Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Às vezes a aldeia pesa-me… e o silêncio ouve-se tão persistente como o vento que uiva em noite de Invernia vindo dos lados da Castragosa. A velha mais velha do povoado diz que ouve distintamente, à mistura com o vento, um padre herético gritar: - descalça-me a botaaaaa! Este padre pisou a hóstia consagrada e morreu em pecado mortal. Eu desgraçadamente não tenho o dom de ouvir o padre pecador….só ouço o vento…e o silêncio…e a noite e a minha cadela que ladra por desfastio por não ter mais nada que fazer.
A noite transmontana…a aldeia… os que partiram sonham regressar… amanhar a horta… plantar castanheiros… reerguer a casa. Os que ficamos ganhámos raízes… e a aldeia é somente a aldeia… a casa é onde passamos o Verão breve e o longo Inverno… a lareira arde… mas o frio pesa… muitas vezes na alma. Muito. Às vezes temos a tentação de partir…ir para um lugar onde haja gente… rios… Mas as raízes pesam mais… e de novo ficamos e sem saber por quê aceitamos piedosamente o dogma dos idosos sábios e prudentes: - O mundo deve acabar logo ali, perto da Serra… da Senhora da Serra. E de novo ficamos!
… onde havemos de ir agora! Dizem os meus vizinhos!
Por isso ficamos… talvez o Inverno seja breve… apago o lume… uma coruja pia dolorosamente. Talvez amanhã haja sol!
… engano-me…não é a aldeia que me pesa…é este Novembro… em Novembro regressam todos!
…boa noite!
A noite transmontana…a aldeia… os que partiram sonham regressar… amanhar a horta… plantar castanheiros… reerguer a casa. Os que ficamos ganhámos raízes… e a aldeia é somente a aldeia… a casa é onde passamos o Verão breve e o longo Inverno… a lareira arde… mas o frio pesa… muitas vezes na alma. Muito. Às vezes temos a tentação de partir…ir para um lugar onde haja gente… rios… Mas as raízes pesam mais… e de novo ficamos e sem saber por quê aceitamos piedosamente o dogma dos idosos sábios e prudentes: - O mundo deve acabar logo ali, perto da Serra… da Senhora da Serra. E de novo ficamos!
… onde havemos de ir agora! Dizem os meus vizinhos!
Por isso ficamos… talvez o Inverno seja breve… apago o lume… uma coruja pia dolorosamente. Talvez amanhã haja sol!
… engano-me…não é a aldeia que me pesa…é este Novembro… em Novembro regressam todos!
…boa noite!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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