quinta-feira, 20 de maio de 2021

“Palavras Cruzadas”, um projeto de programação em rede para toda a região

 "Palavras Cruzadas" junta municípios e agentes culturais da região num trabalho em rede que contribui para a sua afirmação como lugar de criatividade e relação com as artes. Os espectáculos serão, na sua maioria, apresentados em itinerância pelos três concelhos envolvidos e tomarão sobretudo espaços exteriores associados a museus, monumentos ou edifícios de interesse histórico.

Apresentação do programa com representantes institucionais e responsáveis artísticos dos parceiros envolvidos (Municípios de Vila Real, Sabrosa e Bragança e a Fundação da Casa de Mateus).

“Palavras Cruzadas” é um projeto de programação cultural para a região de Trás-os-Montes e Alto Douro, uma iniciativa dos Municípios de Vila Real, Sabrosa e Bragança e da Fundação da Casa de Mateus, que propõe um programa artístico intenso, sempre em diálogo com o património da Região, a desdobrar-se entre maio e dezembro de 2021. Com produção dos Teatros Municipais das duas cidades, em parceria com o Espaço Miguel Torga e a Fundação da Casa de Mateus, o programa cruza a poesia e a palavra literária com outras disciplinas artísticas, a música, o teatro e a dança, numa digressão por locais, autores e temas do património material e imaterial da região e do mundo.

Entre os espetáculos propostos pelo programa “Palavras Cruzadas”, encontraremos criações originais e adaptações em modo site specific de espetáculos pré-existentes. Poderemos ouvir textos originais e ecos de autores como Camilo, Torga, Aires Torres, A. M. Pires Cabral, António Cabral, Rui Pires Cabral ou Alvaro García de Zúñiga.

Vamos assistir a criações de artistas e estruturas como a Lisbon Poetry Orchestra (com a participação de orquestras locais), André Gago com o Oniros Ensemble, Ana Deus e Alexandre Soares, Jorge Louraço (com Nuno Trocado e Catarina Lacerda), João Garcia Miguel (com Sara Ribeiro), Rui Spranger e Mariana Amorim (Esquiva Companhia de Dança), Adolfo Luxúria Canibal, Rui Oliveira, Sofia Saldanha, Ismael Calliano e as companhias Dançando com a Diferença e blablaLab, em coprodução com o Teatro da Rainha.

As comunidades locais serão protagonistas, não apenas enquanto sujeitos das pesquisas e residências artísticas a desenvolver, mas também através do envolvimento direto em criações como “O Baile”, de Aldara Bizarro, e numa nova digressão do espetáculo em espaço público “Banda à Varanda”.

“Palavras Cruzadas” junta municípios e agentes culturais da região num trabalho em rede que contribui para a sua afirmação como lugar de criatividade e relação com as artes. Os espetáculos serão, na sua maioria, apresentados em itinerância pelos três concelhos envolvidos e tomarão sobretudo espaços exteriores associados a museus, monumentos ou edifícios de interesse histórico, numa espécie de diálogo cosmopolita entre património e criação contemporânea. Palavras Cruzadas é um dos modos de ser deste território.

Este programa é constituído por oito criações originais em estreia e nove adaptações em modo site specific, num total de 37 representações em 17 locais.

Os espetáculos ocorrerão em espaços como Jardim da Carreira, Jardim do Conservatório, Adro da Sé, Vila Velha e Largo da Capela Nova (Vila Real), Praceta Adriano Moreira, Jardim do Centro de Arte Contemporânea, Praça Camões, Corredor do Fervença (Bragança), Capela N. Sr.ª Azinheira, Largo da Praça de Provesende, Largo da Praça de Sabrosa e Espaço Miguel Torga (Sabrosa), além dos Teatros Municipais e vários locais da Casa de Mateus.

Os primeiros espetáculos ocorrem a 29 de Maio no Espaço Miguel Torga e a 2 de Junho no Teatro de Vila Real (Histórias, Poemas e Canções – La Lys War Songs), 9 de Junho em Bragança (Adolfo Luxúria Canibal com Marta Abreu) e 19 de Junho na Casa de Mateus (O Baile, espetáculo com a comunidade dirigido por Aldara Bizarro).

