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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Cadeia Civil de Bragança

Portugal, Bragança, Bragança, Santa Maria
Arquitectura prisional, do séc. 18 e 20. Cadeia civil de construção setecentista e reformada no séc. 20, de planta rectangular e fachada principal de dois pisos, com cunhais apilastrados, terminada em friso e cornija e rasgada por vãos rectilíneos de molduras simples, possuindo no pano da entrada portal em arco, encimado por brasão.
FOTO.00947121
Número IPA Antigo: PT010402420387
Categoria
Monumento
Descrição
Planta rectangular, composta por dois corpos, o da direita bastante estreito, com cobertura diferenciada em telhado de duas águas, rematada em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de bege, com pilastras nos cunhais, terminadas em cornija e rasgadas por vãos rectilíneos de molduras simples. Fachada principal virada a N., de dois pisos e de dois panos, o da direita correspondendo à zona de entrada, mais baixo, revestido a cantaria, rasgado por portal em arco sobre falsas mísulas, protegido por portão de ferro com a data de 1903 inscrita, e terminado por brasão nacional entre rocalhas e dois pináculos, o da direita de vulto e o da esquerda marcado na pilastra do pano comprido. Este é rasgado por cinco eixos de vãos, correspondendo no piso térreo a portais e no segundo piso a janelas de peitoril, existindo entre os vãos cornija recta; o eixo da direita apresenta os vãos sensivelmente mais largos e encimados por cornija de massa, de perfil abatido e com beirada simples; a janela tem também portadas exteriores de madeira, tipo rótulas. Fachada posterior de três pisos, abrindo-se nos dois superiores janelas de peitoril, com cornija recta intermédia e, a meio, porta com ligação ao logradouro por escada de alvenaria, rebocada e pintada, com amplo patamar.
Acessos
Largo do General Sepúlveda, nº 2-6 (Largo do Principal, Praça de Baixo ou Largo de São Vicente)
Protecção
Inexistente
Grau
5 - registo em pré-inventário com um preenchimento mínimo dos campos… e pressupondo a existência de um registo iconográfico.
Enquadramento
Urbano, flanqueado por edifícios de cércea mais baixa, adaptado ao declive do terreno, possuindo passeio separador. Integra-se na malha urbana do centro histórico, virada a uma das principais praças, calcetada a alvenaria de xisto, definida pela confluência de arruamentos que, da Praça da Sé se desenvolvem até ao Castelo (v. PT010402420003). À fachada lateral esquerda adossa-se antigo edifício da Obra Social do Padre Miguel. Na face N. da praça ergue-se a Igreja de São Vicente (v. PT010402420086), a Fonte do Largo do Principal (PT010402420295) e o Passo da Via Sacra (v. PT010402420274), na face E. a chamada Casa do Principal (v. PT010402420030) e, ao centro, o obelisco em homenagem aos Mortos da Grande Guerra. Na fachada posterior, possui pátio sobre plataforma niveladora do grande declive ali existente e, em frente, ergue-se a Ponte das Tinarias ou dos Açougues (v. PT010402420037), que estabelece a ligação entre a cidade e o bairro Além do Rio.
Descrição Complementar
Sobre o portal principal possui escudo francês, com as armas reais [de prata], com cinco escudetes [de azul] postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes em cruz [de prata] e bordadura [de vermelho] carregada de sete castelos [de oiro]; encima-o coroa aberta.
Utilização Inicial
Prisional: cadeia civil
Utilização Actual
Residencial: casa / Devoluto
Propriedade
Pública: municipal
Afectação
Sem afectação
Época Construção
Séc. 18 / 20
Arquitecto / Construtor / Autor
Desconhecido.
Cronologia
1503, 25 Julho - Câmara de Bragança compra ao alcaide-mor Lopo de Sousa as casas que haviam sido sinagoga dos judeus com seu curral para servirem de casa da cadeia e em troca dava-lhe as casas em que então estavam os presos, com "logeas e sobrado em preço de seis mil reaes brancos"; 8 Agosto - posse das casas que até ali haviam servido de cadeia do concelho, entregando para esse fim a sinagoga existente dentro dos muros do castelo; 1594 - Câmara diligencia junto ao duque de Bragança para se construir um nova prisão, visto que a existente ficava "fora de mão" e não tinha segurança; o Duque escreve ao juiz, vereadores e procurador da cidade mandando fazer outra cadeia ao meio da cidade, por cima de São Vicente, onde havia vago um sítio; 1671, 11 Janeiro - o príncipe regente manda recolher os presos na torre de menagem do castelo devido à cadeia estar em mau estado; 1684, 7 Novembro - arrematação da obra de reparação da cadeia por Domingos Esteves, da cidade, por 16$000; não havendo carcereiro na cadeia, os moradores da cidade tinham de guardar os presos, com algum prejuízo para as suas fazendas; 1685 - Câmara compromete-se a dar anualmente ao alcaide-mor, Lázaro de Figueiredo Sarmento, 20$000 para que com essa verba pudesse haver um carcereiro e "capas e sufeciente" para tomar conta da cadeira; 1721 - já não existiam as casas da antiga sinagoga havendo no local apenas um poço; 1723 - escritura de venda de uma casa que havia pertencido ao padre Diogo Branco a José Alves, situada na Costa Pequena, permitindo perceber