Frutos do pilriteiro. Foto: Andrew Butko/Wikicommons |
Numa das minhas mais recentes caminhadas pelo parque pude assistir ao trabalho árduo de algumas aves para conseguirem chegar às bagas que se encontravam nos ramos mais finos e frágeis de algumas plantas.
Muitos animais transportam os frutos para os seus ninhos, onde os armazenam para que tenham alimento disponível na altura de hibernar, mas outros aproveitam a sua refeição ali mesmo, para que não percam a oportunidade de saborear aquilo que a natureza lhes pode oferecer.
Os pilritos, frutos carnudos do pilriteiro (Crataegus monogyna), são um exemplo de frutos atrativos, muito apreciados pelas aves e outros animais nesta época em que o alimento é cada vez mais escasso.
O pilriteiro
O pilriteiro pertence à família das Rosaceae, que inclui outras espécies bem conhecidas, como as roseiras, as macieiras, as pereiras e as amendoeiras. Esta pequena árvore ou arbusto é bastante resistente e robusta e pode viver até 500 anos de idade.
Possui uma copa arredondada e é de folha caduca. As suas folhas simples, com margem bastante recortada e de cor verde-escuro e brilhante na página superior e verde mate na página inferior, caiem durante a estação mais fria. Esta estratégia é um mecanismo de defesa que algumas plantas encontraram para melhor resistirem ao frio do inverno, renovando-as na primavera seguinte.
Pilriteiro. Foto: Audrey Muratet/WikiCommons |
Esta espécie, também conhecido como espinheiro-alvar ou espinheiro-branco, tem espinhos longos e aguçados que surgem axilas das folhas.
As pequenas flores perfumadas, de cor branca ou rosada, encontram-se agrupadas em inflorescências, designadas como corimbo – tipo de cacho em que as hastes florais, mesmo partindo de pontos diversos, alcançam todas uma altura semelhante. A floração ocorre intensamente durante os meses de fevereiro e maio. Em Inglaterra é conhecida como Maytree, por a floração ocorrer essencialmente em Maio.
O fruto, o pilrito, é um pomo carnudo, semelhante a uma pequena maçã. Com uma forma globosa ou ovóide, de cor vermelho vivo, só tem um caroço e surge em julho, amadurecendo no outono.
A designação científica desta espécie deve-se à robustez da planta, em particular da sua madeira, e ao facto de as suas flores terem apenas um pistilo. O nome do género Crataegus provém do grego krataios – que significa forte, robusto e monogyna deriva também do grego mono- (único) e de –gyne (feminino), que significa “flor com apenas 1 pistilo”. O pistilo é a parte feminina de uma flor.
O arbusto do coração
O pilriteiro é uma planta nativa da Europa, Ásia e norte de África. Em Portugal é abundante um pouco por todo o país, sendo mais raro a sul. Pode encontrar-se em bosques caducifólios ou mistos, em carvalhais e sobreirais e na margem das linhas de água.
Cresce bem em qualquer tipo de solo, é indiferente ao pH, preferindo solos soltos e húmidos. Dá-se bem em climas quentes, no entanto é bastante resistente às geadas e ao vento, suportando temperaturas negativas bastante baixas. É uma espécie de plena luz, embora cresça bem em zonas de meia sombra.
Pilriteiro. Foto: Stefan Lefnaer/WikiCommons |
Foto: Alicja/Pixabay |
Sem comentários:
Enviar um comentário