Os amantes de caminhadas vão gostar do trilho PR10 Termas de Tuela, no Parque Natural de Montesinho, por tranquilos carreiros rurais, cortados por cursos de água transparente. Saiba mais sobre este percurso pedestre no concelho de Vinhais
Para fazer o trilho de pequena rota PR10 Termas de Tuela é preciso chegar a uma aldeia ancestral no belo Parque Natural Montesinho. Da aldeia de Dine se diz que é discreta, velhinha e esquecida, longe de tudo e de todos, onde só se chega quando a estrada se esgota.
Esta genuína aldeia fica no concelho de Vinhais, a cerca de 30 minutos da capital de distrito, Bragança. Com pouco mais de duas dezenas de casas, umas bem antigas, outras renovadas como casas de férias, a identidade transmontana de Dine repousa nas mãos dos poucos habitantes que restam, sobretudo anciãos de respeitosas cãs.
Apesar de pequena e discreta, a aldeia guarda dois locais que valem muito a pena conhecer, atrás da igreja: os fornos de cal e a Lorga de Dine. Do conjunto de sete fornos que estiveram em laboração até a década de sessenta, foram recuperados cinco, para recordar a tradição local da aldeia, que foi em tempos uma das maiores de cal da região.
Mas o verdadeiro tesouro da aldeia é a Lorga de Dine, uma gruta natural que se pensa ter sido utilizada como cavidade funerária no final do Neolítico e início da Idade do Ferro e Calcolítico. Aqui terão sido encontrados mais de 5500 espécimes, que representam um valioso registo desta fase final da pré-história.
Mas porque muitos dos achados resultaram de escavações clandestinas, que danificaram a própria gruta e fizeram desaparecer grande parte do património arqueológico, hoje a lorga está fechada. Para visitar o local, deve procurar a D. Judite, que vive na casa do lado esquerdo da igreja.
Percurso pedestre PR10 Termas de Tuela
O trilho PR10 VNH Termas do Tuela começa no centro da aldeia, onde o painel informativo nos diz que, ao longo deste percurso circular, é possível encontrar javalis, lontras, toupeiras de água e aves de rapina como o tartaranhão-caçador.
Se no início da caminhada ficámos um pouco apreensivos com o crescimento da vegetação e das silvas, logo o caminho se abriu em direcção à ribeira de Quintela e outros afluentes do rio Tuela. O trilho faz-se em função do vale atravessado pelo rio e das encostas da serra da Coroa, entre as aldeias de Fresulfe e de Dine.
É junto ao leito do rio Tuela, na margem esquerda, que se encontra a fonte termal que dá nome ao percurso pedestre. Resta uma pequena estrutura, com banheiras, tanques e nascentes destas águas sulfúreas aconselhadas para males da pele.
Fiquei maravilhada com este rio, um dos principais do Parque de Montesinho, que nasce na serra Sanabrea da Segundera (Espanha) e depois de 100 quilómetros se encontra com o Rabaçal, dando origem ao rio Tua. Ao longo da caminhada, oferece paisagens maravilhosas e imagino que a sua água transparente seja muito apetecível no Verão.
As águas límpidas do rio Tuela |
Junto ao rio, há alguns troços um pouco mais trabalhosos para quem leva crianças pequenas, mas nada que seja inultrapassável. A rota desvia-se depois do Tuela, atravessando a estrada em direcção à aldeia de Fresulfe, por entre bosques de carvalho-negral tão característicos da paisagem da Terra Fria.
Em Fresulfe, com as suas casinhas de xisto, vai encontrar uma fonte de água fresca, potável, ideal para refrescar os aventureiros e ainda encher os cantis. Li algures que a igreja paroquial tem um retábulo barroco, que não procurámos visitar.
Dali ruma-se novamente a Dine, num mosaico agrícola muito tranquilo, por vezes pontilhado por colmeias e atravessado por estreitos canais de irrigação, que acrescentam o murmúrio das águas aos nossos passos. Mais de oito quilómetros de salutar exercício, para o corpo e alma.
Recanto da aldeia de Fresulfe. |
O percurso circular tem um pouco mais de oito quilómetros |
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