Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Vem aí mais dinheiro, da União Europeia. Muito mais e com uma larguíssima fatia a fundo perdido. Esta característica tem uma relevância enorme porque com financiamento total e integral a capacidade financeira de cada município deixa de ter qualquer relevância. Já não importa a dimensão nem a folga orçamental nem tão pouco a capacidade de endividamento. Veja-se, a título de exemplo o que acontece em ciência onde os projetos nacionais e da União Europeia são, normalmente, na sua totalidade suportados pelas entidades financiadoras. Essa é uma das razões, sem dúvida, que permitiram ao IPB guindar-se ao lugar cimeiro dos Instituto Politécnicos nacionais e rivalizar com universidades com recursos muito superiores. Nos dois anos que se seguem, vai haver muito dinheiro para financiar projetos desde que sejam bons, de qualidade, sustentáveis, fomentadores do progresso e desenvolvimento. Haja capacidade, qualidade, imaginação e talento.
Não é, não poderá ser, obra de um homem só, em qualquer município, pequeno ou grande. Para ter sucesso terá de ser obra de uma equipa coesa, talentosa e competente. Infelizmente há quem, à frente dos destinos municipais entenda que a defesa dos interesses concelhios passa pelo “despedimento” de colaboradores competentes e responsáveis pois com isso estará, pasme-se!, a fazer poupanças importantes para os cofres camarários.
Mas isto não é óbvio. O discurso arrogante de que se promove o concelho “acabando com algumas mordomias” (qualquer observador atento verificará que as maiores mordomias dificilmente são efetivamente cerceadas), colhe, dá dividendos políticos e, frequentemente, casa bem com a subsequente história do coitadinho a quem os mauzões de Lisboa e até do Porto, retiram os recursos para verdadeiros investimentos tão necessários (se bem que os recursos próprios são, vulgarmente, generosamente usados para festas e folguedos).
Alguma razão para essa justificação cai agora por terra. Dinheiro não faltará para suportar, na totalidade, projetos de qualidade e rentabilidade futura. “Basta apenas” pensá-los, desenvolvê-los, apresentá-los, defendê-los e, claro, fazer com que sejam aprovados. Mas, não pode haver dúvidas nem se podem criar ilusões: vai haver muita competição. E, para isso, é importante reunir boas equipas, congregar os melhores esforços, reunir o maior talento porque, por maior que seja o custo associado, o rendimento compensará largamente. Quem souber rodear-se de técnicos competentes levará vantagem sobre os restantes. Pelo contrário, os que afastam e diminuem quem se distingue, os que excluem quem lhes “faz sombra”, para promoverem a subserviente incompetência, poderá ter algum ganho pessoal (o voto unitário é igual em qualquer um e costuma ser mais fiel, quanto mais dependente), mas as perdas para o concelho serão enormes... Irrecuperáveis.
O maior obstáculo ao aproveitamento da grande oportunidade que a desgraça nos colocou na mão pode estar precisamente na incapacidade de quem tanto se queixa da falta de oportunidades.
Aqueles que só conseguem evidenciar a sua suposta competência, sabedoria e capacidade de pensamento próprio, afastando e subalternizando quem saiba mais do que eles, numa ou várias matérias, podendo com isso “consolidar” o seu poder transitório, igualmente cavam a tumba onde será enterrada a maior oportunidade dos últimos cinquenta anos (e, provavelmente dos próximos)!
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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(Henrique Martins)
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