domingo, 10 de janeiro de 2021

O conteúdo político da imprensa Bragançana no século XIX

...CONTINUAÇÃO...
Nem sempre a teoria condiz com a prática, ou, se quisermos, há muitas formas de entender os princípios gerais de qualquer teoria e de os levar à prática. Por isso, para lá dos estatutos editoriais, temos agora que analisar os conteúdos concretos predominantes nas páginas dos jornais de Bragança, começando precisamente pelo compromisso ideológico, vinculação político-partidária, intervenção político-social, defesa das potencialidades da região, ataques à administração central e reivindicação de investimentos na região, ataques à administração local e defesa de grupos especiais específicos.

Primeira página do 1.º número de O Democrata

Compromisso ideológico


Os compromissos ideológicos assumidos nos respetivos estatutos editoriais têm expressão prática em muitos textos dos diferentes jornais. Esses compromissos ideológicos passam ou pela defesa dos valores do regime monárquico, ainda que com diferentes perspetivas partidárias, ou pela defesa dos valores da mudança de regime por parte dos jornais republicanos, embora num quadro de evolução democrática, sem o recurso às armas.
Dentro deste parâmetro, podemos ainda incluir a defesa dos valores religiosos, preocupação que é bem explícita nalguns jornais, que aliás eram dirigidos por sacerdotes, como no caso do Norte Trasmontano, dizendo-se “progressistas à antiga, patuleias de alma e coração, sem por isso deixarmos de ser católicos convictos e confessos, e seguir os ensinamentos de SS. Leão XIII, dando a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”.

