Na sua obra “Etnografia Portuguesa“, o Dr. José Leite de Vasconcelos apresenta-nos uma listagem de superstições relacionadas com a comida e o comer (ver abaixo), como, por exemplo: “
O pão deve pôr-se na mesa com o lar para baixo; se, por qualquer motivo fica com o lar para cima, volta-se logo: porque não foi ganho de barriga para o ar (Columbeira, Peral)” ou “Não devem comer treze pessoas à mesma mesa, morrerá a que tiver um nome maior (Vila Real). Não se deve estar dinheiro em cima da mesa enquanto se come; é sinal de traição ou pobreza (Vila Real)“.
Também sobre a comida há inúmeros provérbios populares e adágios, dos quais damos a conhecer alguns recolhidos na região de Trás-os-Montes e Alto Douro:
» Quem vende sardinha come galinha.
» Do prato à boca, se perde a sopa.
» O comer e o coçar vão do começar.
» O apetite nasce à mesa.
» A hora de comer é a mais pequenina.
» Com unto e pão de milho, o caldo faz bom trilho.
» O caldo não é a sopa de hoje…
» O caldo é para os pobres.
» Quem arrota familota, quem suspira farto está.
» Quem não é para comer também não é para trabalhar.
» Caldo sem pão só no inferno o dão.
» Quem come até se fartar cedo vem a jejuar.
» Quem come a carne que chupe os ossos.
» Caldo de muitos é bem comido e mal mexido.
» Quem come bem um dia não passa mal todo o ano.
» Quem não se farta ao comer não se farta ao lamber.
» Morra Marta, morra farta.
» Bem canta Marta depois de farta.
» Quem comeu não “ouga“.
» Quem arrota, bem almoça.
» Bem está S. Pedro em Roma, se tem que comer.
» Quem vai à boda leve que coma.
» Quem longe vai à boda no caminho a deixa toda.
» O almoço cedo cria carne e cebo. O almoço tarde, nem cebo nem carne.
Sobre jantar e jejuar…
» Quem em casa alheia come, janta e ceia com fome.
» Quem come à mesa alheia, mal janta e mal ceia.
» Não custa jejuar depois de bem jantar.
» Bem jejua quem mal come.
» Quem merendas come, merendas deve.
» Merenda comida, companhia desfeita.
Sem comentários:
Enviar um comentário