Desconhecia a carta que se mantém tão atual. Li-a e reli-a. Aqui fica um pequeno apanhado para quem, tal como acontecia comigo, não a conhece.
HM
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A CARTA DE BRUGES!
A famosa carta de Bruges, escrita pelo infante D. Pedro ao seu irmão D. Duarte, em 1426, devia ser dada nas escolas.
É um documento notável sobre os problemas de Portugal e dos portugueses. É quase um programa de governo, extenso, minucioso e certeiro, de uma visão extraordinária, com muita atualidade, em que o infante das Sete Partidas dá conselhos ao futuro rei sobre tudo. Há 600 anos!
IGREJA
“Há excesso de prelados com escassa preparação, e em quem a vocação é ausente. Clérigos sem cultura, em quem floresce a preguiça e a gula(...).
Quanto aos bispos, entendo que é nefasto o hábito de serem nomeados sem que se acautele que são homens livres de escândalos.”
ESTUDOS SUPERIORES
“Saliento a importância da educação de todos os que dão mostras de aptidão e inteligência, e não apenas dos filhos dos privilegiados(...)
Ricos e pobres devem conviver durante a vida de estudos, em igualdade de tratamento. Defendo a criação de dotações para os estudantes sem recursos.”
IMPOSTOS E POVOAMENTO
“A força reside, em parte, na população. É preciso evitar o despovoamento dos campos e diminuir os tributos que pesam sobre o povo.”
JUSTIÇA
"A justiça parece só existir em Portugal na cabeça do rei e do seu herdeiro; e dá ideia de que lá não sai, porque, se assim não fosse, aqueles que têm por encargo administrá-la comportar-se-iam mais honestamente. A justiça deve dar a cada um aquilo que lhe é devido e deve dar-lho sem delongas(...). O grande mal está na lentidão da justiça”
DEFEITOS DOS PORTUGUESES
"Dos muitos vícios que encontro no nosso povo, falar-vos-ei do gosto pela ostentação vazia, que leva a que todos queiram viver na corte, enjeitando as nobres profissões de seus pais, para se verem afidalgados, entregues ao ócio e ao dinheiro fácil. Enche-se de ociosos a corte e os lugares que deveriam administrar o reino. Vejo nesta situação uma das causas do atraso de Portugal, onde não se cumpre a lei nem se resolvem os entraves.
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