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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Em política o crime compensa muito mais

      OPINIÃO
Barroso da Fonte
A primeira semana de Julho de 2013 ficará a marcar, negativamente, a vida dos Portugueses, como aviso à fragilidade democrática. O verdadeiro Povo que já está farto de eleições e que prefere ver futebol nas televisões a ouvir falar (sempre) os mesmos políticos, não conseguiu libertar-se dessa pecha: futebol a menos e política a mais. Sempre as mesmas caras, as mesmas cenas, os mesmos palavrões. As oposições a repetirem os argumentos que proferiram desde que começou a haver  eleições democráticas. Os governantes a recorrerem aos glossários do contraditório. Uma semana inteira que deu para lavar toda a roupa suja dos que governam e dos que desesperam pelo seu regresso ao poder.

A situação do país que já era má, ficou pior. Amedrontou os cidadãos residentes e ausentes.

Foi  tema de falatório em todo o mundo. Sempre pelos piores motivos. Junho fora um mês de greves. Os alunos inocularam na retina e no cérebro, gestos, palavrões e ameaças que vão  engrossar o léxico da lusofonia «mais remendada do que capa de pedinte». Julho ainda não se refez das picardias do matreiro Paulo Portas que já tramara Marcelo, Durão Barroso, Santana Lopes e, agora, Passos Coelho. Que se cuidem os futuristas!

Passos soube honrar o aforismo «antes quebrar que torcer». Mas Cavaco não cairá noutra se até ao fim do mandato a matreirice do ambicioso Paulinho das Feiras, teimar em jogos de cabra-cega.

Recordo as palavras do meu mestre Alfredo Pimenta (1882-1950) proferidas em Outubro de 1948.

«O governo de todos é um mito, porque é o absurdo. A sociedade é uma realidade e o governo é outra. Não há sociedade sem governo, segundo A. Comte. Pode governar um, podem governar alguns; mas não podem governar todos. A Democracia é o governo de todos; é um conceito metafísico, abstração pura». E Alfredo Pimenta que foi anarquista, republicano e monárquico, justifica-se por estas palavras: «A democracia nunca se realizou. A Sociedade que tentasse realizá-la suicidar-se-ia. Exactamente porque a democracia - reafirma - é a negação da organização e da hierarquia: todos mandam, todos governam, todos são soberanos. O mal dela está, antes de mais nada, no mito que a constitui, na mentira que representa, na mistificação idiota que personifica».

Não invoco, aqui e agora, Alfredo Pimenta, para dizer que concordo com ele. Mas  que foi um dos mais destacados servidores do Estado Novo e que deixou ao país grandes contributos políticos durante as várias fases partidárias em que militou: o anarquismo nos verdes anos universitários, em Coimbra; o republicanismo que professou entre 1910 e 1915; no evolucionismo de que foi deputado por Guimarães, em 1918; e monárquico nos últimos anos, mesmo assim, com muitas polémicas com a Igreja, contra o Bispo de Miranda e Bragança e com a própria Monarquia formal.

Retomo o calor político que tolheu a primeira semana deste mês e do qual ainda estamos todos a refazer-nos. Até agora ainda ninguém está em condições de, em coerência, afirmar quem foram os maus da fita: se o governo no seu todo, se o Presidente do CDS, se o Presidente do Partido do Governo. Uma coisa se sabe: é que os partidos da esquerda tudo fizeram, para derrotar na rua, a maioria absoluta que foi ganha em eleições. Outra coisa não é menos certa: todos esses partidos têm vindo a tratar o Presidente da República, em letreiros, em vaias, em linguagem corrente, como se fosse anti-democrata, um tirano, um usurpador. E a esse papel se têm prestado comentadores políticos,  líderes partidários, gente da rua que repercute no calor da multidão, palavrões que numa sociedade culta, civilizada e zelosa do primado dos valores, não seria tolerável.

Devo ter sido dos poucos jornalistas Portugueses que quando o governo de Sócrates caiu, escrevi que seria um erro promover eleições. Ele fora eleito para 4 anos. E só agora estaria cumprido o 2º mandato para que fora eleito. Do mesmo modo: o actual governo foi eleito, com maioria absoluta, para um mandato de 4 anos. Não deve repetir-se a deplorável decisão que Jorge Sampaio tomou quando fez vista grossa à maioria parlamentar que sustentava Santana Lopes no poder. Nenhum outro PR, até hoje, foi mais fanático a favor da sua família partidária do que ele. Talvez alguns políticos de esquerda já não se lembrem. Mas foi ele tão faccioso que deu tempo a que o PS se preparasse para eleições, porque se ele não tivesse retardado esse derrube, o PS dificilmente, teria ganho as eleições.

Raramente abordo temas políticos nas minhas crónicas. Já aqui disse que entre 1984 e 2005 estive ligado à política, quer como vereador quer como deputado municipal. Por discordâncias culturais desliguei-me do partido que me convidara e não mais estive ou estarei vinculado a qualquer formação. Como funcionário público, reformado desde 1996, tenho sido «espoliado» como todos os outros. Nem podia ser de outra maneira.  Mas que esta democracia já deu para tudo, até para medir a ânsia de poder e, sobretudo, a incoerência de quem fez pior e teima em proclamar-se modelo democrático, não é mentira nenhuma.

Barroso da Fonte
in:jornal.netbila.net

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