que a cadeia ficava entre a Costa Pequena e a Rua da Amargura; 1732 - a cadeia já não cumpria a sua função devido à "danificação" em que se encontrava pelo que o rei, na sequência da exposição do juiz de fora, manda conduzir os três presos que então ali estavam para a Relação do Porto, dando simultaneamente instruções para a sua reedificação; 1757 - data do requerimento do recluso João de Morais Pimentel, solicitando a sua transferência para a cadeia de Gostei devido à de Bragança se achar "incapaz", por ser muito húmida, sombria, "infezada pello sitio ser muito nocivo à saúde, e sem comodidade para os enfermos, e tão bem muito desabrigada"; Outubro - documento do tabelião Caetano de Prada Lobo refere que a cadeia era "pequena e somente com duas cazas e sem repartimentos e muito fria, e desabrigada", e com "as latrinas dentro della sem se levarem pera fora"; 1758 - a cadeia ocupava um edifício de dois pisos em frente da Igreja de São Vicente, mas estava em estado horroroso; as janelas viradas a N. deviam ser muito pequenas, visto que não permitiam a purificação do ar; no primeiro piso, os presos dormiam sobre a terra, recebendo a humidade e o frio, sofrendo por isso diversas e graves doenças; os reclusos do segundo piso corriam o perigo "de quebrarem as pernas nos infenitos boracos, que tem o sobrado"; por não ter latrinas, a sujidade amontoava-se até que alguma pessoa das aldeias vizinhas, obrigadas à sua limpeza, ali fossem executar essa tarefa; o juiz de fora propõe que em cada uma das quatro casas da cadeia se abrisse uma janela para o lado do rio, em correspondência com as viradas a N., possibilitando a renovação do ar e a exposição solar; propunha o aproveitamento da água da chuva ou os excedentes da fonte da praça de São Vicente para a cadeia, conduzindo essa água por cano; acrescentava ainda a necessidade de consertar o sobrado, construir estrado para as enxovias e, com urgência, picar e rebocar as paredes; como a Câmara não tinha verbas suficientes para as obras, orçadas em 500$000, tornava-se necessário o lançamento de uma finta repartida entre os 5000 fogos ou mais do termo da cidade; o rei concede provisão para com o imposto se angariarem 2000 cruzados necessários para a execução da obra; 1788, 17 Janeiro - provisão da rainha D. Maria I autorizando a Câmara de Bragança a repartir pelos moradores da cidade e seu termo, sem excepção de pessoas eclesiásticas ou privilegiados, a contribuição em derrama de 300$000 para ocorrer às despesas de reparação da cadeia civil, visto estar mal segura, permitindo frequentes fugas de presos; 1801 - marcação da cadeia no local na planta de Luís Gomes de Carvalho; 1903 - data inscrita no portão da entrada principal da cadeia assinalando reforma da mesma; 25 Março - inauguração de um posto antropométrico na cadeia de Bragança, por iniciativa do delegado do procurador régio na comarca de Bragança, o Dr. Norberto Augusto de Carvalho, com o objectivo de mensuração dos indivíduos presos, de modo a fixar a sua individualidade e facilitar o reconhecimento da identidade dos criminosos reincidentes; séc. 20, meados - construção da cadeia comarcã de Bragança, levando ao abandono da cadeia civil; posteriormente procedeu-se à subdivisão interior do edifício, que passou a ser ocupado por vários inquilinos.
Características Particulares
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes portantes.
Materiais
Estrutura rebocada e pintada; pilastras, frisos, cornija e molduras dos vãos em cantaria de granito; portas, portadas de madeira e em ferro; caixilharia de madeira; vidros simples; estores em material plástico; algerozes metálicos; cobertura de telha.
Bibliografia
ALVES, Francisco Manuel (Abade de Baal), Bragança. Memórias Arqueológicas do Distrito De Bragança, Tomo I, Santa Maria da Feira, Câmara Municipal de Bragança / Instituto Português de Museus - Museu do Abade de Baçal, 2000, pp.253-255; BERENGUEL, Alda, FREIXO, Fernando, RODRIGUES, Luís Alexandre, Presidentes da Câmara de Bragança. Da República aos nossos dias, Bragança, Câmara Municipal de Bragança, 2004; LOPES, Roger Teixeira, Heráldica do Concelho de Bragança, Viseu, João Azevedo Editor, 1996; RODRIGUES, Luís Alexandre, Bragança no século XVIII. Urbanismo. Arquitectura, Bragança, Junta de Freguesia da Sé, 1997.
Documentação Gráfica
GEAEM: Planta da cidade de Bragança, e suas dependencias…, Luís Gomes de Carvalho, 1801, ms. (3829-1-4A-8)
Documentação Fotográfica
IHRU SIPA
Documentação Administrativa
Intervenção Realizada
1910 / 1911 - conservação dos edifícios da cadeia civil.
Observações
EM ESTUDO
Autor e Data
Paula Noé 2011

in:monumentos.pt

1 comentário:

  1. Conheço bem o edifício. Morei nele depois de inaugurada a prisão actual, por cedência da Câmara Municipal, por volta de 1950, pois o meu pai era o «ti Américo» jardineiro. Éramos uma família grande e os recursos pequenos. Também foi local de ensaios da banda de música OS ZINGAROS. Depois foi vendida por 100 «contos» à mãe do coronel Argentino Seixas, Dª Prazeres e tivemos que sair de lá. Boas recordações do tempo que lá morei. Tínhamos espaço de sobra para brincar

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