A decisão foi tomada pela Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes.
Paulo Fernandes é responsável de um grupo de concertinas de Torre de Dona Chama e disse que mais uma vez lhe estão a cortar as pernas.
“Não concordamos, repudiamos até. Já vamos para o segundo ano em que não podemos trabalhar”, afirmou.
Para Paulo Fernandes as autarquias deviam prestar mais apoio aos empresários deste sector e afirmou que há possibilidade de haver eventos seguros ao ar livre.
“As câmaras municipais se colaborarem connosco podem criar-se espectáculos em segurança. Estando ao ar livre, estando as pessoas com máscara, estando as pessoas distanciadas, não vemos nenhum motivo para que os espectáculos ao ar livre não se possam realizar”, explicou.
Daniel Mofreita é proprietário de um grupo musical de Vinhais e também não concorda que sejam proibidos espectáculos ao ar livre enquanto se realizam em recintos fechados.
“Acho que não tem lógica em recintos fechados e não podermos fazer os bailaricos aqui nas aldeias. É complicado. Fizemos investimento e temos o material parado”, acrescentou.
Agente de espectáculos em Bragança, Hugo Ribeiro, entende que com boa vontade era possível chegar a um consenso entre os municípios e os grupos musicais.
“Há muita gente que vive disto, não são só os músicos. E eu penso que conseguíamos realizar um evento que garantisse a segurança de todos. Fácil é dizer que não se faz, agora criar as condições é que é difícil”, disse.
Por Mogadouro, Nélson Pinto tem também uma banda de música popular portuguesa e em 2019 fez um grande investimento, um fardo que a pandemia tornou mais pesado.
“2019 foi ano de enormes investimentos, de uma vida. Estar com o fardo que estou actualmente às costas é muito difícil e duro. Sabia que não íamos voltar a 100%, mas alguma coisa deviam fazer, por mais que não fosse pequenos eventos”, defendeu.
Já Paulo Pereira, de um grupo musical em Macedo de Cavaleiros, receia que a realização de espectáculos este ano possa também comprometer o próximo verão. Ainda assim admite que a pandemia já o obrigou a dispensar funcionários.
“Foram 22 pessoas para casa, parte deles trabalhavam em part-time, mas dependiam desse dinheiro para ajudar no agregado familiar. Mais um ano parado não vai ser muito fácil”, referiu.
Vale a muitos empresários do distrito não viverem exclusivamente da música e terem outro emprego.
Esta medida abrange os nove municípios da CIM Terras de Trás-os-Montes, Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso e Vinhais. Contactado o presidente da CIM até agora ainda não foi possível obter quaisquer declarações.
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