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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 20 de março de 2021

Descoberta revela que lince-ibérico saiu da Ibérica e colonizou França e Itália há 600.000 anos

 Há 600.000 anos, o lince-ibérico saiu da Península Ibérica para colonizar todo o Sul de França até chegar ao sul de Itália. Há 40.000 anos, e por causas desconhecidas, extinguiu-se dessa zona e ficou limitado à Ibéria, revela novo estudo científico.

Crânio original restaurado digitalmente (esquerda) e recriação do aspecto em vida (direita) do exemplar de Lynx pardinus de Ingarano. (Dawid A. Iurino / Sapienza Universitá di Roma)

Uma investigação liderada por investigadores da Sapienza Universitá di Roma, com a participação do Institut Català de Paleontologia Miquel Crusafont (ICP), descreveu restos fósseis extremamente bem conservados de lince-ibérico (Lynx pardinus) encontrados numa jazida em Ingarano (Itália).

O conhecimento da biologia e ecologia desta espécie icónica tem sido crucial para a sua recuperação. No entanto, a sua história evolutiva e a sua origem como espécie era bastante desconhecida.

Agora, num artigo publicado na revista Quaternary Science Reviews, os investigadores descrevem distintos restos fósseis com 40.000 anos desta espécie na jazida de Ingarano, no Sudeste de Itália. A colecção de Ingarano consiste em 415 elementos, incluindo crânios, mandíbulas e dentes.

O estudo inclui vários crânios extraordinariamente bem conservados que permitiram atribuir os restos à espécie ibérica, graças aos detalhes observados nas imagens obtidas por tomografia computorizada.

Crânio fóssil de Lynx pardinus (direita) e modelo 3D do crânio e a mandíbula (esquerda) obtido mediante tomografia computarizada (Dawid A. Iurino / Sapizenza Università di Roma).

Segundo a equipa de investigadores, há cerca de 600.000 anos o lince saiu da Península Ibérica e colonizou todo o Sul de França até chegar a Itália, onde sobreviveu até há uns 40.000 anos. “Não sabemos quais foram as causas precisas da sua extinção no resto da Europa, mas não estão relacionadas com a actividade humana”, disse, em comunicado, Joan Madurell, paleontólogo do ICP que participou na investigação.

Os estudos de ADN fóssil desta espécie revelam que há 40.000 a 50.000 anos, a sua diversidade genética era já bastante baixa, o que poderá ter limitado a sua capacidade de adaptação a novos ambientes.

Madurell estuda a história evolutiva do lince-ibérico desde 2010. “Até há relativamente pouco tempo acreditava-se que esta espécie tinha aparecido há apenas uns 40.000 a 50.000 anos atrás”, explicou.

Mas em 2015, a descoberta de fósseis de lince com 1,6 milhões de anos numa jazida em Gavà (Barcelona) permitiu constatar que a sua origem remonta a tempos muito mais longínquos. “Acreditamos que há cerca de 1,8 milhões de anos, coincidindo com um período de glaciação, o lince ficou isolado na Península Ibérica”, comentou Madurell. Aqui teve de se adaptar a caçar presas mais pequenas, como os coelhos, e este feito explicaria a redução do seu tamanho corporal em comparação ao lince-boreal que habitava no resto do continente europeu.

Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-situ/Arquivo

Contrariamente ao lince-ibérico (Lynx pardinus), hoje o lince-boreal (Lynx lynx) é uma espécie amplamente distribuída pelas florestas europeias e siberianas. Até meados do século passado ainda viviam alguns indivíduos nos Pirinéus mas acabaram por desaparecer devido à caça.

O lince-boreal é um pouco maior, pesando entre 17 e 20 quilos, enquanto o lince-ibérico oscila entre os 13 e os 17 quilos.

Lince-europeu. Foto: Aconcagua/Wiki Commons

Os exemplares encontrados em Ingarano, todavia, teriam sido bastante maiores do que os actuais que sobrevivem na Península Ibérica nos nossos dias.

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como em perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

Segundo o censo mais recente, a população de lince-ibérico está estimada em 894 animais, foi revelado em Outubro passado. Graças aos projectos ibéricos de conservação da natureza, a população mundial de lince-ibérico conseguiu aumentar, partindo de apenas 94 linces em 2002, isolados em duas populações fragmentadas na Andaluzia.

Helena Geraldes

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