A transferência da festa de 25 de março, Sr.ª da Encarnação, para o 15 de agosto, Senhora da Assunção, terá acontecido nos finais do século XIX início do século XX, depois da fixação do dogma da Imaculada Conceição, em 1854. Em 1856 o livro de contas da Confraria assinala ainda na rúbrica das despesas a festa de 25 de março e, em 1934 o Abade de Baçal, menciona já o dia 15 de agosto, como o dia da festa da Senhora da Veiga, «muito concorrida de romeiros».
A alteração de datas terá a ver mais com a mudança de mentalidade espiritual, do que com o fenómeno de agosto e das férias dos emigrantes, pois o forte desta para a europa deu-se nos anos 60 do século passado e, como vimos o Abade nos anos 30 já situa a festa no dia 15 de agosto.
A arquitetura interior da capela é sóbria, do barroco final, 1714 a 1746, bastante afetada por xilófagos. Segundo o livro de contas da confraria, de 1795/96 fizeram-se obras, pintura do retábulo, estofar da imagem da Senhora, no valor de 32$000 reis, sendo mordomo António José Borges de Vale Benfeito. No ano de 1804/05, sendo mordomo Francisco Martins, fez-se intervenção em obra, na talha e, alvenaria, no valor de 880$000 reis. Na mordomia de Francisco Rodrigues, no ano de 1806/07, continuam as obras agora para desfazer um arco de cantaria arruinado, no valor de 17$650 reis e, ainda para desfazer o retábulo da Senhora, para amadeirar a capela de novo, no valor de 240$000 reis.
No retábulo predominam motivos espiralados e concêntricos, quatro colunas salomónicas com motivos vegetalistas, ramagens de videira e acanto, entremeadas com figuras de anjos, aves, semelhantes à fénix. Apesar da proliferação de imagens esculpidas, a textura da talha é bastante homogénea. Ao centro destaca-se a imagem da Senhora da Veiga. Nesta estrutura há ainda duas pianhas laterais, encrustadas a quando do último trabalho de pintura, feita por Francisco, de Nogueira. Nestas estão duas imagens de marmorite, a de São Francisco e de St.ª Jacinta Marto. O Sacrário é uma peça recente, adquirida pelo Cón. Abílio Augusto Miguel, pároco de Alfaião [1984/2000], como recorda Manuel Pires.
Na parede norte, no corpo da capela, existe um púlpito e, um conjunto de ex-votos à Senhora. No presbitério no lado norte existe uma pintura a óleo sobre tábua, de São Jorge e o dragão e, no lado oposto a imagem do lavrador a quem Virgem Maria apareceu e, lhe salvou a junta de bois. Andava o lavrador a arar em Sumidague, afirma Manuel Pires, em frente ao castelo dos mouros, próximo a um grande rochedo, repentinamente as vacas espantaram-se desataram a fugir e ficaram dependuradas, presas pelo arado. Pressentindo a desgraça e contando com os seus animais perdidos, colocou a vara aos ombros, olhou para o céu, invocou N.ª Senhora para que lhe acudisse na aflição. De repente, e sem sequer saber como, viu as vacas salvas. Considerando um milagre, de imediato, prometeu mandar erigir uma capela. O livro de contas da confraria assinala em 1786, em Alfaião, havia 75 vizinhos, a confraria, no mesmo período, tinha 188 irmãos e, esta estendia os seus ramos para o exterior, inclusive para a lá da Lombada como refere António, “alfaiate”. A Festa da Senhora da Veiga, 25 de março, o Jubileu dos Reis, 6 de janeiro, o Jubileu de S. João, 24 de junho e, o Jubileu do Espírito Santo, Pentecostes, mobilizavam em cada um destes dias «8 clérigos, para assistência à missa cantada, aos ofícios, à pregação e, às confissões». Para além da enorme importância religiosa das instituições da Igreja, tinham também estas uma função social relevante, a confraria constituía-se como mutualidade, apoiando os associados e, fazendo circular a economia local.
A festa da Senhora da Veiga realiza-se no terceiro domingo de agosto, precedida de novena preparatória. No primeiro dia, à noite, faz-se uma procissão de velas, desde a aldeia até à capela. Este ano sendo atípico, devido à pandemia, não houve procissão da aldeia, as novenas e a missa da festa decorreram ao ar livre, no adro da capela, cumprindo as orientações da Conferência Episcopal e os normativos da DGS.
Esta romaria foi sempre muito concorrida por gentes da cidade de Bragança e arredores que, ao longo dos séculos, vinham a banhos para as águas medicinais de Alfaião.
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