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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 22 de maio de 2021

São Pedro Velho - Terra de Afetos e Valioso Património

Ti Maria Fontoura.
 São Pedro Velho… Nem sei bem por onde começar, tão grande é o volume de informação recolhida nesta encantadora aldeia do município de Mirandela, distrito de Bragança, encaixada no Nordeste transmontano de Portugal. Pelo começo – dir-me-eis vós – ávidos de desejo para saberdes um pouco mais. E direis bem! Tudo na vida tem um começo, qual ponta do fio do novelo que urge desenrolar.

Carlos Pires, Presidente da Junta de Freguesia, há muito me vinha desafiando para que fosse conhecer a sua terra.

Meus caros amigos: essa hora chegou!

Apareci na aldeia e, em jeito de turista, fui fotografando e perguntando tudo quanto a curiosidade me permitia, tendo por anfitrião o Sr. Presidente da Junta de Freguesia. Recolhi várias horas, em gravação, de histórias e tradições deixadas cair no tempo, que urge escrever sobre elas e - aqui entre nós - seria muito bom que se reativassem, lhes voltassem a dar forma e vida.

Residência da família Cunha.
O valioso Património Imaterial, que as tradições seculares nos aportam, é a alma de um povo. E um povo sem a alma a rebrilhar vai entristecendo.


Fiquei sabedora de que o momento alto desta terra era passado no domingo gordo, ou seja, o domingo anterior ao Carnaval. Nesse dia, celebrava-se a Serrada das Velhas, a Repartição do Burro e os Casamentos. Em outras datas, faziam a Festa do Galo na escola, Encomendação das Almas, Desfile Carnavalesco, os Santos Populares com bailaricos e cascatas em cada zona da aldeia. Quanta animação havia nesta pequena aldeia.

Ti Maria Fontoura e Ti António Cunha.
Encontrei casas belíssimas, restauradas a preceito, não fugindo à traça original; um tanque forrado a azulejo (invocando: a Ponte da Pedra, Romana, Monumento Nacional, que separa esta freguesia de Torre de Dona Chama; e, também, os trabalhos agrícolas em que ainda hoje é forte); casas recheadas de utensílios, divinamente restaurados e conservados – ao jeito de museu de curiosidades; um lagar de azeite, bem antigo, que me fascinou; o aqueduto para irrigação de terras agrícolas, a nória que o alimentava e o pontão sobre o ribeiro; a belíssima Igreja de São Pedro do séc. XVIII; vi tantas outras coisas que me deslumbraram e cativaram.


Mas, hoje, não irei seguir a linha que me vem regendo. Quero partilhar convosco algo que senti, bem no fundo do meu coração, e dediquei a uma Nobre Senhora: Ti Maria Fontoura.

FLOR SEM AVISO

Na luz do teu contagiante sorriso,
Prendi meu coração e velas ao vento;
Gritei, à humanidade, o novo alento:
- Busco candura numa Flor Sem Aviso!

Em teu mar de prata, e olhar azul profundo,
Serenei a rebeldia dos dias de fogo.
Ah, minha rebeldia! Senhora, vos rogo:
- Tende piedade desta alma do mundo!

Perdida de mim, e sem outro pensar,
Encontrei-vos em doce e sereno lar.
Largo madrigal me recebeu em clamor.

Vestida de paz e voz melodiosa,
Abraço contagiante - Senhora Formosa -
Acolheu-me no seio de seu infinito amor.

Ti António Cunha e Carlos Pires,
Presidente da Junta de Freguesia de São Pedro Velho.
As pessoas com quem tive o privilégio de conversar, fizeram-me sentir em casa como se fosse filha da terra. Acolheram-me com ternura; mostraram-me as suas casas, o seu modo de estar e viver; ofereceram-me de comer e beber - coisa que não recusei; contaram-me histórias de vida e velhas tradições; até me dedicaram poesia espontânea!


E porque esta mimosa aldeia e suas gentes não se esgotam aqui, irei dedicar-lhes outras crónicas.

Texto e fotografias:
© Teresa do Amparo Ferreira, 21-05-2021

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