Vinculação político-partidária

Um outro tema que absorve grande parte das páginas dos jornais em análise é a defesa dos interesses dos partidos ou do grupo social a que cada um se acha vinculado. Dentro deste parâmetro, os temas mais comuns são a defesa do próprio partido, a crítica dos partidos adversários e também a crítica dos adversários internos, isto é, dos adversários dentro do partido.
Em relação à defesa da força partidária, a que estavam vinculados, são vários os textos que exemplificam tal posição. Por exemplo, O Brigantino defenderá que “o Partido Progressista é simplesmente o partido dos grandes homens portugueses, de Passos Manuel, de José Estêvão, de Sá da Bandeira, do duque de Loulé, do bispo de Viseu, de Anselmo Bramcamp, e de muitos outros que consagraram a vida inteira ao bem-estar da Nação”.
“Levam-nos também para este campo as afeições de família, pessoas nossas que já morreram, que foram soldados fiéis do Partido Histórico, o primeiro que conhecemos, e por quem nos temos sempre sacrificado até hoje.” Ou O Norte Trasmontano, afirmando “que da parte do grosso do Partido Progressista deste Distrito e do seu indiscutido chefe, sr. conselheiro Eduardo José Coelho, nosso muito prezado amigo, há toda a vontade de bem servir esta terra, que tanto lhe deve já, mas à qual ele não é menos devedor”.
Por vezes, a defesa do próprio partido mais parece a defesa dos interesses clientelares para os seus apaniguados, como se verifica através do texto do jornal progressista, O Norte Trasmontano: “Os persistentes boatos da queda do Governo, anunciados pelos jornais de Lisboa e Porto, têm despertado aqui uma certa agitação nos numerosos e dedicados adeptos do Partido Progressista desta Cidade”. “Nós, por enquanto, abstemo-nos de emitir opinião sobre o assunto, vista a falta de seriedade que se está observando nas questões políticas, e que não permite se façam quaisquer suposições, ainda as mais bem fundamentadas; todavia, não deixamos de animar os nossos estimáveis correligionários a que tenham esperanças num futuro muito próximo”.
Os jornais republicanos também não deixam de enaltecer as suas figuras e, através delas, a mudança de regime que propugnam, como se verifica através de O Democrata: “foi tão-somente ele [José Falcão] que soube persuadir, com singelas demonstrações de palavras, como a suprema magistratura de um País, exercida hereditariamente ou pela indicação dum útero, é fatal e nociva ao bem-estar nacional, ofensiva da dignidade humana e absurda à própria razão; ao passo que exercida pela indicação da vontade nacional, seria a maior garantia do direito de cada um, e o eficaz sustentáculo do direito e haveres da coletividade chamada Nação”.
Lendo as críticas que os jornais faziam uns aos outros e aos partidos adversários, facilmente concluímos que a maior parte deles era apologista do princípio de que a melhor defesa é o ataque. Daí que apareçam com frequência ataques, quer dos monárquicos de um partido contra os monárquicos do outro partido, quer dos jornais monárquicos de um partido contra os jornais monárquicos do mesmo partido, quer, finalmente, dos periódicos republicanos contra periódicos monárquicos.
O Norte Trasmontano irá referir que é “bem triste a situação em que nos encontramos. Triste pelo mal que acusa, tristíssima pelos sintomas que revela”. “A política pessoal, o domínio dos corrilhos e das camarilhas continuam ovantes e não se vê em parte alguma um raio de esperança, sequer, de isto vir a acabar”. “A morte de Lobo d’Ávila que devia ser para o Governo e seus tutores uma advertência salutar, ainda mais os convenceu de que o caminho que seguiam, e tanto tem desacreditado as instituições e ultrajado o País, era o único viável e aquele por onde podiam caminhar a san peur et san reproche!”.
Outras vezes, eram os adversários dentro do próprio partido que sofriam os ataques do seu jornal, fustigados com textos agressivos, como no caso dos responsáveis pela gestão municipal do Partido Progressista, o mesmo partido, afinal, do jornal que os exautora, o Nordeste:
“Na quinta-feira última, decidiu a Câmara deste Concelho as reclamações que contra a contribuição municipal se lhe apresentaram alguns empregados públicos, indeferindo-as todas. O fundamento das reclamações era a falta de base em que incidisse a contribuição de 1888. Por isso que tanto a deste ano como a do ano futuro só podiam recair sobre o ordenado do ano corrente, como se prova por certidões passadas pelo secretário da
Câmara, e como se demonstra com umas considerações legais que não reproduzimos para não moer a paciência dos leitores”.
“Em virtude da resolução da Câmara (e isto basta para que se faça ideia da justiça com que aquela corporação decide), há empregados que tomaram posse do seu emprego em março de 1886, completando 21 meses de exercício no fim de dezembro de 1888, e contudo no fim daquele mês estão debitados à Câmara por contribuições de 36 meses! Não será Falperra, que com tal intenção não lançaria a Câmara o imposto, mas é uma verdadeira espoliação tributária”.
“Será muito atendível a consideração de que a Câmara precisa de dinheiro, mas nesse caso podem também os vereadores ir de trabuco em punho pedi-lo nas estradas: o fundamento é o mesmo”. “E se ainda se visse algum proveito das suas exageradíssimas contribuições e das duplicações das coletas…, mas infelizmente, a atual Câmara nem paga a quem deve, nem faz obras, nem ao menos satisfaz convenientemente essas despesas de iluminação e asseio, que são a primeira necessidade de uma terra civilizada”. “Se os progressistas não têm outra gente para ocupar neste Concelho as cadeiras curis, podem limpar as mãos à parede. Os regeneradores dissipariam, mas eram mais cuidadosos, mais patriotas e mais justos”.
Mais contundentes são os jornais republicanos contra os seus adversários políticos, que tanto podem ser os outros partidos como as classes sociais que sustentam a Monarquia, nomeadamente o clero, o exército e a nobreza.
Vejamos, por exemplo, O Democrata, em 1896: “Dispondo o povo duma imensa e invencível força que, infelizmente, não conhece, e muitíssimo pervertida pelos desmandos de toda a ordem, de que os governos monárquicos o têm feito participante, é necessário procurar dizer o que ele pode ser, levantar-lhe os adormecidos brios, e vir norteá-lo pelo caminho que melhor o conduza pela senda do dever e da honra, e nem este semanário saberá seguir por outro diferente”.
Aviso ao clero: “Ao clero, que ainda representa um grande elemento de força, e bom será que ele não acaricie a veleidade de querer excedê-la, diremos: sem crença, seja ela qual for, a sociedade não pode lutar contra os menores contratempos que a assediam, e assim a julgamos um fator dos de mais importância para o seu bom caminhar; ficando, por isso, bem assente que a respeitaremos como aos seus ministros, quando eles não procurem trair a sua nobre, quase santa e elevada missão”.
Aviso à nobreza: “À outra classe da sociedade – a nobreza – devemos dizer com franqueza que o tempo dos pergaminhos passou; e que não reconhecemos tradições que não assentem em factos de valor, promovendo estes dum saber profundo”.
Aviso ao exército: “Ao exército, onde se acham representadas as classes em que se decompõe a sociedade portuguesa, posto que reduzido a um estado vergonhoso pelos governos da realeza, diremos também: que é ele o defensor da Pátria, e o mantenedor da ordem e das instituições, quer estas promanem daqueles partidos, já por demais experimentados, quer do partido da Democracia, devendo atender-se a que será este o único que poderá ainda limpar-se da crápula e da devassidão, que por aí a escuro medra, tendo também por dever propugnar e defender a nossa ameaçada independência”. “Não queremos com isto levantar a rebelião na força armada, nem esta tem nada em que intervir na vida política das nações, porque só ao povo é que damos esse direito; mas, apenas mostrar que a louca indiferença de todos nos leva já marchando sobre ruínas”.
Pelo mesmo diapasão afina outro jornal republicano, a Voz da Pátria, em 1896: “Entre o latim da Gazeta, o petróleo do Nordeste e a água benta do Norte Trasmontano; e entre a prosa do Moncorvense e a poesia do Mirandez, era de urgente necessidade um jornal que caminhasse na vanguarda da democracia e tivesse de todos um pouco, sem seguir as doutrinas de nenhum; e a Voz da Pátria, cujos fundadores são tudo almas novas, donde os ventos do futuro varreram, há muito, as brumas do passado e as neblinas do presente, saberá conseguir esse fim, na linguagem chã e vulgar, mas pura e sincera, dessa boa gente do trabalho, desses que devem o que são a si próprios sem preocupações de belezas de estilo ou flores de retórica”. “Para as mais modestas classes sociais, para o artista e proletário é que este jornal é criado mais especialmente, porque é nessas classes que o nosso credo tem mais apóstolos e é a elas que mais desejamos orientar, pondo-as a par de verdades que muitos sabem e poucos dizem…”

