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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

A DEMOCRACIA E OS PERIGOS DO RADICALISMO

Não há nada de novo, inesperado ou insólito nos afloramentos de radicalismo que foram objecto de notícias recentes, agravando a prostração a que nos condenou um Verão de abafar, num ano de vírus saltitantes, anunciando tragédias a cada momento.
De repente, pela calada da noite, meia dúzia de mascarados montaram espectáculo mórbido à porta de uma organização legitimada por décadas de intervenção cívica na sociedade portuguesa, no campo da prevenção e combate institucional a um fenómeno inegável, que constitui indicador de problemas graves no sistema educativo e na realidade social deste país: a persistência surda de segregação suportada na cor da pele, na diversidade cultural, mas principalmente em preconceitos do universo do irracional.
Naturalmente, o fenómeno dos mascarados provocadores não foi uma brincadeira. Corresponde a certa sensação de impunidade que uma democracia não pode permitir. No entanto, é preciso contextualizar o episódio para garantir que não alastre, mesmo que por trás das máscaras estejam, provavelmente, sempre as mesmas caras sem honra nem vergonha.
Sabe-se que a realidade sócio-económica, muitas vezes marcada por desigualdades associadas à origem geográfica e, por isso, à tonalidade da epiderme, requer atenção redobrada por parte dos responsáveis políticos, de modo a evitar a perpetuação de dinâmicas que, mais cedo ou mais tarde, podem revelar-se explosivas, reconduzindo os indivíduos à condição instintiva, ao salve-se quem puder, ao perdido por cem, perdido por mil, sinais de definitiva degradação das sociedades em que vivemos.
Basta olharmos para os E.U.A ou para o Brasil para perceber que as comunidades humanas precisam de se afastar de modelos que, apesar das aparências, continuam a replicar os factores de discriminação, dos guetos suburbanos, das escolas monocolores e, por consequência, dos bairros inseguros, dos transportes públicos de risco, do abandono escolar e das prisões a encher-se de gente com características muito próprias.
Só a verdadeira integração nos pode conduzir a uma sociedade onde os tons da pele se multipliquem, longe dos padrões monótonos da diferença ostensiva. Para isso também é preciso que, do lado de quem sofreu seculares injustiças, haja a necessária serenidade, para que o futuro se construa na partilha, para além do ressentimento, cultivado por protagonistas que não parecem estar preocupados senão com o seu próprio umbigo.
O radicalismo que se alimenta de eventuais culpas, assacadas a determinadas personagens no passado, não parece ter condições de contribuir para um futuro de tolerância e equidade. Valerá a pena que os descendentes dos injustiçados de séculos, não permitam que os enredem nas tramas que a intriga política pode tecer.
Soa estranho que as últimas manifestações antirracistas, no fim de semana, tenham sido consideradas fruto do oportunismo de alguns radicais, exactamente por forças políticas e sociais que têm sido as mais activas relativamente ao fenómeno. 
O problema é real. A solução não passa pela dispersão de esforços, muito menos por permitir que o videirismo contribua para o agravar.
Os radicalismos, que vivem à custa do espectáculo mediático, não têm dado bons resultados num mundo que precisa de homens e mulheres de boa vontade para atingir o desígnio da fraternidade.

Teófilo Vaz

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