Palavras Cruzadas: resumo dos espetáculos

Criações artísticas originais

Torga: uma viagem pela obra poética de Miguel Torga conduzida pela Lisbon Poetry Orchestra, formação constituída por diseurs e músicos que cruza a poesia com música original interpretada ao vivo. A apresentação do espetáculo envolverá ainda uma orquestra local (de conservatório regional ou outra).

Umbral: Cotovelo é uma estrutura que integra um ensemble de jazz, uma atriz e um dramaturgo. No guião original a desenvolver para este projeto que cruza spoken word e jazz, serão recolhidas histórias de pessoas locais e a paisagem sonora e será feita uma pesquisa à volta das estações e linhas ferroviárias descativadas.

Camilo: Sara Ribeiro é uma atriz que mantém um projeto musical em paralelo, La Negra, que respira teatro e poesia. João Garcia Miguel é um dos mais importantes encenadores portugueses contemporâneos. Juntos, estes dois artistas vão abordar a obra do escritor Camilo Castelo Branco num espetáculo que cruza palavra, música e teatro.

Marandicui: André Gago é um dos maiores atores portugueses, mas é também encenador e escritor. Foi convidado a escrever para este projeto um roteiro impressivo, literário e patrimonial, de Bragança a Vila Real, passando por Sabrosa e Mateus, que apresentará ao vivo em diálogo com a música do Oniros Ensemble, a primeira formação de música erudita contemporânea de Trás-os-Montes.

Inquietação com as voltas do mundo: A Esquiva, companhia de dança, sob direção de Mariana Amorim, trabalha a partir da obra poética e os valores humanistas de Aires Torres, num espetáculo que opera um cruzamento entre dança, música, poesia e artes plásticas.

Poetas de Trás-os-Montes: Ana Deus e Alexandre Soares fazem parte da matriz musical do país. A partir de uma residência artística na região e da leitura da obra poética de um conjunto de autores transmontano-durienses, clássicos e contemporâneos, criarão um repertório pessoal de canções originais.

Cabral: Se falarmos em literatura transmontana, são vários os nomes que nos vêm imediatamente à cabeça, mas há um apelido que nos surge várias vezes: Cabral — António, A.M. Pires e Rui. Rui Spranger propõe-se investigar e criar uma dramaturgia cénica que atravesse a vida e a obra destes três autores.

Documentário Sonoro: Sofia Saldanha, realizadora áudio, e membro do Sindicato de Poesia, uma Associação Cultural que desde Outubro de 1996 trabalha o acto performativo de dizer poesia. A artista trabalhará sobre Miguel Torga.

Adaptação site specific de espetáculos

 Bichos: Uma produção da companhia Dançando com a Diferença com uma coreografia de Rui Lopes Graça baseada obra literária de Miguel Torga.

O Baile, de Aldara Bizarro, com Artur Fernandes (Danças Ocultas) e a participação da Banda de Música de Mateus. Um espetáculo de dança que envolve a comunidade. Uma experiência inspirada no filme homónimo de Ettore Scola e nos antigos bailes de aldeia e de bairro, habitualmente organizados por coletividades, que tinham música ao vivo e que, na sua maior parte, eram o acontecimento mais importante para o grupo que participava e que o organizava. Vamos tomar como matéria as memórias das pessoas concretas que habitam a Casa de Mateus e a comunidade envolvente e recriar, com corpos dançando em conjunto, a história deste território e das pessoas concretas que o tornam vivo.

Banda à Varanda parte do universo das bandas filarmónicas mas almeja novas sonoridades. As bandas representam tradição e identidade mas, a partir delas, podemos alinhavar novos sons e novas visões. A música é contemporânea e da autoria de dois jovens compositores locais, Ângela da Ponte e Fábio Videira. O projeto Banda à Varanda propõe incluir na performance uma banda filarmónica local, a partir de um workshop de uma semana.

