Nunca é tarde para revitalizar esta fantástica manifestação cultural.
Na véspera de terça-feira de Carnaval, por volta da meia-noite, dois grupos de homens colocavam-se nos dois pontos mais altos da localidade e, com embudes, construíam um diálogo que ecoava pelas ruas, gerando grande algazarra e entusiasmo no povo, que permanecia atento para saber quem lhe calhava em sorte.
— Quem havemos de casar?
— A Maria Joaquina com o Chico ferrador.
— E o que lhe havemos de dar de dote?
— A mais fina toalha de linho, com que limpamos o cu, para eles limparem o focinho.
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— Quem havemos de casar?
— A menina Beatriz com o Toninho latoeiro.
— Que lhe havemos de dar de dote?
— Uma espalhadoura e um escadote.
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— Quem havemos de casar?
— A Sãozinha com o Paulo chocalheiro.
— O que lhe havemos de dar?
— Uma panela de pressão para com ela cozer o cabrão.
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— Quem havemos de casar?
— A Teresinha com o Amadeu pastor.
— O que lhe havemos de dar de dote?
— Uma panela rota, para com ela cozinhar peidos e arrotos.
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— Quem havemos de casar?
— A Francisquinha da vaca leiteira com o menino Alberto da farmácia.
— O que lhe havemos de dar de dote?
— Um belo penico para com ele fazer um quico.
...
— Palhas alhas, leva-as o vento! Estão feitos os casamentos. Esperamos que deem bons frutos, pelo Entrudo adentro.
Os casamentos realizavam-se em:
Abreiro, Bouça, Guide, Mosteiró, Múrias, São Pedro Velho, Vale de Gouvinhas (concelho de Mirandela);
Agrochão, Celas, Ervedosa, Vila Boa (concelho de Vinhais);
Quintanilha (concelho de Bragança);
Fornos do Pinhal (concelho de Valpaços);
Bornes (concelho de Macedo de Cavaleiros), etc.
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