As duas testemunhas, marido e mulher, são parentes e conhecidos de alguns dos arguidos, nomeadamente dos que apontaram, e disseram em tribunal que não assistiram às agressões entre o grupo de Bragança e os quatro cabo-verdianos.
Alegaram que encontraram no local, onde ocorreram os factos na madrugada de 21 de dezembro de 2019, quatro dos arguidos que lhes disseram ter andado à pancada e que tinham, dois deles, as metades de um pau, e um terceiro uma soqueira numa mão ensanguentada. Falaram ainda de um quinto elemento que chegou a estar em prisão preventiva, mas foi ilibado na fase de instrução.
As duas testemunhas pediram para falar, e foi aceite pelo Tribunal, sem a presença dos arguidos na sala de audiências, alegando terem sido anteriormente ameaçados “pelo irmão de um dos arguidos”.
O casal terá sido também das últimas pessoas a ver Giovani com vida, já que testemunhou ter visto passar, na avenida Sá Carneiro, “um rapaz sozinho a cambalear, com a mão na cabeça” e que entendeu tratar-se de alguém “podre de bêbedo”, sem associar aos factos anteriores.
Segundo testemunharam, falaram com os arguidos nas chamadas escadas da Autocarta, onde terão terminado as agressões entre os dois grupos e onde não referiram ter visto nenhum dos cabo-verdianos.
Quando saíram dali e se dirigiram para uma discoteca, mais à frente também na mesma avenida, ao estacionarem, terão avistado o rapaz que mais tarde associaram a Giovani, e que veio a ser encontrado inconsciente poucos metros à frente.
A hora em que terão entrado na discoteca ocorreu pouco depois de um casal apeado ter chamado um carro da patrulha da Polícia, que passava nas redondezas, para um jovem que estava caído. Esse casal desapareceu imediatamente, enquanto os agentes fizeram inversão de marcha, sem o conseguirem identificar, como testemunharam os polícias em Tribunal.
Questionado por um dos advogados se chamou a polícia, o marido disse que não, dissociando-se do casal referido pelos agentes.
As testemunhas contaram que estavam no bar onde começou o desentendimento entre dois jovens de Bragança, que não são arguidos no processo, e dois dos cabo-verdianos e que terá ficado sanado no local.
Um segundo episódio começa já na av. Sá Carneiro, junto a outro bar entre dois dos intervenientes anteriores de cada grupo e envolve depois os quatro cabo-verdianos e outros indivíduos de Bragança que vieram a ser constituídos arguidos e que não são os do desacato no bar.
Os quatro cabo-verdianos, estudantes do politécnico de Bragança, conseguiram fugir das alegadas agressões, segundo contaram os amigos de Giovani, que inicialmente falaram numa queda nas escadas da Autocarta e em julgamento num tropeção, durante a fuga.
Este é um ponto em que as defesas têm apostado por a lesão na cabeça, que causou a morte a Giovani Rodrigues, poder ter sido causado por agressão ou na queda, como apontou a autópsia, que não foi conclusiva.
Os amigos de Giovani continuam sem conseguir explicar como é que perderam o jovem que foi encontrado sozinho caído no chão inconsciente.
O jovem morreu dez dias depois de um traumatismo cranioencefálico e sete homens de Bragança, com idades entre os 22 e os 45 anos estão acusados do crime de homicídio qualificado consumado relativamente a esta vítima, e pelo crime de ofensas à integridade física qualificadas no que se refere aos outros três cabo-verdianos do grupo.
Dos arguidos, três encontram-se em prisão preventiva e quatro em prisão domiciliária.
O tribunal ouviu até agora os sete arguidos, os três ofendidos e cinco de um rol de cerca de uma centena de testemunhas arrolados no julgamento que começou em fevereiro e será retomado em maio, em data ainda a marcar.
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