Histórias, Poemas e Canções: A La Lys War Songs (cujo nome evoca uma batalha trágica também para a região de Trás-os-Montes) encetou uma longa pesquisa revisitando alguns acontecimentos históricos do século XX, bem como poesia e música de teor pacifista ou reflexivo sobre as desgraças de algumas das principais guerras do último século do milénio passado. Dito em português, cantado em 7 línguas e com poesia de outros tantos países.

As Palavras: Concerto Rui Oliveira para voz guitarra e loop station. Rui Oliveira interpreta autores consagrados da língua portuguesa, como Eugénio de Andrade, Miguel Torga, Ary dos Santos, Vinicius Morais, Natália Correia ou José Afonso, e cria paisagens sonoras onde respiram os poemas e as canções.

O Teatro é Puro Cinema, de Alvaro Garcia de Zúñiga. «O teatro abre os parênteses: os actores-reatores imaginam todo um filme. Criam uma janela que é a de um avião, porque o teatro voa. Com ele o tempo voa e faz-nos voar. Alto. Ao mesmo tempo, dentro de um avião, os passageiros assistem a um filme catástrofe e inventam logo a seguir outro. E o avião cai sobre o teatro em plena representação. Morre toda a gente. Na autópsia abre-se um crânio como quem abre uma caixa de Pandora e fecha-se o parêntese.» (Alvaro García de Zúñiga, Abril, 1999). Estreado no TNDM II em Abril de 1999 com João Cabral, Fernán García de Zúñiga e Sérgio Praia sobre cena e Ana Zanatti, Fernando Lopes, Fernando Mascarenhas, Maria João Seixas e Miguel Azguime na tela. Reposição em Janeiro de 2021, em coprodução entre o Teatro da Rainha e blablaLab, com dramaturgia e encenação de Teresa Albuquerque, interpretação de Fábio Costa, Fernando Mora Ramos e José Luís Ferreira, com intervenções televisivas de Maria João Seixas e António Feijó, a participação em filme de Fernando Vendrell e uma poltrona para ver televisão da autoria de Enrico Gaido, com a colaboração de Henrique Manuel Bento Fialho.

Manuelizando o Croupier, a partir de “A Canção do Croupier do Mississipi”, de Leopoldo María Panero. “Manuelizando al Croupier” é uma leitura polifónica, multilíngue e orquestrada à boa maneira “Manuel sur scène”, inventada por Alvaro García de Zúñiga, para os seus próprios textos. Desta vez a obra em cena é “A Canção do Croupier de Mississipi”, de Leopoldo María Panero (1948-2014) lida por um elenco de 5 a 7 leitores de cada vez, nas versões original, em castelhano, e portuguesa. Os intérpretes serão escolhidos na Região, considerando o bilinguismo da proposta e o cruzamento de artistas e não artistas. A leitura estreou em 2019 na programação do Instituto Cervantes de Lisboa para a Noite da Literatura Europeia e na programação das Festas de Lisboa de 2019 no Centro Galego de Lisboa (R. Júlio de Andrade 3, 1150-206 Lisboa). A leitura tem uma duração de 15 min. Apresenta-se em quatro sessões sequenciais, para públicos diferentes, numa sessão com a duração total de 1h45.

Adolfo Lúxuria Canibal / Marta Abreu: Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) criou espetáculos de spoken word, em nome próprio ou como Estilhaços. Neste novo projeto, junta-se a Marta Abreu, ex-baixista das Voddoo Dolls, que é responsável pela eletrónica sobre as quais Adolfo declama poemas da sua autoria de autores dos quais é fã.

Palavras do Cacimbo: Ismael Calliano (Maputo, 1991) vive em Portugal desde os oito anos. Actor e diseur, é um dos escritores e poetas do grupo que emerge da cave do Pinguim Café. O espetáculo que agora apresenta, Palavras do Cacimbo, é uma viagem poética pelos diversos países da CPLP, fundindo as diversas tradições de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné, Moçambique, Portugal e São Tomé. André Martins assina o acompanhamento musical.

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