O maior hotel do distrito e um dos maiores no Norte, o São Lázaro em Bragança, está encerrado desde Dezembro e a data de reabertura tem sido sucessivamente adiada, estando agora prevista para Junho.
Marcel Silveira, proprietário da unidade hoteleira, diz que não consegue antecipar quando a situação poderá estabilizar. “Não sei, assusta-me um pouco o novo confinamento da Itália e de outros países, o encerramento das fronteiras de alguns países com Portugal, e isso afasta um pouco os nossos clientes porque trabalhamos muito com agências estrangeiras e com essa indefinição, sem saberem que podem vir, é difícil vender. Achava que nesta altura já estaria a começar a engrenar o novo ano e neste momento não consigo perceber se mesmo em Junho as coisas já estarão normalizadas”, sublinha.
O responsável do hotel afirma que o último Verão foi acima do esperado, mas em 2020 registou menos de metade das 40 mil dormidas de um ano normal. “O último Verão até foi muito acima das expectativas. 2020 foi abaixo do ano de 2019, com perdas de 50 %, mas na minha perspectiva foi o dobro do que estava à espera. No ano passado foram mais os clientes nacionais a passar pelo hotel e a taxa média de dormida, que é de uma noite, subiu para duas ou três noites”, afirmou.
Quem também viu as expectativas alterarem-se foi Manuel Batista que abriu, em Julho de 2020, o alojamento de turismo rural Alformil, na aldeia de Formil, concelho de Bragança, em plena pandemia. Mas mesmo assim afirma que os primeiros tempos foram positivos.
“Foi uma altura complicada, porque era uma incógnita, não sabíamos o que iria acontecer. Em relação ao que prevíamos, que cerca de metade dos clientes chegassem de Espanha, recebemos mais turistas nacionais, 80% das reservas que tivemos foram nacionais e apenas 20% estrangeiros”, sublinha, afirmando que foi “um Verão bom, para o primeiro ano de abertura. No mês de Agosto conseguimos 90% de taxa de ocupação, Setembro ainda foi um mês interessante e a partir de meados de Outubro caiu”, sublinhou.
No entanto, tiveram só três meses de actividades e desde Novembro não registaram mais reservas. Desde aí apenas uma das vertentes do projecto funciona: a enoteca que conta com 21 produtores e 120 referências de vinho das três sub-regiões de Trás-os-Montes.
Em Mirandela, também há quem apesar da crise continue com os investimentos no sector. Cristina Gomes vai abrir um alojamento local na cidade em Abril e está confiante que a região pode beneficiar da procura de destinos menos populosos. “Apesar de ser um ano de continuidade de Covid, acreditamos que será também um ano de oportunidades para o interior, pois reunimos condições para turismo em segurança, únicas. A baixa densidade populacional, alojamentos com poucos quartos, turismo de natureza e ao ar livre e opções de programas, são condições que irão permitir aos visitantes conhecer o interior do país que até agora era descurado em detrimento de grandes centros ou destinos de praia”, acredita.
Em Macedo de Cavaleiros, Eduarda Barroso abriu o turismo Montes do Azibo, em Podence, há sete anos e o último Verão até foi o melhor que já teve, mas admite que têm sido meses complicados. “Tem sido muito complicado. Vivendo da sazonalidade temos de durante os meses que não temos trabalho usar as receitas do Verão. O ano passado tive mais gente que o normal, foi o meu melhor Verão”, afirma, dizendo que já tem muitas reservas a partir de Junho.
O sector turístico com alguma esperança para os próximos meses, mas também ansiedade para saber se o desconfinamento vai prosseguir como previsto.
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