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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Capela de Nossa Senhora da Veiga, Alfaião E a junta de bois estacou por interceção da Virgem!

 Situada na veiga de Alfaião, perto da ribeira do Penacal, no sopé de um castro com vestígios recentes de romanização, a origem da capela supõe-se seiscentista. Frei Agostinho de Santa Maria, na sua obra «Santuário Mariano …» (volume V, 1716, p. 651) anota a sua existência e a grande devoção a “Nossa Senhora das Veygas”, muito “frequentada de romagens”. Mas acrescenta: “não pude descobrir nada dos principios daquella sagrada Imagem, nem da origem daquelle seu Santuario”. 



A tradição oral remete para a história do lavrador que certo dia trabalhava a terra com uma junta de bois em Sumidague, junto ao morro do castro. De repente, os animais espantam-se e correram desenfreados campo fora, arrastando o arado, rumo ao penhasco. Estarrecido face ao que significava a perda dos bens do seu sustento, o «pobre homem» dirigiu os olhos para o Céu e implorou à Virgem Santíssima que lhe acudisse em tamanha aflição. Quando voltou o olhar para os bois viu-os prodigiosamente salvos. Sentindo-se agraciado, afirmou a promessa de ser erguida no local uma ermida em honra de Nossa Senhora da Veiga. O espaço, polivalente e murado, contém a capela, o altar exterior e respectivas pinturas murais além de infraestruturas para apoio das festividades. Festividades que decorrem “in illo tempore” e se realizam actualmente no terceiro Domingo de Agosto, precedido na noite anterior pela procissão de velas da aldeia à veiga.
A capela, rebocada e pintada de branco, tem o frontispício rasgado por portal de moldura recta, encimado por imagem pintada da Senhora da Veiga com o Menino ao colo. A empena é interrompida por pequeno campanário de granito, com um sino inserto em vão de volta perfeita, encimado por cruz trevolada sobre acrotério. Tem dois pontos de entrada de luz quadrangulares emoldurados e gradeados. A fachada lateral esquerda tem janela em capialço e a da direita sacristia adossada.
Relativamente ao tríptico de painéis pintados em técnica de fresco a cores e cinza, datam de Agosto de 2021 e resultaram do labor do pároco, Estevinho Pires, dos mordomos e das mercês dos fiéis. Da autoria de Tânia Pires, coadjudada por Kim Barcenas, retratam os «Sete mistérios de Jesus Cristo e da Virgem Maria»: no da esquerda, realce para a Natividade de Belém, com a Sagrada Família afagados pelo burro e a vaca; no do centro, protegido por alpendre, Maria com o Menino e referência à graça alcançada pelo lavrador; o da direita é alusivo ao Calvário. No interior, onde se sente o contexto mariano que envolve o espaço sacro, a nave tem piso marmoreado, as paredes são rebocadas e pintadas de branco, ladeadas por landins de azulejos azuis e brancos de motivos florais, e o tecto forrado a madeira de pinho em tons azul celeste. Destaque para o púlpito adossado à parede do lado da epístola, uma raridade em capelas, com guarda quadrangular abalaustrada, em madeira, suportado por mísula de granito em pirâmide invertida, sem escada. Seis ex-votos expostos aduzem a agradecimentos à Senhora da Veiga pelas graças atendidas a crentes. A área do altar, sobrelevada, está separada da nave por robusto arco triunfal granítico abatido, com tecto em berço aparente. A mesa das celebrações, de talha policromada assente em duas colunas, apoia-se em plataforma de três degraus.
O retábulo, em talha policromada e dourada, é de três eixos, com quatro colunas salomónicas de capitel coríntio e base anelada, decoradas com pâmpanos, putti, fénices e acantos, de onde evoluem duas arquivoltas unidas por aduelas. Trata-se de um exemplar tardo-barroco, com intervenções no século XX. No eixo central, em arco de volta perfeita e costeira a floreados, está a bonita imagem da Senhora da Veiga com o Menino ao colo desnudado, assente em mísula com anjos no frontal. De vestes rosa e manto azul, dois anjos coroam-na, tendo uma lua aos pés, ou Maria que brilha no meio da escuridão. Está ladeada pelas imagens dos santos pastorinhos de Fátima Jacinta e Francisco Marto, sobre peanha. Quem visite o “santuário” é bafejado por um verdejante ambiente campestre em simbiose com a modernidade religiosa dos murais, testemunhos da «doce Virgem Maria» – Senhora da Veiga!

Susana Cipriano e Abílio Lousada

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