Portugal, Bragança, Bragança, Sé
Arquitetura político-administrativa, oitocentista. Câmara municipal de planta rectangular com fachadas evoluindo em dois pisos, de cunhais apilastrados, terminadas em friso, cornija e platibanda plena, e rasgadas regularmente por vãos abatidos, com molduras percorridas por filete e com recorte lateral.
A fachada principal tem três panos, o central mais estreito, rematado em frontão triangular, com as armas do município no tímpano, e rasgado por vãos em arco de volta perfeita, correspondendo a portais no térreo e a janelas de sacada comum no andar nobre.
Os panos laterais são simétricos, abertos por janelas de peitoril no primeiro piso e de varandim no segundo, tendo a fachada lateral esquerda o mesmo esquema de fenestração; a fachada posterior é muito mais simples e depurada. No interior, destaca-se o vestíbulo, com tecto de estuques relevados, a partir do qual se desenvolve escada para o andar nobre, coberta por claraboia oval, envolvida por decoração em estuques relevados.
Número IPA Antigo: PT010402450403
Categoria
Monumento
Descrição
Planta rectangular, de massa simples e coberturas homogéneas em telhados de quatro águas, rematadas em beirada simples, integrando clarabóia envidraçada central. Fachadas de dois pisos, rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, terminadas em friso, ritmado por argolas de ferro, e cornija, sobreposta por platibanda plena, com pilastras colossais nos cunhais, coroadas por vasos; são rasgadas regularmente por vãos de verga abatida, de molduras percorridas por pequeno filete e com recorte lateral, e com caixilharia de duas folhas e bandeira.
Fachada principal virada a S. de três panos, definidos por pilastras, o central mais estreito, e terminado em frontão triangular com brasão municipal no tímpano; é rasgado por dois eixos de vãos, correspondendo no piso térreo a dois portais, em arco de volta perfeita, com chave relevada, e bandeira gradeada, e no segundo a duas janelas de sacada, igualmente em arco de volta perfeita e com guarda em ferro.
Nos panos laterais rasgam-se, de cada lado, três eixos de vãos, correspondendo a janelas de peitoril no piso térreo e a janelas de varandim com guarda em ferro forjado no segundo piso. Fachada lateral esquerda com os pisos separados por friso e rasgada por cinco eixos de vãos, correspondendo a janelas de peitoril no primeiro piso e a de varandim no segundo.
A fachada posterior é rasgada por janelas de peitoril de moldura simples em ambos os pisos, sendo as do piso térreo rasgadas a ritmo mais irregular, sem bandeira e abrindo-se ainda três portais. INTERIOR com vestíbulo rectangular central, com tecto de estuque, formando pequena quadrícula de motivos quadrifoliados relevados. À esquerda comunica com a antecâmara do auditório Paulo Quintela, onde está patente a toponímica da cidade, e à direita com a secretaria; neste piso existem ainda salas de apoio a actividades culturais e instalações sanitárias. Frontalmente desenvolve-se escada de acesso ao andar nobre, de três lances, o primeiro comum, e com guarda em madeira; no patamar intermédio e no final possui cadeiral de espaldar recortado e rematado em concheado, o primeiro encimado por amplo quadro, com as armas do município, de moldura ornada com concheados.
A caixa das escadas possui cobertura plana integrando ao centro claraboia oval envidraçada, com tambor decorado por estuques relevados, com elementos fitomórficos e anjos inseridos em cartelas circulares. No segundo piso organizam-se salas amplas, uma com pavimento cerâmico e mesa com cadeiras de espaldar gravado com as armas municipais, e outra revestida a corticite. Sensivelmente a meio, do lado direito, desenvolve-se escada para o sótão.
Acessos
Rua Abílio Beça, nº 75-77, Rua Marquês de Pombal
Protecção
Inexistente
Grau
3 – imóvel ou conjunto de acompanhamento que, sem possuir características individuais a assinalar, colabora na qualidade do espaço urbano ou na ligação do tempo com o lugar, devendo ser preservado em tal medida. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Valor Concelhio / Imóvel de Interesse Municipal e outras classificações locais.
Enquadramento
Urbano, adossado, disposto de gaveto num dos quarteirões do centro histórico, possuindo a fachada principal virada a um dos arruamentos que, desenvolvido a partir da Praça do Colégio, conduz ao Largo da Igreja de São Vicente (v. PT010402420086) e depois até ao Castelo (v. PT010402420003). Junto à fachada posterior possui pequeno pátio vedado. Nas imediações ergue-se a Igreja e Hospital da Misericórdia (v. PT010402420052) e, na mesma rua, o Solar Sá Vargas ou Centro de Arte Contemporânea de Bragança (v. PT010402450049), o Paço Episcopal de Bragança / Museu do Abade de Baçal (v. PT010402420022) e outros edifícios de interesse arquitectónico.
