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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

O acre e o doce

Na penúltima edição do Mensageiro duas notícias proporcionaram-me dores distintas: uma acre, amargosa, biliosa de um fel de dor descarnada do corpo, a outra de uma doçura a conceder-me alegria originada pela perpetuação da memória do ente querido falecido no mês de Outubro do ano transacto. As duas notícias tresandam a morte, acicatam a realidade – não somos imortais –, bem no fundo o nosso egoísmo lembra o de Matusalém, por isso mesmo, está-nos vedado sabermos o dia da nossa despedida da Terra, não fossemos terra, cinzas, pó, nada mais.

O acre refugiou-se nas papilas gustativas ao ler o passamento de João Sampaio o caçador de acontecimentos, amigo do seu amigo, transmontano torgueiro e duriense escalavrado. Há um fartote de anos recebi um telefonema do João, sem o deixar falar apressei-me felicitá-lo por na qualidade de correspondente do novel jornal Público estar sacar furos jornalístico de tomo no terreno bem calcorreado pela imprensa regional (eu escrevia no O Ribatejo), por isso sabia quão fino e perfurante era o golpe no jornal de referência no qual o Rogério Rodrigues também escreveu. Coincidências!?

O João Sampaio passou ao lado do ditirambo de um não sátiro, sim atento ao êxito de um transmontano dado à escrita de intervenção. O animoso conterrâneo pretendia o meu apoio no intento de criar a casa de Trás-os-Montes em Tomar onde residia e, nas imediações residiam numerosos de trás dos Montes sediados nas redondezas de Vila Nova da Barquinha, Benfica do Ribatejo, Constância, Tancos, Torres Novas e Abrantes por que naquela zona estacionavam várias unidades militares de relevo, nomeadamente o Campo Militar de Santa Margarida, e os Regimentos de Abrantes, Pára-quedistas, Tomar e a Escola Prática de Engenharia. A organização estrutural da Arte da Guerra escoava os jovens vindos das berças à procura de futuro, mantença e ascensão, o propalado elevador social.

Anui ao convite, a Casa transmontana cresceu, multiplicou associados, os actos festivos redundavam em lágrimas e afagos de reencontros, de reavivamentos de relações de amizade e de vária acrimónia (narros acima e abaixo), enfim a ânima transmontana em plenitude.

De forma súbita (para mim) o João perdeu viço, regressou ao terrunho natal, foi desvalido candidato à Câmara de Carrazeda de Ansiães, torpe maleita levou-o a acabar dos dias em Bragança. Irei dar conta do seu finamento a alguns tomarenses, evoco-o singelamente, a Autarquia da Carrazeda deve escrevo Deve lembrá-lo conforme merece.

Ora, a família do saúdoso Rogério Rodrigues, Rogério, entendeu (e bem) prestar sentido preito de amor ao Pedro Castelhano trasladando as suas cinzas para o cemitério moncorvense. O gesto da sua Mulher, filhos e demais parentes fez-me pensar na Antígona, ousou arriscar a vida em defesa do irmão, aquando do passamento do Rogério a par dos que o referenciaram dolorosa e dignamente houve quem o fizesse de modo solerte, invejoso, velhaco, incapaz de esconder rançosos e hipócritas ciúmes literários.

A família, do meu compincha de conversas prolongadas que o Alexandre Manuel e o José Albergaria ouviam alegremente sem meterem a mão no pote da alacridade sulfurosa, escolheram acertadamente o retiro espiritual do amado Rogério lembrando à Câmara local que os filhos ilustres nunca devem ser desconsiderados. Em concreto refiro-me ao busto de Campos Monteiro. O modernaço tratamento por tu não se aplica a quem deu brilho às letras portuguesas!

PS. Ao Mensageiro o meu reconhecimento pelo acre e pelo doce das justas referências.

Armando Fernandes

1 comentário:

  1. Até sempre, prezado amigo e colega, João Sampaio! Com profunda tristeza, tomei conhecimento de que nos deixaste. Sentido pesar solidário à esposa, à filha e mais família.

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