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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

O Motim e a questão do Seminário de Bragança

Na noite de 12 para 13 de dezembro de 1904, ocorre o Motim do Seminário, concretizado na revolta e tumultos provocados pelos estudantes, que invocam excessos disciplinares, redundando em algumas expulsões. Os graves e ulteriores acontecimentos, relacionados com o desenvolvimento deste caso, que visam, fundamentalmente, a controversa figura do bispo José Alves de Mariz, vão dividir os monárquicos e os próprios católicos e resultam em acusações, denúncias, discussões apaixonadas, insultos, manifestações, convulsões sociais e até um atentado.


Entre 1905 e 1908, há publicações sobre esta polémica que, como diz o Abade de Baçal, “levantou celeuma enorme em que a paixão pró e contra teve largo quinhão”. Este caso, com todos os seus desenvolvimentos, porque encontra eco na imprensa nacional e assume nítidos contornos e aproveitamentos políticos, vai dar uma visibilidade especial à urbe.
Na noite de 13 de dezembro de 1909, uma bomba de dinamite “foi colocada no seminário episcopal, por debaixo dos aposentos privados do bispo. Rebentando a bomba, causou grandes destroços no edifício. O prelado não estava ali… Foram, porém contraproducentes os resultados de tão inflamados incitamentos: este crime frustrado deu ensejo a que todas as classes de Bragança… fossem numerosamente representadas ao Paço Episcopal apresentar ao sr. D. José de Mariz o testemunho da sua respeitosa estima e da desaprovação do bárbaro atentado”, refere O Nordeste de 13 de dezembro de 1909.
Assim se documenta o aumento da conflitualidade latente na urbe: “o contexto político radicaliza-se a vários níveis e esta conflitualidade objetiva-se em comportamentos sociais mais ou menos violentos, passando-se facilmente da esfera especulativa à atuação fisicamente violenta“, como comprova o atentado de que o bispo foi alvo.
Não cabe aqui historiar este conturbado e dramático folhetim, com episódios e ressonâncias que chegam a 1912.
Com todas as suas circunstâncias, desenvolvimentos e implicações de natureza religiosa, ideológica, política, cultural e social, é a prova de que complexas e melindrosas questões religiosas, onde avulta uma forte componente anticlerical, são anteriores à República e que, por vezes, mais do que as rivalidades e os confrontos políticos, criam tensões e mobilizam paixões. Clivagens religiosas marcam a sociedade – tanto ou mais, porventura, do que a divisão entre monárquicos e republicanos – e vão ser responsáveis por uma grave conflitualidade.
Todos estes acontecimentos traduzem, ainda, outros conflitos que existem na sociedade portuguesa: lutas de pequenos poderes, quezílias políticas, disputas entre membros das elites e da hierarquia religiosa, jogos de interesses que envolvem, em campos opostos, figuras gradas do meio que procuram arregimentar forças para as suas causas.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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