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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 18 de março de 2021

Estudantes do politécnico transformam voluntariado na Cruz Vermelha

 O voluntariado da Cruz Vermelha de Bragança ganhou uma nova força motriz e diversidade de projetos com os estudantes do Instituto Politécnico, alguns dos quais chegam para pedir ajuda e acabam por ficar para ajudar.
Em pouco mais de dois meses, a delegação passou de “zero para 90 voluntários” entre os estudantes do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), 20 dos quais são portugueses e os restantes estrangeiros das diferentes nacionalidades que representam um terço dos nove mil alunos do ensino superior.

O presidente da delegação da Cruz Vermelha (CV), Duarte Soares, destaca “a revolução com a chegada destes jovens” que o próprio foi procurar ao IPB.

A juventude deste médico conhecido pelo trabalho na área dos cuidados paliativos, que assumiu a direção da CV em dezembro, não será alheia à atenção que lhe despertou o “potencial adormecido que havia no politécnico muito forte para o voluntariado”.

“Não tínhamos uma instituição que aproveitasse esse potencial. Bragança é uma cidade que tem uma instituição cheia de juventude”, observou à Lusa, contando que fez uma reunião, em dezembro, com a direção do politécnico.

A diligência deu resultado e os jovens têm aparecido com o conhecimento técnico dos diferentes cursos, desde ciências biomédicas, enfermagem, educação social.

Alguns dos jovens levam também as próprias necessidades, chegam à Cruz Vermelha porque precisam e acabam por ficar para ajudar outros.

É o caso de Carla, de São Tomé e Príncipe, que aos 21 anos frequenta a licenciatura em Educação Social, já foi beneficiária e agora é voluntária.

Os bens materiais ajudam, mas foi também o "apoio de conforto" que ali encontrou que a fez ficar e olhar para as necessidades dos outros.

“Há pessoas que parecem tristes e a gente não liga, as pessoas deviam prestar mais atenção, a pessoa está a precisar de um ombro amigo”, alertou.

Carla já é “quase coordenadora” de um loja social que estão a criar com produtos de diferentes origens, que é difícil encontrarem na cidade, e que será também um espaço de tertúlia e “uma loja de inclusão”, como realçou Emília Oliveira, que aos 30 anos coordena o voluntariado na delegação.

Emília já trabalha na Cruz Vermelha há alguns anos e nota a diferença dos últimos meses com a chegada do novo voluntariado.

“Mudou a carga de trabalho, a motivação, o espírito, a entreajuda, discutem entre eles e criam soluções”, concretizou.

A brasileira Samara chegou em dezembro, é beneficiária e “das voluntárias mais dedicadas”, como constata a direção.

A experiência adquirida já lhe permitiu arranjar trabalho a cuidar de uma pessoa, que articula com os estudos.

Trabalho certo tem já João, o jovem enfermeiro que continuará a integrar as brigadas covid da Cruz Vermelha, que já fizeram “três mil quilómetros num mês” a testar população e escolas.

A instituição tem também um posto fixo de testes e várias respostas sociais, desde protocolos com juntas de freguesia para levar cuidados de saúde ou alimentação às aldeias, o programa operacional de apoio aos carenciados e o combate à solidão dos mais vulneráveis durante a pandemia, em parceria com entidades locais, algumas das quais disponibilizam verbas, outras produtos ou serviços.

A crise pandémica trouxe outros pedidos de ajuda como ferramentas de trabalho, concretamente computadores ou bicicletas para fazer entregas ao domicílio.

A voluntária Miriam, de Angola, está agora a pensar em ações sobre alimentação saudável durante o confinamento.

A delegação passa a ser também responsável pelo novo centro de acolhimento de migrantes, em parceria com a congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, que recebe, na sexta-feira, os primeiros três refugiados.

Outra nova resposta é direcionada para a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero), que encontra na Cruz Vermelha um espaço de apoio e encaminhamento.

A delegação tem quase “meio milhar de beneficiários, 200 dos quais nos programas alimentares”, como indicou o presidente.

Teresa, uma estudante de Baião em Bragança, confessa que quando chegou à delegação de Bragança “foi uma surpresa”.

“Não sabia que englobava assim tanta coisa, pensei que era só ajuda aos mais necessitados”, partilhou.

E as necessidades tanto podem ser de bens, como de cuidados ou de mimos como as massagens terapêuticas da Joana durante os apoios domiciliários ou a concertina da Margarida, que leva para animar os utentes das aldeias.

Silvania faz domicílios e já foi a algumas aldeias, onde, garante, “as pessoas ficam maravilhadas” com o trabalho destes voluntários.

“É voluntário, mas recebe-se sim: a reação das pessoas. Não há melhor que sentir que está a fazer uma boa ação”, diz.

Também para Carla “o pagamento disso é ver a melhoria do outro, ver o outro feliz, principalmente os idosos sozinhos, sem ninguém para conversar”.

“Na conversa, nota-se que eles sentem-se aliviados”, observou.

Dois jovens estudantes, Julhas e Majeda, chegaram há pouco tempo do Bangladesh e são dos mais recentes beneficiários e frequentadores da delegação.

Souberam da Cruz Vermelha por um amigo. Dizem-se agradecidos por se terem juntado ao projeto.

A forma de entreajuda que ali encontraram é diferente do país de origem, como diferente é Portugal.

“Se as pessoas dizem que este país é pobre, eu digo que vão ao meu país ver como é. Vocês vivem como reis e rainhas”, diz Julhas.

foto: CVB

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