(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Quando a Covid 19 nos invadiu e tomou de assalto as nossas vidas, apanhou de surpresa tudo e todos não deixando de lado, obviamente, os autarcas e demais dirigentes regionais. Atarantados, como todos nós, reagiram, a seu modo, pensando fazer o melhor, suponho e facilmente lhes concedo tal crédito, tomando medidas que lhes pareceram adequadas, óbvias, intuitivas, mais fáceis, melhor entendíveis pela população que representam. Tendo sido adotadas, de supetão e inesperadamente, nem todas terão sido as mais adequadas. Seria fácil criticá-las, mas não seria justo. Não vou por aí. Foram tomadas, ponto.
Mas, passados que foram os momentos mais difíceis e tendo havido tempo para reflexão seria bom que se olhasse, caso a caso, para cada uma das ações adotadas e tratar de as revogar, adequar, melhorar ou alterar, conforme o caso que melhor possa servir a população já tão massacrada com tantas restrições e alterações ao normal modo de vida. Cada caso é um caso e não é fácil estabelecer prioridades e precedências. Há casos de gritante urgência e que, estou certo, já mereceram a devida atenção de quem de direito. Mas, urgente ou não, com muita ou pouca prioridade, se de algumas ações não resultarem custos assinaláveis, necessários noutras áreas, nem exigirem esforços significativos e daí resultar benefício justo para alguns, ou, sobretudo, permitir o fim do prejuízo, não há razão nenhuma para que não sejam levadas a cabo as ações que, naturalmente se impõem.
Seria bom que os autarcas que cancelaram todas as atividades culturais por entenderem ser mais adequado usar o orçamento desta atividade em apoio social e outro, prestassem contas, publicamente, da forma como tais “poupanças” foram utilizadas.
Mas, mais do que isso, numa altura em que começa a surgir ao fundo do túnel, a luz da normalidade, houvesse quem pudesse acender na penumbra já um pouco mais clara, alguns focos de luz que, nalguns casos, apenas resulta da boa vontade de o querer fazer. Vou dar dois exemplos concretos, muito simples que acontecem no nordeste.
Tendo sido lançado, um concurso literário, depois de receber os contributos dos autores, foi suspensa a sua conclusão, com o argumento de que não havia condições seguras para reunião do júri e manipulação. Nada disto é verdade pois é seguro manipular exemplares em papel e é possível fazer reuniões usando a internet e os seus variadíssimos recursos. Consequentemente, das duas, uma: ou se completa a competição ou se anula. Suspenso, captura os textos enviados que não podem ser usados pelos autores noutras iniciativas (por estarem pendentes nesta) nem igualmente podem ser publicados pois deixam de ser inéditos. Um prejuízo que não se justifica pois não beneficia ninguém.
Outro caso concreto diz respeito a um prémio literário que estando anunciado na página do município, aponta para a publicação do regulamento numa página inexistente mas que, quando se pergunta por informação atualizada recebe-se como resposta que o mesmo está suspenso. Sem mais. Estando e mantendo-se anunciado é normal que os potenciais autores se sintam ludibriados por, podendo ter obras elegíveis, não as possam remeter aos serviços respetivos.
Sendo difícil entender a drástica diminuição do apoio à cultura, prejudicá-la, de forma gratuita e sem utilidade para ninguém é, seguramente, inaceitável!
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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