Não, não eram considerados como se fossem da família. Mas eram!
Não, não comiam à mesa. Mas comiam.
A Duquesa e o Tareco eram especiais, porque eram eles. Penso que foram felizes e sem nunca terem ido a um veterinário.
É verdade que eram outros tempos e se mal havia um médico para os humanos muito menos haveria um veterinário para os nossos animais domésticos. Domésticos, assim lhes chamavam.
Não eram “bibelots” nem andavam atrelados. Eram livres. Não serviam para exibicionismo dos donos. Não andavam presos a coleiras e não eram ignorados porque os "donos" não tinham telemóveis. Não se discutiam raças nem pedigree. Não se compravam nem se vendiam. Não estavam presos dentro das 4 paredes das habitações e a incomodar os vizinhos. Ninguém os andava a exibir pelos jardins e pelas avenidas.
Não se vestiam com roupas de lã no inverno. Eram apenas Cães e Gatos.
E, quero acreditar que eram felizes.
À semelhança dos humanos, uns tinham mais sorte que outros... tal como hoje,
A foto mostra o meu quarto de jovem. Não era um palácio nem era um estábulo, era o meu quarto de dormir. Um quarto dividido por uma cortina. Do lado de lá, uma pequena saleta, do lado que se vê… o meu quarto. Chegava e sobrava, servia para dormir. Quando estamos a dormir sabemos o valor que têm as mobílias que estão à nossa volta? Não, não sabemos e passamos muitas horas da nossa vida a dormir. Os mais jovens que não acreditem se lhes disserem que o dinheiro faz a felicidade. O dinheiro ajuda, a felicidade é, definitivamente, termos saúde, amigos, família e fazermos aquilo de que gostamos e nos realiza como seres humanos, como pessoas.
Não se perdia o sono a procurar a rede 4 ou 5 G, era tudo bem mais simples.
A velhinha e quase eterna cama de molas para encartar, a estante de verga com alguns livros de estudo… e os quartos… serviam para dormir.
Por vezes, tinha que adiar a hora de me deitar porque o meu Pai utilizava, depois de jantar, o espaço da saleta, para dar umas explicações sobre legislação e outros procedimentos administrativos, a colegas que iam fazer concursos de progressão na carreira profissional.
A Duquesa e o Tareco dormiam, praticamente, todas as noites na minha cama.
Quando eu vinha da “cidade” a caminho de casa, à noite e pela solidão da linha do comboio e da Boavista… o Tareco saía-me todas as noites à frente, pelas bandas do Liceu. E lá vínhamos os dois para casa. Nunca cheguei a saber de onde raio aparecia. Já só o via a enroscar-se às minhas pernas.
A Duquesa era mais caseira. A essas horas já ela estava a aquecer a cama. Não havia aquecimento central. Nem local quanto mais central.
A Duquesa era um fenómeno. Talvez alguns, dos que irão ler este escrito, se lembrem dela. Íamos para o Fervença. Quando eu me atirava ao rio ela ia atrás de mim. Se num intervalo das aulas, no novo Liceu, assobiasse de uma certa maneira… só se via um vulto pequenino e de orelhas amarradas a correr desenfreadamente em direcção ao Liceu. Alguns Professores deixavam-na entrar nas aulas. Ela deitava-se aos meus pés e nem um "au au" dava...
Não, não comiam à mesa. Mas comiam.
A Duquesa e o Tareco eram especiais, porque eram eles. Penso que foram felizes e sem nunca terem ido a um veterinário.
É verdade que eram outros tempos e se mal havia um médico para os humanos muito menos haveria um veterinário para os nossos animais domésticos. Domésticos, assim lhes chamavam.
Não eram “bibelots” nem andavam atrelados. Eram livres. Não serviam para exibicionismo dos donos. Não andavam presos a coleiras e não eram ignorados porque os "donos" não tinham telemóveis. Não se discutiam raças nem pedigree. Não se compravam nem se vendiam. Não estavam presos dentro das 4 paredes das habitações e a incomodar os vizinhos. Ninguém os andava a exibir pelos jardins e pelas avenidas.
Não se vestiam com roupas de lã no inverno. Eram apenas Cães e Gatos.
E, quero acreditar que eram felizes.
À semelhança dos humanos, uns tinham mais sorte que outros... tal como hoje,
A foto mostra o meu quarto de jovem. Não era um palácio nem era um estábulo, era o meu quarto de dormir. Um quarto dividido por uma cortina. Do lado de lá, uma pequena saleta, do lado que se vê… o meu quarto. Chegava e sobrava, servia para dormir. Quando estamos a dormir sabemos o valor que têm as mobílias que estão à nossa volta? Não, não sabemos e passamos muitas horas da nossa vida a dormir. Os mais jovens que não acreditem se lhes disserem que o dinheiro faz a felicidade. O dinheiro ajuda, a felicidade é, definitivamente, termos saúde, amigos, família e fazermos aquilo de que gostamos e nos realiza como seres humanos, como pessoas.
Não se perdia o sono a procurar a rede 4 ou 5 G, era tudo bem mais simples.
A velhinha e quase eterna cama de molas para encartar, a estante de verga com alguns livros de estudo… e os quartos… serviam para dormir.
Por vezes, tinha que adiar a hora de me deitar porque o meu Pai utilizava, depois de jantar, o espaço da saleta, para dar umas explicações sobre legislação e outros procedimentos administrativos, a colegas que iam fazer concursos de progressão na carreira profissional.
A Duquesa e o Tareco dormiam, praticamente, todas as noites na minha cama.
Quando eu vinha da “cidade” a caminho de casa, à noite e pela solidão da linha do comboio e da Boavista… o Tareco saía-me todas as noites à frente, pelas bandas do Liceu. E lá vínhamos os dois para casa. Nunca cheguei a saber de onde raio aparecia. Já só o via a enroscar-se às minhas pernas.
A Duquesa era mais caseira. A essas horas já ela estava a aquecer a cama. Não havia aquecimento central. Nem local quanto mais central.
A Duquesa era um fenómeno. Talvez alguns, dos que irão ler este escrito, se lembrem dela. Íamos para o Fervença. Quando eu me atirava ao rio ela ia atrás de mim. Se num intervalo das aulas, no novo Liceu, assobiasse de uma certa maneira… só se via um vulto pequenino e de orelhas amarradas a correr desenfreadamente em direcção ao Liceu. Alguns Professores deixavam-na entrar nas aulas. Ela deitava-se aos meus pés e nem um "au au" dava...
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