Intervenção político-social

Apesar das preocupações ideológicas e políticas de caráter geral que enunciámos, os jornais de Bragança do século XIX revelam especial preocupação com as questões políticas concretas relacionadas com a res publica do Concelho e do Distrito. Nesse sentido, a defesa do aproveitamento das potencialidades da região e a reivindicação de investimentos no Distrito por parte da administração central é uma preocupação constante e transversal a todos eles, independentemente da sua orientação ideológica ou da sua filiação partidária. Efetivamente, abundam os textos de intervenção político-social sobre assuntos de dimensão nacional ou apenas de dimensão local. Por isso, iremos agrupá-los nos temas que se seguem: Crítica da classe política e denúncia de escândalos políticos relacionados com a corrupção.
Quanto a este tema, podemos desde já afirmar que a classe política é responsabilizada pelos males do País em geral e da região em particular, levando-nos a concluir que o seu desprestígio não é assunto do nosso tempo, sendo as críticas transversais, uma vez que tanto a imprensa do Partido Progressista, como a imprensa do Partido Regenerador, como ainda, logicamente, a imprensa republicana, afinam pelo mesmo diapasão.
São relatados casos de escândalos regionais, baseados em suspeitas de corrupção, compadrio, ou de puro sectarismo, nomeadamente a propósito do recrutamento militar e das mais diversas maneiras de evitar a chamada dos jovens às fileiras do Exército, quer através do suborno dos médicos da inspeção, quer através das cunhas metidas aos “notáveis”. O Nordeste dirá: “na segunda-feira passada, uns poucos de recrutas do Concelho de Mogadouro, para os quais é axiomático o princípio “o ouro tudo pode”, foram a casa do sr. dr. Barbosa, cirurgião-mor, e de bolsa aberta trataram de ajustar com este cavalheiro a sua isenção do serviço militar”. “O sr. dr. Barbosa [texto ilegível] investe de guarda-sol em riste contra os petulantes argentários, pondo-os no meio da rua à baionetada”. “Decididamente o sr. dr. Barbosa anda em maré de infelicidades”.
E também: “durante o tempo que durou a inspeção dos recrutas dos concelhos de Carrazeda de Ansiães, Moncorvo e Vila Flor, um influente político, residente na Cidade, recebeu nada menos de 152 cartas de empenho!
Não se é político impunemente”.

