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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 5 de março de 2022

Ervas místicas | Superstições e crendices

 
Reputo elemento complementar para a seriação dos costumes nacionais enumerar as diversas «ervas místicas», umas constituindo verdadeiros amuletos, outras atributadas de virtude medicinal.

Se bem que, na cantiga referida por Eça de Queiroz

Todas as ervas são bentas
Em manhã de S. João

o certo é que se torna sobremodo arrojado catalogar todas aquelas que de facto o sejam, sob o ponto de vista popular.

Não pode, pois, revestir pretensões a exígua coletânea que damos agora e perante a qual seria justificada a desaprovação dos botânicos, ou ainda, a dos ervanários.

Um dia, Ramalho Ortigão, que soube, como poucos, servir a nossa terra, não teve mão em si que não firmasse um rosário de «sanjoaneiras», onde há quadras, como estas, típicas:

Nos campos d’ Aljubarrota
S. João botou chamados
Para ressurgirem os mortos
Da ala dos namorados.

À beira do mar sentado
S. João tocou trombeta
Para dar noivas aos noivos
Da antiga nau Catrineta.

No claustro d’Odivelas
S. João tocou tambor
Para acordar almas de freiras
Que morreram por amor.

Pois bem! Com não menor carinho pelos costumes humildes do rincão bem amado, eis o que, em jornadas por diferentes pontos, apreciei, quanto a «ervas místicas».

Possível é que a mesma planta surja com dois ou três nomes diferentes, outorgados pelas várias regiões onde lhes colhi a designação.

A destrinça, todavia, não cabe ao escritor que a si unicamente se reserva a tarefa de constatar o facto, pelo que a ele se prende de nobremente tradicional:

Eis, pois: Alecrim, alfádega, alfazema, almíscar, arruda, funcho, erva-doce, erva-cidreira, hortelã-pimenta, maçã camoeza, manjericão, manjerona, malva-rosa, murta, nêveda, limonete, rosmaninho, salva, segurelha, serpão, tomilho, trevo, vergamota.

E não nos despedimos, por enquanto, do inquérito, que prosseguirá a seu tempo.

Severo Portela
Fonte: “Terra Portuguesa”, nº27-28 – Out-Nov de 1918

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