Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Obviamente que pode acontecer a qualquer um, ter um dia menos bom, uma frase desastrada, uma tirada infeliz, uma ação menos conseguida. Porém, quando se ocupa um lugar com responsabilidades, quando se fala em nome de um grupo eleitor maioritário, um partido com fundadas tradições democráticas e humanísticas e, sobretudo, empossado de poder efetivo e mediático (que, no tempo presente, não é de somenos) será avisado não dizer tudo quanto se pensa e, em complemento, pensar bem tudo quanto se diz. É bem melhor o arrependimento pelo que se podia ter dito e, não o dizendo, ter perdido uma boa oportunidade, do que o contrário. Mesmo quando o “sound bite” parece oportuno, cavalga a onda populista, cai bem em determinada faixa eleitoral que se pretende conquistar, sempre, mas principalmente em vésperas de eleições. Há linhas que é muito complicado ultrapassar porque, uma vez passado para o lado de lá, é difícil regressar e, ficando ali, dificilmente se ganha dianteira a quem as traçou, conhece bem o terreno e vai, indubitavelmente, à frente, faça-se o que se fizer.
Ao ameaçar desalojar alguns dos seus munícipes “sem dó nem piedade” Ricardo Leão quis assenhorar-se da narrativa que, até então, era liderada pela extrema direita. Obviamente que foi logo deixado para trás, não só pelos seus correligionários (inexplicavelmente… ou não… a reação mais branda veio de quem deveria liderar a contestação a tal “ideário), como pelo líder da fação direitista que, de imediato subiu a parada com o seu discurso populista, o seu palavreado de tasca, a sua argumentação de sarjeta, apelando, candidamente, a uma lógica, aparentemente razoável. Pois parece ser justo que quem destrói património público deva ser, de imediato, excluído de qualquer benefício que tenha, proveniente do erário comum. Se está numa casa municipal… proceda-se, automaticamente ao respetivo despejo, sem apelo, nem agravo. “Sem dó nem piedade” acrescentou o edil de Loures na tentativa de, pateticamente, lhe roubar protagonismo, acabando, com tal dislate, sozinho sem agradar a gregos nem a troianos a quem tanto queria cativar.
Mas, que resposta dar ao descarado e perigoso argumentário populista que grassa por aí, ganhando adeptos e desbravando terreno? Pois bem, não é reforçando as suas teses que se combate, não é tentando passar para a sua frente, que se lhes rouba a iniciativa. É afirmando convictamente os princípios de solidariedade, de liberdade e do primado do humanismo, mesmo para com quem possa não os respeitar e, se necessário, usar da mesma lógica argumentativa, quando ela não nos fizer mudar de campo nem renegar as convicções que nos devem nortear. Se, como apregoam, quem vive em casa bonificada pelo estado, quem beneficia, por insuficiência de meios, de oportunidades e de outras e várias injustiças sociais, de ajudas públicas terá de ser de todas elas despojadas se a manifestação de qualquer protesto destruir bens comuns… então quer dizer que, quem viver bem, pelos seus próprios meios, usar casa sua ou alugada, pode partir, queimar, destruir que, para além da pena que a todos cabe por tais atos, nada mais lhes será apontado, exigido ou imposto. Aos pobres tudo lhes há de pesar, em dobro ou triplo, a eles e à sua família… já os ricos podem fazer o que bem lhes der na gana porque quem é forte e justiceiro com os fracos, encolhe os ombros e recolhe a cauda perante os poderosos…
Não será lógico e justo que quem faça desacatos, pague por eles, e só por eles, sem apelo nem agravo, sem qualquer outra penalização para lá daquela que é, a todos imposta por lei?
Ao ameaçar desalojar alguns dos seus munícipes “sem dó nem piedade” Ricardo Leão quis assenhorar-se da narrativa que, até então, era liderada pela extrema direita. Obviamente que foi logo deixado para trás, não só pelos seus correligionários (inexplicavelmente… ou não… a reação mais branda veio de quem deveria liderar a contestação a tal “ideário), como pelo líder da fação direitista que, de imediato subiu a parada com o seu discurso populista, o seu palavreado de tasca, a sua argumentação de sarjeta, apelando, candidamente, a uma lógica, aparentemente razoável. Pois parece ser justo que quem destrói património público deva ser, de imediato, excluído de qualquer benefício que tenha, proveniente do erário comum. Se está numa casa municipal… proceda-se, automaticamente ao respetivo despejo, sem apelo, nem agravo. “Sem dó nem piedade” acrescentou o edil de Loures na tentativa de, pateticamente, lhe roubar protagonismo, acabando, com tal dislate, sozinho sem agradar a gregos nem a troianos a quem tanto queria cativar.
Mas, que resposta dar ao descarado e perigoso argumentário populista que grassa por aí, ganhando adeptos e desbravando terreno? Pois bem, não é reforçando as suas teses que se combate, não é tentando passar para a sua frente, que se lhes rouba a iniciativa. É afirmando convictamente os princípios de solidariedade, de liberdade e do primado do humanismo, mesmo para com quem possa não os respeitar e, se necessário, usar da mesma lógica argumentativa, quando ela não nos fizer mudar de campo nem renegar as convicções que nos devem nortear. Se, como apregoam, quem vive em casa bonificada pelo estado, quem beneficia, por insuficiência de meios, de oportunidades e de outras e várias injustiças sociais, de ajudas públicas terá de ser de todas elas despojadas se a manifestação de qualquer protesto destruir bens comuns… então quer dizer que, quem viver bem, pelos seus próprios meios, usar casa sua ou alugada, pode partir, queimar, destruir que, para além da pena que a todos cabe por tais atos, nada mais lhes será apontado, exigido ou imposto. Aos pobres tudo lhes há de pesar, em dobro ou triplo, a eles e à sua família… já os ricos podem fazer o que bem lhes der na gana porque quem é forte e justiceiro com os fracos, encolhe os ombros e recolhe a cauda perante os poderosos…
Não será lógico e justo que quem faça desacatos, pague por eles, e só por eles, sem apelo nem agravo, sem qualquer outra penalização para lá daquela que é, a todos imposta por lei?
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
Sem comentários:
Enviar um comentário