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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 30 de agosto de 2020

As minas que fizeram do rio uma estrada de areia

 Arrastamento de inertes do extinto complexo de Montesinho, em Bragança, causou assoreamento do Pepim. População discorda da exploração próxima em Espanha
Numa década o Pepim 
deixou de ser um rio para se transformar numa estrada de areia. Um caminho que já tem 14 quilómetros e tendência para crescer, com zonas onde a profundidade da água é de um palmo. A culpa do assoreamento do rio, segundo o presidente da União das Freguesias de Aveleda e Rio de Onor, Mário Gomes, é da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), que “nada fez” para resolver o arrastamento das escombreiras das antigas minas de estanho de Montesinho, na aldeia de Portelo, em Bragança, encerradas em 1993. É uma das consequências desta mina de Bragança numa altura em que se discute a exploração de um novo complexo mineiro ao lado, a meia dúzia de quilómetros, em Espanha.
Ano após ano as águas pluviais arrastaram toneladas de areia, mas a maior invasão ocorreu em 2010, quando as chuvas se transformaram num rio de inertes que se acumularam na ribeira do Portelo e no Pepim. “A extensão do areal é tão grande que já chega à aldeia de Baçal”, garante Mário Gomes. Tanta areia junta só tem trazido prejuízos, com cheias recorrentes nas casas ribeirinhas e nas propriedades agrícolas. “As represas estão completamente assoreadas e à cota do paredão, os canais de rega estão entupidos e o moinho este ano não funcionou porque há toneladas de areia no canal”, enumera o autarca ao JN.
A cada chuvada, o problema agrava-se. Mário lamenta que em 10 anos “pouco ou nada se tenha feito” para evitar os estragos dos despojos do complexo mineiro, encerrado em 1993. “As consequências ambientais estão à vista”, apontou. O Pepim foi bonito, ladeado de árvores, propício à fruição para lazer. “Era um rio de trutas, mas a população piscícola tem diminuído drasticamente”, acrescentou.

REABILITAÇÃO FICOU A MEIO

Em 2007, a EDM procedeu à reabilitação do espaço da mina. Uma obra de 1,7 milhões de euros. A primeira fase foi executada. Consistiu em trabalhos de segurança: proteção de poços, selagem de chaminés e de galerias. A segunda fase previa a reabilitação global da zona, incluindo a limpeza do rio.
Nunca avançou.
A Agência Portuguesa do Ambiente tem um projeto para desassoreamento e reabilitação das margens de uma “pequena parte” do Pepim. “Só vai minimizar o impacto visual no perímetro urbano da aldeia de Aveleda, mais nada”, sublinhou Mário. A intervenção não é suficiente para evitar as consequências na freguesia de Baçal, onde três juntas de agricultores viram aprovada uma candidatura a fundos comunitários de 320 mil euros para reabilitação do regadio.
“A montante da represa já há assoreamento e pode agravar-se. Haverá menos água por causa da areia, além da qualidade da água estar em causa, pois recebe sedimentos de metais pesados”, observou o presidente da junta de freguesia de Baçal, Luís Carvalho, que reclama a reabilitação do rio.
Face a estes problemas, os autarcas não poderiam ser favoráveis a uma exploração mineira a céu aberto, como a que está em estudo em Calabor, Espanha, a cinco quilómetros das minas do Montesinho. “A longo prazo quem sofre com a exploração mineira são as populações, que não podem fugir aos impactos negativos, que poriam em causa o turismo de natureza em franco desenvolvimento na zona”, avisa Mário Gomes.

Glória Lopes

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