Apesar de várias exceções, muitos são os comerciantes que, durante pelo menos um mês, são obrigados a estar de portas fechadas ao público.
Inácia Mendes é proprietária de um salão de cabeleireira em Macedo de Cavaleiros e diz-se revoltada por este tipo de negócio estar entre os que o Governo obriga a encerrar:
“Desde o início que temos tomado todas as medidas para assegurar a segurança dos clientes. A Associação de Cabeleireiros Portugal tem estado a lutar para conseguirmos trabalhar. Todos os meus colegas, cabeleireiros e esteticistas, aderiram a todos as normas e cuidados, bem como as nossas clientes.
Sinto-me revoltada por sermos obrigadas a fechar. Entendi em março o que aconteceu, por estarmos a lidar com algo que desconhecíamos. Neste momento, não concordo pois temos todos os cuidados e mais alguns.”
Esta cabeleireira justifica que o serviço que prestam é também importante para dar algum alento às pessoas:
“Nem é só a questão de ser o nosso ganha pão, mas sim de conseguirmos dar algum lento às pessoas. A maior parte anda esgotada do trabalho, ou estão em confinamento e depois sentem-se cansadas, e querem olhar para o espelho e sentirem-se bem. Foi a experiência que tive durante este tempo em que estive a trabalhar. Fomos nós que demos sorrisos e agora tiram-nos isso.”
Paula Carvalho tem um restaurante na cidade e a partir de hoje vai poder apenas trabalhar em regime de take-away e entregas ao domicílio. A empresária não tem dúvidas que este confinamento vai ser pior que o primeiro:
“O primeiro confinamento já foi difícil de passar, este será muito pior. Os negócios têm gente a trabalhar que dependem de nós. Vamos tentar servir para fora, como é nosso costume, e veremos como funcionará. Não olho só por mim, mas também por todas as pessoas que têm casas abertas.”
O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Macedo de Cavaleiros, Paulo Moreira, não concorda com alguns dos critérios de encerramento neste confinamento até porque os estabelecimentos que vão ter de fechar tiveram de se adaptar com regras de segurança:
“Este confinamento vai trazer graves problemas a nível do comércio e das lojas que têm produtos para escoar. Foram cumpridas todas as regras impostas, como o uso de máscaras e álcool gel, e até a redução do número de pessoas permitido nos estabelecimentos. De um momento para o outro, deparamo-nos com um investimento dos empresários e ao mesmo tempo com a condição de terem de fechar. Há aqui alguns critérios que na nossa opinião não são corretos e que vão criar problemas na economia local, especialmente no pequeno comércio. Acredito até que possa haver algum desemprego no meio destas decisões.”
Algumas opiniões de quem por estes dias se vê novamente com limitações ao trabalho, depois de quase um ano de pandemia.
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