A falta de professores substitutos no distrito está a causar constrangimentos. Nalguns casos os alunos chegam mesmo a estar sem aulas mais de um mês. Ricardo Vinhais é um dos jovens que está sem aulas, porque a professora pôs baixa. Frequenta o 11º ano na Secundária Emídio Garcia e está há duas semanas sem Geografia. "A professora de Geografia, neste momento, está a faltar por motivos de saúde. Agora não estamos a dar matéria e vamos ter exame, este ano. Não sabemos como vamos fazer. Estamos sem aula há duas semanas. Não temos tido professores substitutos nem nada. A escola ainda não disse nada".
O subdirector do agrupamento Emídio Garcia admite que este ano já houve problemas em arranjar professores substitutos para as disciplinas de Geografia e Espanhol. No entanto, Carlos Fernandes, diz que este problema já está resolvido. "Geografia é um grupo que é difícil colocar docentes pelo que temos que fazer alguma ginástica para abranger as turmas todas. Ainda agora temos uma situação de uma docente, que foi colocada ao abrigo da lei autárquica, numa autarquia próxima, e tem que exercer as funções nessa autarquia. Tivemos alguma dificuldade em arranjar um professor de Espanhol mas essa situação está ultrapassada".
O cenário repete-se no agrupamento de escolas Abade de Baçal, também em Bragança. A dificuldade em conseguir professores substitutos já não é de agora e parece que se vai manter. Segundo a directora, Teresa Sá Pires, este ano, os alunos do 10º ano estiveram cerca de um mês sem Filosofia. "Tivemos muita dificuldade na substituição de um docente de Filosofia. Foi um horário que já foi a concurso no começo do ano lectivo. Os candidatos não aceitavam o horário. Só no dia 11 deste mês é que houve um candidato que aceitou. No ano passado também tivemos dificuldades com, além de Filosofia, Geografia".
No distrito a média de idade dos docentes é superior a 50 anos e prevê-se que nos próximos anos grande parte entre para a reforma. Para o agrupamento de escolas de Macedo de Cavaleiros este cenário já começa a ser preocupante, visto que até ao final de Dezembro cinco professores se irão aposentar, refere o director, Paulo Dias. "Isto é muito preocupante. As escolas de formação de professores há uns anos que deixaram de ter alunos. Há muitos professores no agrupamento a reformar-se. Prevejo que, até ao final de Dezembro, haja cinco professores a sair por aposentação. Ao longo do próximo ano serão outros tantos, pelo menos".
A dirigente de Bragança do Sindicato dos Professores do Norte teme que não haja condições para repor os professores que vão entrar na reforma. Segundo Teresa Pereira “há cada vez menos jovens a entrar na profissão” e “os cursos de formação de professores estão quase vazios”. A razão estará no atraso na progressão das carreiras. "Candidatar com contratos vai havendo. Embora no distrito haja poucos. Para os quadros é que é mais díficil. Há professores com mais de vinte anos de serviço que ainda não estão nos quadros".
O ordenado, os desgastes e a carga horária serão outras das razões que tornam a carreira pouco atractiva.
Para além da dificuldade em arranjar professores substitutos, os agrupamentos de escolas mostram-se também preocupados com a possibilidade de muitos se reformarem dentro de poucos anos.
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