando toda a juventude fosse à escola, instruída e diplomada, pensaria melhor e a geria ainda melhor.
Envelheci, a cabeça cobriu-se de finos fios de prata, mas ao dar a minha voltinha dos tristes, estupefacto, verifico: os jovens apesar de estarem mais instruídos, comportam-se tal qual, como os semianalfabetos do meu tempo: berram estridentemente nos transportes públicos, penduram-se nos varões do metro, usam vocabulário ignóbil, são violentos, desrespeitadores e perversos, igual ou pior à geração boçal de outrora.
Portanto, a instrução nada muda, nos modos, comportamentos e no carácter.
Pode, e ainda consegue, embora cada vez menos, melhorar o nível de vida das populações, mas não a educa.
Digo: cada vez menos, devido à abundância de licenciados. A lei da oferta e procura começa a trabalhar.
Em férias que passei em casa de meus sogros, em São Paulo, encontrei electricista, que consertava o chuveiro eléctrico.
Reparou o operário no meu sotaque e entabulou conversa.
Confessou-me que era engenheiro electrotécnico, mas como não encontrou melhor emprego, trabalhava numa oficina.
Em sapataria, nas cercanias do Viaduto do Chá, fui atendido por jurista!...
Em Portugal, não é raro deparar com licenciados a trabalharem em supermercados ou como balconistas
Há anos, o lixeiro, que recolhia o lixo da minha residência, dizia-se engenheiro!... Assim com o carpinteiro, de origem estrangeira, que reformou a minha cozinha.
Conversando, uma tarde, com jovem universitário, declarou-me dolorosamente: " muitas vezes é necessário omitir habilitações, para encontrar trabalho."
Se outrora bastava estudar para singrar, agora, se não for de família influente ou excepcional, o único recurso é envolver-se em política.
O antigo ministro Manuel Carrilho, em 2001, disse ao: " Diário de Notícias": " É difícil encontrar áreas onde os jovens estejam melhor instalados do que na política: aos vinte têm emprego, aos 30 já estão aposentados."
Dei tantas asas ao pensamento, que me esqueci de abordar o tema que pretendia expor: a razão dos jovens comportarem-se como os antigos analfabetos.
A razão é simples: não é a instrução que molda o carácter e o comportamento, mas sim a educação.
A escola ensina, mas não educa. Pode – o que não devia, – inculcar ideologias.
Quem educa, são: os pais, os avós e restante família, algumas vezes a Igreja, mas principalmente as mães.
Como as mães, em regra, já não foram educadas – como podem saber, o que é educar?
Antigamente conhecia-se, pela educação, as classes sociais. Agora encontram-se infelizmente quase todas niveladas, não por cima, mas pela ralé. São os sinais dos tempos.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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