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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Elogio envenenado

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Aníbal Cavaco Silva descongelou a bílis acumulada ao longo dos últimos sete anos e veio destilar o rancor acumulado contra António Costa, à reunião dos autarcas laranjas. De um homem a quem o país deu tudo quanto lhe pediu, desde duas maiorias absolutas a duas presidências da República, esperavam-se contributos para ajudar a nação, nestes tempos conturbados em vez de acusações, mesmo que com algum fundamento, sobre a gestão do poder que o povo português sufragou, confortavelmente, há pouco mais de um ano. Assiste-lhe, obviamente, o direito de expressar a sua opinião, como qualquer português, pois vivemos em democracia e com total liberdade de expressão. Mas, para ser sério e honesto como reclama, de forma tão evidente só o poderá ser mais que ele, segundo as suas próprias palavras, quem possa ter nascido duas vezes, as comparações que faz com a atual situação política deveria ter como contraponto não o seu primeiro governo que, é necessário reconhecê-lo, desenvolveu o país e usou bem os recursos europeus, mas o final do cavaquismo liderado por personagens que ficaram bem conhecidas como Duarte Lima, Arlindo de Carvalho, Oliveira e Costa, e Dias Loureiro. É verdade que o (des)governo de António Costa tropeça, a cada semana, em nova trapalhada, confusão e desorientação, mas não deixa de ser igualmente verdadeiro que depois de uma pandemia, uma guerra e num clima de incerteza mundial conseguiu, finalmente, dominar o deficit e contê-lo dentro de limites razoáveis e geríveis. Sendo evidente a arrogância galambista e a prepotência pedronunista, é difícl tomar por conselheiro do interesse nacional quem, no final do seu mandato enquanto primeiro-ministro, só pensou no seu interesse pessoal, na sua carreira política e no lugar que, ansiosamente desejava, ignorando e desprezando tudo e todos, a começar pelo seu próprio partido e o seu mais fiel e dedicado colaborador, Fernando Nogueira.
O pior de tudo foi a euforia laranja à volta das declarações cavaquistas.
Criticas ao governo, seja ele de que partido for, é o dia a dia da oposição e Cavaco também as teve por alguém que, igualmente, foi Primeiro-Ministro, antes dele. E algumas com muita razão, como as eleições seguintes vieram demonstrar. Nos tempos que correm, o que não falta é quem acuse a governação de tudo e mais alguma coisa e, convenhamos, em termos de verrinosidade, já temos quem o suplante e não é companhia nem exemplo que se recomende.
A cereja em cima do bolo foi o “ilustrativo” elogio a Montenegro. Primeiro, pelo termo de comparação. “Tão competente ou mais que eu próprio”, mostrando ao limite a importância que o palestrante atribui à sua personalidade. Atingir capacidades por si alcançadas é feito único, realçável e de valor intrínseco supremo. Acresce a falsidade e hipocrisia com que é feito, pois é óbvio que resulta de uma notória falsa (i)modéstia a que o autor já há muito nos habitou. Ser melhor do que quem nunca se engana e raramente tem dúvidas... será não se enganar e não ter dúvidas nenhumas? Deus nos acuda!
Perante as trapalhices (dês)governamentais o que o país precisa não é de quem as aponte, realce, branda e agite. O que é preciso é de ideias, projetos, intenções propostas que coloquem o país no bom caminho, promovam o desenvolvimento e fomentem o bem estar. Mas como disso, Cavaco nada disse e Montenegro nada acrescentou, o elogio resume-se a um atestado de menoridade.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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