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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 20 de março de 2021

Bola doce mirandesa já pode ser degustada todo o ano

 A bola doce mirandesa deixou de ser uma iguaria da época da Páscoa e tornou-se num ‘ex-libris' da doçaria do Planalto Mirandês que pode ser degustado ao longo de todo o ano, dentro e fora do país.


A bola doce mirandesa de raiz conventual deixou de ser um fenómeno sazonal e assumiu o papel de produto regional que já é vendido durante todo o ano, em Lisboa, no Porto e outros pontos do país, devido à qualidade que é imposta pelos produtores locais.

Apesar desta mudança, os produtores deste doce que remonta ao tempo dos descobrimentos dizem que a pandemia de covid-19 traz quebras à produção, mas fruto de novas tecnologias os produtos "ainda vão saindo", contudo, em menores quantidades que num ano tido como normal.

"Estamos a aguardar que o processo de certificação da bola doce mirandesa seja concluído. São processos longos e burocráticos. Mas acreditamos no potencial deste produto que é apreciado em todo o país e estrangeiro", disse à Lusa a vereadora do município de Miranda do Douro, Anabela Torrão.

Segundo a autarca, a Bola Doce Mirandesa é "um doce genuíno e um dos ícones gastronómicos do Planalto Mirandês", no distrito de Bragança, "tradicionalmente associado à Páscoa, sendo presença obrigatória à mesa dos apreciadores devido ao seu sabor único e textura diferenciada".

A bola doce é feita com canela e açúcar às camadas, sendo amassada à mão e cozida em forno tradicional a lenha.

Contrariamente à maioria dos folares de Páscoa, a bola mirandesa "é um doce húmido e intenso". A massa, igual à do pão, mas mais fina, é intercalada com camadas de açúcar e canela e o recheio também é feito em camadas.

O seu aspeto "tosco" esconde uma massa "fofa e húmida", graças ao recheio de açúcar e canela que desperta ao olhar dos apreciadores.

Este doce de tempo de Páscoa tem mesmo um certame que lhe é dedicado, entretanto suspenso devido à pandemia, tendo a autarquia de Miranda do Douro apostado na promoção do produto através do Merc@do de Sabores e Saberes Mirandeses, com portes grátis para compras superiores a 15 euros.

Para visitar o Merc@do de Sabores e Saberes Mirandeses basta aceder a www.mercadosaboresesaberesmirandeses.pt.

O envio é válido para Portugal continental, Ilhas (Açores e Madeira) e Espanha, após compras superiores a 15 euros.

Paula Domingues, uma das principais produtoras de bola doce na Terra de Miranda, disse que há quebras acentuadas na comercialização do produto e que o impacto se tenta minimizar através do recurso às novas tecnologias.

"Fazemos bola doce quase todos os dias, mas em tempo de Páscoa é bem diferente. Na Páscoa de 2020 fomos aguentando, este ano as quebras nas vendas são maiores e com mais impacto. Com o confinamento não há circulação de pessoas e as quebras caíram muito", disse.

"Resta esperar que na semana que antecede a Páscoa, as vendas aumentem através da plataforma digital, mas não será a mesma coisa. Não havendo feira e mercados as quebras são muito grandes", vincou a produtora.

O historiador António Rodrigues Mourinho fez um levantamento deste produto e concluiu que se trata de uma peça de pastelaria com origem, pelo menos, em tempos dos descobrimentos portugueses.

"Há registos pelo menos desde 1510, que indicam [esta como] a data mais provável da introdução da bola doce nas mesas dos habitantes do Planalto Mirandês. A tradição foi herdada dos conventos ou de famílias do clero e de gente rica. O povo foi modificando a bola à maneira regional, dando-lhe uma forma e sabor próprio que a distingue da doçaria de outras regiões", referiu o investigador.

Atualmente, há mais de uma dúzia de unidades que fabricam durante todo ano a bola doce mirandesa e que mantêm "fé no futuro", já que acreditam que a situação pandémica será ultrapassada e tudo volte a uma nova realidade, mas na qual as vendas ‘online' serão para manter.

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