Primeira página do 1.º número da Voz da Pátria

A Voz da Pátria, por sua vez, em 1896, tenta aproveitar a rivalidade existente entre os dois jornais monárquicos 
de Bragança: “O Nordeste, órgão do Partido Progressista desta Cidade, publicou há tempo um artigo no qual acusava os oficiais de Caçadores 3, que acompanharam o 2.º batalhão do mesmo regimento à África, de haverem arrecadado o espólio pertencente a soldados falecidos nas campanhas das terras de Gaza”. “Em resposta ao Nordeste, a Gazeta de Bragança publicou um outro artigo no intuito de desmentir aquele jornal, dizendo que aquilo que ali se lia era uma infâmia, que os oficiais caluniados haviam de provar o contrário perante os tribunais, etc.”. “Pois até hoje, que nos conste, os oficiais expedicionários de Caçadores 3 ainda não provaram o contrário, nem perante os tribunais nem sequer na imprensa”.

Defesa das potencialidades da região

Este constituiu um dos assuntos mais debatidos pelos jornais de Bragança, monárquicos e republicanos, denunciando o abandono da região pelo Poder Central. A agricultura – nomeadamente a produção do azeite, do vinho e dos cereais e a agropecuária – a indústria das sedas, dos tecidos, a exploração do subsolo e o comércio com a vizinha Espanha são algumas das questões mais vezes referidas.
O Farol Transmontano dará o tom, logo a partir de 1845: “Aqui, aonde com toda a facilidade podíamos melhorar algumas raças dos animais proveitosos, e naturalizar outros; não só de tal não temos cuidado, mas deixamos acabar ou piorar as criações que dantes tínhamos”.
“Aqui, aonde se recolhe uma grande porção de lãs, que poderiam ser manufaturadas na Província, e subministrar o vestuário a seus habitantes; vendemos a maior parte delas aos Comissários dos Estrangeiros, para depois lhes comprarmos os panos e os cobertores”.
“Aqui, onde a indústria serícola mostrou já até que ponto seria capaz de contribuir para a riqueza da Província e do País; deixamos cair em ruínas, não obstante os esforços do Governo, um estabelecimento de filatório, que custou ao Estado muitos contos de réis; fechamos as fábricas de tecelagem, e tratamos a valiosa amoreira com maior desleixo do que pode sê-lo qualquer árvore silvestre de que nenhum proveito se espera”.

