A CIM, da qual o município de Bragança faz parte, deliberou, por unanimidade, manter a proibição de qualquer evento ao ar livre até 30 de setembro nos nove concelhos que agrega, uma decisão que está a ser contestada localmente por grupos musicais e outros agentes ligados, nomeadamente, às festas que animavam o verão no Nordeste Transmontano.
O presidente da Câmara de Bragança defendeu hoje, a título pessoal, como salientou, que “as decisões da CIM nunca serão irreversíveis” e que se a pandemia vier a evoluir de forma favorável nesta região a decisão deve ser reavaliada em função da realidade do momento.
“E se eventualmente, no meu entendimento, vier a evoluir de forma favorável, permitindo que haja alguma possibilidade de organização de eventos, eu creio que ninguém ficará completamente alheado desta realidade e não tome uma decisão eventualmente diferente”, afirmou.
O autarca falava à margem da apresentação da campanha promocional “Bragança Naturalmente” com a qual o concelho de Bragança quer chamar, pelo segundo ano consecutivo, turistas ao concelho e à região.
“Ninguém está interessado em que não haja eventos, quem mais do que nós gostaria que houvesse eventos como tínhamos em anos anteriores? Lamentavelmente a situação que estamos a viver não permite que no imediato isso aconteça, mas creio que há decisões que é sempre possível reverter para responder àquilo que possa ser a realidade sanitária do momento”, sustentou.
O presidente da Câmara de Bragança alertou, no entanto para a importância de todos terem “consciência de que é preferível avançar paulatinamente, com muita cautela, do que estar a avançar rapidamente e de um dia para outro ter que voltar para trás, regredir”.
“É necessário termos o cuidado necessário, se todos nós tivermos esta consciência de que é possível haver, eventualmente alguns eventos, mas que todos temos que ser muito responsáveis, provavelmente se conjugarmos tudo conseguiremos ter alguma coisa a acontecer”, considerou.
O autarca reiterou que defende que as circunstâncias devem ser avaliadas em função a realidade do momento.
“Se tudo acontecer de forma diferente, se a realidade alterar por que razão não havemos de alterar a posição?”, questionou.
A secretária de Estado para a Valorização do Interior, Isabel Ferreira, participou na apresentação da campanha e, à margem da cerimónia, considerou que “há outras formas de recuperar a economia sem ser com grandes eventos”.
“Se nós conseguirmos atrair gente para os alojamentos turísticos com segurança e em pequenos grupos é desejável, até porque estamos a falar de regiões onde qualquer oscilação ou surto tem logo um impacto grande”, considerou.
A CIM anunciou, a 19 de maio, a decisão de não autorizar a realização de eventos até 30 de setembro, nomeadamente as tradicionais festas de verão e religiosas, nos nove concelhos que representa, concretamente Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso e Vinhais.
A medida foi contestada por partidos e associações nacionais do setor e gerou um movimento na região denominado Comunidade de Músicos e Empresários Musicais das Terras de Trás-os-Montes, que tem a correr uma petição contra e ameaça com manifestações e boicote às eleições autárquicas se não for revista.
A CIM Terras de Trás-os-Montes representa nove dos 12 concelhos do distrito de Bragança, onde metade da população já tem pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19.
Depois de um aumento nos últimos dias até aos 50 casos, o boletim das autoridades de saúde, divulgado segunda-feira, dava conta de 37 casos ativos distribuídos por sete dos 12 concelhos da região, a maioria (18) no concelho mais populoso, o de Bragança.
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