Descrição Complementar
O brasão do tímpano tem escudo peninsular [de vermelho], com um castelo de ouro, aberto e iluminado [de azul], tendo a torre central, carregadas pelas quinas antigas de Portugal; em chefe, surgem cinco estrelas de ouro em faixas; coroa mural de prata de cinco torres (equivalente a cidade); envolve-o colar de Torre e Espada. No vestíbulo existem duas lápides em mármore, com inscrições; numa reza: "EVOCAÇÃO DA VISITA DE SUA EXA. / O PRESIDENTE DA REPÚBLICA / DR. JORGE SAMPAIO / BRAGANÇA 22 DE OUTUBRO DE 1999"; na outra "NESTE EDIFÍCIO FUNCIONOU / A PRESIDENCIA DA REPÚBLICA / DE 15 A 26 DE FEVEREIRO DE 1987 / SENDO PRESIDENTE O DR. MÁRIO SOARES".
Utilização Inicial
Político-administrativa: câmara municipal
Utilização Actual
Político-administrativa: assembleia municipal
Propriedade
Pública: municipal
Afectação
Sem afetação
Época Construção
Séc. 20
Arquitecto / Construtor / Autor
Desconhecido.
Cronologia
1793 - Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda compra a D. Mariana Josefa Joaquina de Ataíde Vasconcelos, viúva de Francisco Inácio Borges Rebelo "huas cazas nobres sitas na rua do Espírito Santo desta cidade, por baixo da Santa Igreja da Mezireicordia"; 1910 - obras de preparação do edifício para receber o rei D. Manuel II durante a visita à cidade de Bragança, a qual acabou por não se concretizar; 1937, 1 março - em sessão da Câmara delibera-se adquirir o palacete de Nuno da Cunha Pimentel, e que havia sido do Visconde de Ervedosa, filho do Tenente General Gomes de Sepúlveda, para instalação dos paços do concelho e de outras repartições públicas, deliberando-se também que o pagamento da primeira prestação e as imprescindíveis obras de adaptação e reparação fossem custeadas com o produto ainda intacto destinado à construção do mercado municipal; posteriormente procedeu-se à compra do palacete e procedeu-se à sua alteração ou construção do atual no mesmo local; 1982 - data até à qual aqui esteve instalada a sede do município; posteriormente recebeu obras de adaptação para instalação do Centro Cultural; 1987, 15 a 26 fevereiro - aqui esteve instalado a Presidência da República, sendo presidente o Dr. Mário Soares.
Características Particulares
Segue a tipologia dos edifícios oitocentistas, desconhecendo-se, no entanto, se aproveitou a estrutura do palacete existente no local ou se foi construído de raiz, na década de 1940. Na fachada principal destaca-se o pano central, pelo remate alteado e distinto e pela diferente modinatura dos vãos. Referência a algum do mobiliário interior, em revivalismo neobarroco e com as armas do município nos espaldares das cadeiras.
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes portantes.
Materiais
Estrutura rebocada e pintada; embasamento, pilastras, frisos, cornijas, platibanda e molduras dos vãos em cantaria de granito; guardas em ferro forjado; portas e caixilharia de madeira; vidros simples; algerozes metálicos; pavimentos de lajes, de corticite e cerâmicos; revestimentos a corticite; tectos de estuque decorativo, simples ou de madeira; cobertura de telha e clarabóia metálica envidraçada.
Bibliografia
BERENGUEL, Alda, FREIXO, Fernando, RODRIGUES, Luís Alexandre, Presidentes da Câmara de Bragança. Da República aos nossos dias, Bragança, Câmara Municipal de Bragança, 2004; FERNANDES, José Augusto de Pêra, O Sumo das Pedras de Bragança, Bragança, Freguesia de Santa Maria de Bragança, 2008; JÚNIOR, Francisco Felgueiras, Roteiro e Escorço Histórico da Cidade de Bragança, Bragança, Amigos de Bragança, 1964; LOPES, Roger Teixeira, Heráldica do Concelho de Bragança, Viseu, João Azevedo e Terra Transmontana, 1996; RODRIGUES, Luís Alexandre, Bragança no século XVIII. Urbanismo. Arquitectura, Bragança, Junta de Freguesia da Sé, 1997.
Documentação Gráfica
Documentação Fotográfica
IHRU: SIPA
Documentação Administrativa
Intervenção Realizada
Proprietário: 1982, depois - obras de recuperação e adaptação a Centro Cultural.
Observações
Autor e Data
Paula Noé 2012
in:monumentos.pt
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