Primeira página do 1.º número de A Luz

“Aqui, onde a existência assaz frequente de váriorientos de réis e minerais poderia dar emprego à indústria da mineração e da metalurgia, e oferecer a matéria-prima a muitas artes e ofícios; vamos comprar a estrangeiros o ferro, o chumbo e o estanho, desprezando o que temos em casa”.
“Aqui, onde se colhe uma boa porção do vinho do Douro, onde o azeite de oliveira e os cereais poderiam ser um objeto de grande comércio interno, e até de exportação; não solicitamos as providências necessárias para que aquele preciosíssimo género seja capaz de sofrer concorrência nos mercados estrangeiros, nem curamos da investigação das verdadeiras causas que entorpecem o seu adiantamento e comércio, não cuidamos da benéfica oliveira com a atenção que ela merece, nem indagamos os motivos que têm concorrido para a atual estagnação comercial dos cereais”.
Mais tarde, O Distrito de Bragança, em 1885:
“Em época pouco remota, o seu comércio foi importantíssimo, fazendo transações em grande escala; e a indústria, especialmente de fabrico de veludos, era de bastante importância. Hoje, se bem que a população tem aumentado bastante, e os estabelecimentos sejam em muito maior número, já não há as transações de outras épocas, porque a falta de estradas que a ponham em comunicação com as outras povoações do Distrito conduz os povos a irem comerciar noutras localidades. Da sua antiga indústria do fabrico da seda já nada existe; e de outras indústrias não há nenhuma que possa merecer especial menção. Do resto do Distrito, se excetuarmos a fábrica de panos de seda para peneiras, em Freixo de Espada à Cinta, sem dúvida uma das mais importantes do País, quase se pode dizer o mesmo.”
“O Distrito de Bragança não é pobre; o que lhe falta é um certo número de melhoramentos indispensáveis ao seu progresso. Se houvesse um caminho-de-ferro que as pusesse em comunicação com os grandes centros, e se com este se abrissem outras estradas para diferentes pontos do Distrito, a indústria mineira teria aqui grandes empresas a explorar, porque abundam em todo o Distrito as minas de chumbo, cobre, estanho, carvão de pedra, e outros metais, sem exceção de ricas pedreiras de excelente mármore e jaspe nos concelhos de Miranda e Vimioso. Bastaria a exploração destas minas e pedreiras para que dentro em pouco tempo os ricos negociantes se locupletassem, e os pobres alargassem o acanhado recinto de seus recursos.”
Ou A Luz, em 1888: “Um quadro lacerante deveras é o que nos apresenta Bragança na época atual e no seu futuro. Como todas as coisas, Bragança teve a sua época de crescimento e prosperidade e vemos que agora tem a do seu aniquilamento.
Sendo Bragança uma terra colocada num ponto agrícola, desprezou essa garantia por pouco lucrativa e procurou no comércio e indústria a riqueza de que foi possuidora em tempos que já lá vão”.
“O desenvolvimento industrial da Espanha esfacelou-lhe o primeiro, e o das outras nações, o segundo; por isso vemos essas engenhosas máquinas de finíssimos tecidos de sedas, veludos, abandonadas e até desprezadas.
Recorreu-se à agricultura como último recurso, preferindo-se a do vinho a outra qualquer, atendendo não só às condições do terrenos mas também à facilidade da sua cultura e rendimento. Veio porém o inexorável destruidor das vinhas e eis Bragança precipitada à beira do abismo”.
“A agricultura de outros quaisquer géneros na imensa área ocupada pelas vinhas, a não ser totalmente impossível, é absolutamente difícil”. “Se em vez de administradores dos dinheiros os tivéssemos dos interesses públicos, não seria difícil obviar esta situação, substituindo o atual modus vivendi por um outro”.
“Logo que, como acima dissemos, não podemos sustentar-nos por meio da agricultura, tornem Bragança uma cidade industrial. Replicar-nos-ão que lhe falta a obra-prima, mas triplicaremos que não. O que era Istria, Carrara e outras cidades industriais, pela natureza? E não possui Bragança os mesmos elementos que essas, nas ricas minas de S. Pedro da Silva e mesmo nos seus subúrbios? Possui, decerto.”
O Democrata, em 1896, trata igualmente da decadência económica da região: “Houve tempos, não muito remotos, em que esta Cidade, bem digna de melhor sorte, via os seus naturais enredados como Penélope na sua teia, ou como a filha de Minos no seu labirinto, não sabendo para que ramo da atividade humana, tantos eram eles, haviam de fazer derivar as suas privilegiadas aptidões”.

Exemplos de pequenas notícias e publicidade do jornal O Distrito de Bragança

“Teve aqui a indústria o seu principal empório, muito especialmente no fabrico de sedas e dos melhores veludos, importando-nos pouco com o Génesis ou história do seu aparecimento ou criação em Bragança e em alguns pontos mais do seu Distrito, que não deve repugnar dizer-se que bem podia haver sucedido com a expulsão dos judeus das terras de Espanha, aonde um tão despótico ato se traduziu desde logo por um mal-estar ali geral, que só muito tarde veio a poder remediar”.
“O grande comércio, que ainda há menos de meio século aqui se fazia com a Espanha, era assombroso e ainda por imprevidência desta Nação que, fechando os seus portos a mercadorias que ali tinham um rápido consumo e que então, pelo estrago das suas indústrias, não podiam produzir, estas lhe entravam em cargas aos milhares pela nossa fronteira, devendo considerar-se Bragança como a primeira em depósitos daquelas mercadorias, muitíssimo superior a muitas outras do País e que passaram por mais importantes.”

...CONTINUA...

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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