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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Mês de Fevereiro, do Entrudo, que ao passar, nos ajudou a sonhar.

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Dois terços do mês de Fevereiro de 2024 estão passados e com eles a mesma regra de medição podemos usar no respeitante ao Inverno. Fevereiro, quando eu era menino era o mês do Carnaval e da Morte e Censura isto na minha memória e porque estamos no terceiro terço do dito e só hoje me recordei de uma tradição lá de casa que era tão só a que mais impressa ficou no meu rol de recordações guardadas da minha mãe e do seu largo acervo de pratos deliciosos que eu incluo nas mais gratas recordações que me acompanharam até aqui.
Todos os anos no tempo de fazer o fumeiro ela atempadamente preparava uma tripa do porco, que era a mais larga e a que depois de cheia com a massa que era a base das alheiras à qual ainda não se tinha adicionado o alho, que é o elemento essencial das alheiras  e as distingue  do sabor dos azedos que são enchidos na tripa do porco que seca se torna azeda e confere um paladar  excelente, tendo a vantagem de com os mesmos ingredientes com excepção do alho e da tripa se obter um produto deferente, na textura e no sabor.
A minha mãe recordo bem, era zelosa dos seus métodos e costumes já que o PALAIO era  consumido  invariavelmente no dia de Carnaval  ao almoço.
Vem toda esta recordação a talhe de foice, porque hoje a meteorologia cá no fundo das minhas entranhas é a que eu retive no mais íntimo das minhas lembranças como o tempo ideal para se saborearem as iguarias da nossa terra, porque o que fez a tradição e hoje faz tão popular o consumo destas maravilhas é o juntar o frio que faz na rua com o quentinho que está cá dentro.
Pensar em preparar um PALAIO, lavá-lo bem, pôr num tabuleiro de ir ao forno com azeite q.b. batatas para assar q.b., cebola e um raminho de alecrim. Meta ao forno e deixe assar lentamente até que a pele do chouriço comece a estalar e o cheiro dos vários ingredientes se misturem e saltem do forno para a cozinha e seja feita e cumprida a tradição de ser consumida à mesa desta para não se perder nem o cheiro, nem o sabor.
Este ano já não dará para ser no dia de Carnaval, mas pró ano ainda é tempo.
Às pessoas da minha idade não necessitarei de as mobilizar para estas tarefas que eram tão correntes noutro tempo e que podem parecer absurdas hoje, mas eu continuo a achar que é melhor mantermos o nosso metabolismo devidamente equilibrado e deixarmo-nos desses venenos que os americanos e sus muchachos nos querem fazer consumir.
Sei que não é fácil cobrir a necessidade de comermos qualquer coisa diariamente mas por capricho ou por decisão fundamentada, façamos por consumirmos o que durante séculos nos consolou e ajudou a crescermos.



Bragança, 23 de fevereiro de 2024
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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