sábado, 22 de maio de 2021

O que queremos ver em flor: Fel-da-terra, hipericão, sabugueiro, papoilas

 Na semana do Dia Internacional do Fascínio das Plantas, que se comemora a 18 de Maio, a Wilder desvenda-lhe as espécies que especialistas no mundo botânico desejam observar. Saiba também o que os fascina e que medidas gostariam de ver aplicadas em Portugal.

Sabugueiro (Sambucus nigra). Foto: Fernanda Botelho
Fel-da-terra (Centarium erythrea). Foto: Fernanda Botelho

Fernanda Botelho é especialista e autora de livros para adultos e crianças sobre as plantas silvestres e os seus usos terapêuticos e culinários.

Wilder: Que planta ou plantas gosta de ver a florir no mês de Maio em Portugal? 

Fernanda Botelho: Gosto de todas mas talvez estas sejam as que me saltam mais à vista: hipericão, fel-da-terra e sabugueiro, papoilas…

W: Porquê?

Hipericão (Hypericum perforatum). Foto: Fernanda Botelho

Fernanda Botelho
: Porque são muito vistosas, comuns e cheias de propriedades medicinais. Chamam-nos da berma da estrada onde não devemos colhê-las para consumo, quer seja para usos terapêuticos ou culinários – como é o caso da flor de sabugueiro (Sambucus nigra) que que se encontra em zonas húmidas junto a linhas de água e com a qual  se confecionam deliciosas bebidas aromáticas.

Com o hipericão Hypericum perforatum faço uma  maceração  em azeite que rapidamente absorve os pigmentos vermelhos da planta e depois vou usando ao longo do ano em feridas e queimaduras e sobretudo em dores ciáticas. Não conheço nada mais eficaz dentro dos remédios naturais.

O fel-da-terra (Centarium erythrea), como diz o nome, é uma das plantas mais amargas que temos em Portugal, para além da genciana, e é usado para tratar problemas de fígado e diabetes tipo 2. As papoilas porque são papoilas e alegram qualquer paisagem e toda a gente as adora exceto os técnicos de limpeza das juntas de freguesia.

W: O que é que considera mais fascinante nas plantas? 

Tudo. As cores, as texturas, as inteligentes estratégias de sobrevivência e adaptabilidade, a forma como desenvolveram mecanismos de comunicação com os seus polinizadores.

W: No que respeita à flora portuguesa, que medidas são hoje mais prioritárias?

Papoila-brava (Papaver rhoeas). Foto: George Chernilevsky / WikiCommons

Modificar a forma como se pratica agricultura convencional e intensiva, com recurso a muitos pesticidas e herbicidas que vão destruindo uma enorme quantidade de flora autóctone, ameaçando muitas vezes espécies em vias de extinção. Educar a população para a aceitação, valorização e reconhecimento da flora espontânea no campo e na cidade. Apoiarmos associações de defesa do ambiente e tornarmo-nos cidadãos ativos informados e intervenientes.

Fernanda Botelho

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