Um biólogo e um realizador de cinema percorreram o Vale do Tua. Produziram uma reportagem em vídeo sobre a fauna e a flora que habita «o rio mais selvagem da Europa». Um filme que alerta para «valores associados ao rio Tua que correm o risco de desaparecer face ao avanço da barragem de Foz Tua».
Durante um mês António e João «perderam-se» na paisagem do rio Tua, inserida num território Património Mundial da Humanidade da UNESCO. António, biólogo e João, realizador de cinema, revisitaram em vídeo a flora e a fauna que povoa o Vale do Tua. Local onde está a ser construída a barragem da EDP. Um empreendimento há muito envolto em polémica, nomeadamente ao nível do impacto ambiental no território, o que inclusivamente suscitou diversos pareceres da UNESCO.
«A ideia de fazer este documentário surgiu quando nos apercebemos do que estava a acontecer no Tua, no Sabor, e com o Plano Nacional de Barragens, em geral. A aidnature.org trabalha na produção de documentários, vídeos, fotografia e informação na área da conservação na Natureza, e este é um acontecimento muito grave a nível ambiental», começa por contextualizar António Castelo.
O biólogo acrescenta que, além disso, «está associado a uma série de outros temas mais directamente ligados às pessoas e à governação de uma região inteira, pelo que ainda mais grave se torna».
Por esta razão, refere que o trabalho pretende informar os cidadãos «acerca do que se está a passar, transmitir factos não só do que se passa no ecossistema como também acerca da obra em sim. Números concretos, posições da UNESCO e do Estado Português relativamente à obra e ao Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial, o que a barragem vai produzir relativamente às necessidades energéticas nacionais, mas cada um tira as suas conclusões».
Explica, por isso, que o documentário pretende «mostrar o que se pode perder caso esta barragem seja construída. Diz-se que há um ecossistema e fauna e flora importante e que é tudo bonito e que tem valor para o eco-turismo, por ai fora. Mas as pessoas não conhecem de facto o que há. O nosso objectivo foi tentar mostrar às pessoas que há de facto estes valores no rio Tua, e que vão mesmo desaparecer se nada se fizer para impedir a conclusão da obra», argumenta.
António Castelo refere que a fauna e flora do Vale do Tua são os protagonistas deste trabalho, sendo que este foca a vida selvagem do rio e o seu ecossistema. «Os outros documentários que conheço sobre o Tua focam mais o aspecto social, a importância da linha de comboio, o impacto económico e social do abandono da linha do Tua e da construção da barragem, nenhum outro tinha focado tanto a vida selvagem propriamente dita, que foi o procurámos fazer neste documentário», afirma.
Uma preciosidade carregada de valor:
António Castelo adianta ainda que o Vale do Tua «é uma preciosidade carregada de valor, que está localizada numa região do país que está em empobrecimento e com o quadro de abandono típico das regiões do interior».
«É um foco de atracção turística numa zona que está já conotada como tal, como é o Alto Douro Vinhateiro, e se fosse bem aproveitado podia reverter esta situação. Uma reserva natural, com empresas de aproveitamento, quer da linha, quer das potencialidades de eco-turismo, turismo de natureza, desportos de aventura, observação de aves, passeios de luxo pela linha num comboio de charme, desenvolvimento de estabelecimentos para acomodar e servir os potenciais turistas, isto tudo seria um foco de atracção enorme, gerador de riqueza e de sustentabilidade», acrescenta.
Por fim, realça que o Vale do Tua «já é e já foi importante, mas a importância que poderia ter daqui para a frente é muito maior do que a que já teve, pois agora além de precioso por si só está a ficar cada vez mais raro, quer na Europa quer no Mundo».
Recorde-se que no Vale do Tua existem mais de 500 espécies de borboletas, dezenas de águias-de-Bonelli, bufos-reais, cegonhas pretas, chascos pretos, falcões peregrinos e abutres, entre muitas outras aves.
Com a construção da barragem, alertam os autores do documentário, outras espécies irão sofrer como os castanheiros, pinheiros e sobreiros (que ficarão submersos) «que cobrem as vertentes sobranceiras ao rio», além da «destruição irreversível de solos agrícolas e habitats ribeirinhos raros, e que criará riscos adicionais de erosão no litoral e provocará uma degradação da qualidade da água».
O documentário foi financiado pelo Partido dos Animais e da Natureza (PAN) e produzido e realizado pela Aid Nature.
Ana Clara; Fotos - Aid Nature
in:cafeportugal.net
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